(Foto: Lucas Merçon - FFC)

Embora o Fluminense tenha conseguido o Ato Trabalhista (AT) na gestão Peter Siemsen, que consistia basicamente em pegar todos os processos trabalhistas e estabelecer um valor mensal que deveria ser quitado para estas ações, o clube deixou de honrar os compromissos na última administração. Assim que assumiu o Tricolor, Mário Bittencourt criou uma espécie de força-tarefa, com ajuda do jurídico, financeiro e advogados de fora do Fluminense, para refazer acordos com a Justiça do Trabalho e evitar penhoras. Agora, ao lado de Botafogo e Vasco, renegocia as regras do AT.

Na última terça-feira, no início da noite, os vice-presidentes (VPs) Jurídicos de Fluminense, Vasco e Botafogo, bem como o advogado do Sindicado dos Atletas, estiveram reunidos em audiência no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) com o Ministro Corregedor do TST, que cuida também do Ato Trabalhista, debatendo sobre as regras atuais do AT. O NETFLU apurou que a flexibilização do prazo, entre outros pontos, mereceu destaque.

O site número um da torcida tricolor descobriu ainda que, a partir da próxima semana, o processo de governança e compliance começará a ser implementado por Mário Bittencourt, tendo a supervisão dos VPs das áreas responsáveis. Já sobre o encontro da última noite, tanto os clubes, quanto o representante do Sindicato se mostraram satisfeitos com o resultado do Ato Trabalhista como meio eficaz e seguro para o cumprimento das sentenças judiciais e pagamento das verbas trabalhistas. As reivindicações foram muito bem recepcionadas pelo Ministro Lelio Bentes Corrêa.


Sem o Ato, o clube recebe centenas de pedidos de penhora da receita por parte da Justiça do Trabalho. Por isso o Flu ficou tanto tempo sufocado, uma vez que o dinheiro que entrava nos cofres tinha de ser remanejado para quitar penhoras de ações trabalhistas. Exemplo: caso o Fluminense conseguisse um empréstimo de R$ 30 milhões, assim que a Justiça do Trabalho soubesse, boa parte seria bloqueado. Enquanto não “zerar” as ações trabalhistas, o Tricolor segue nessa situação.

Quando se fez o Ato, esse problema foi resolvido porque o Fluminense já sabia que tinha de pagar uma parcela mensal de cerca de R$ 1,2 milhão, deixando livre o restante das receitas. Neste, o clube se comprometeu a quitar em nove anos um total de R$ 121,2 milhões. Ocorre que todas as ações trabalhistas que o clube recebeu após a assinatura do Ato, ainda na gestão Peter, estão de fora desse acordo. Trocando em miúdos, o Tricolor voltou a ter os bens financeiros penhorados. Isso se agravou por conta das más gestões tanto de Peter como de Pedro Abad, no que tange a gerência do fluxo financeiro, tendo como estopim as demissões via whatsapp. Estas, sozinhas, foram responsáveis por R$ 70 milhões em prejuízos.

Na posse de Mario Bittencourt haviam representantes de todas as esferas da Justiça do Trabalho. Este foi um dos movimentos do advogado para conseguir repactuar a situação. O objetivo é reparar o rombo dos compromissos não honrados pelo clube, que geraram passivo fora do Ato Trabalhista. A maior parte dos passos dados nesse sentido são mantidos em sigilo pelo Fluminense.