Até quando, senhores?

Fala, galera!

 
 
 

Após uma sofrida classificação na Copa Sul-Americana para as quartas de finais, diante da LDU, que tanto tirou o nosso sono, voltamos a mais uma competição que também nos impede de dormir tranquilos. Praticamente terminada a 25º rodada do Brasileirão, estamos a três pontos de entrar para a zona de rebaixamento. Vendo o comportamento do time dentro de campo e da gestão, fora dele, me parece uma tragédia anunciada.

Escrevi aqui na coluna há menos de uma semana pedindo união. Torcida, time, comissão técnica e diretoria, para que fortalecer o time e, assim, pudéssemos buscar os 47 pontos que nos garantiriam na elite do futebol brasileiro em 2018. Infelizmente, é difícil. A começar pelas decisões dessa administração. O Fluminense precisando de muito apoio na arquibancada e o marketing mantém os ingressos inflacionados. R$ 50,00 no setor sul, onde se concentram as torcidas organizadas, pulmões da arquibancada, que passam a maior parte do tempo empurrando o time, além de inflamar os setores menos populares. No meio do campo, os bilhetes custavam R$ 40,00. Em tempos de crise e na última semana do mês, um erro manter os valores nessas cifras.

Nogueira em disputa de bola (LUCAS MERÇON / FLUMINENSE F.C)

Dentro de campo, percebe-se um Abel Braga perdido. O treinador do Fluminense tem se equivocado já há bastante tempo. Escala mal e substitui da mesma forma. Nogueira é um zagueiro que, nitidamente, não tem condições de jogar pelo Fluminense. Assim como Renato Chaves. Se pararmos para analisar as estatísticas desses atletas será assustador. No popular, “não ganha uma!”. Se posicionam mal, erram demasiadamente em tempo de bola e entregam para o adversário. Tecnicamente, muito limitados. Henrique está lesionado, mas, no banco, o zagueiro Reginaldo teve atuações muito superiores aos colegas que atuaram nos últimos jogos. Só o Abel não percebe o quão limitado é Nogueira?

O lateral Leo tem como o maior atributo o lançamento de lateral na grande área. Apelidado por alguns jornalistas de “latereio”. Um jogador que tem como principal função arremessar bolas na área com as mãos também não reúne condições de representar as cores tricolores. Lucas, com a pilha fraca, parece estar jogando numa categoria diferente dos companheiros, de masters.

E o que falar da escalação sistemática de três volantes? Acho uma covardia manter Sornoza no banco, com três meias em campo que pouco marcam e pouco atacam. Já Wellington Silva demorou tempo demais para ser barrado. E o Gustavo Scarpa. escalado de ponta direita. Até quando, Abel?

Peter Siemsen comandou o Flu por seis anos

O cenário atual foi sendo desenhado desde os últimos anos da gestão Peter Siemsen. Gastou-se mais do que arrecadava, foram renovados contratos de jogadores consagrados do elenco em valores astronômicos antes do triênio final e, atualmente, a bomba estourou. Pedro Abad, na época, presidente do conselho fiscal, assumiu o clube com um rombo nas finanças, que dificulta ainda mais a organização da casa. Não há capacidade de geração de receitas com patrocinador master, bilheteria ou comercialização de produtos oficiais. O Fluminense contratou Marcus Vinícius Freire para o cargo de CEO e espera-se que, no curto prazo, consiga reverter parte deste cenário, com uma mentalidade mais empreendedora em busca de parceiros fortes. É pra ontem!

Promessa de campanha, Pedro Abad criou uma espécie de comitê, que decide o futuro do futebol. Decisões conjuntas para contratações, dispensas, definição das premissas voltadas a remunerações, entre outras questões do futebol. Lá estão ele, o presidente, Fernando Veiga, como VP de Futebol e Alexandre Torres, no cargo de Gerente de Futebol. Também envolvido, faz parte do comitê, Marcelo Teixeira, gerente da base e do Flu Europa, projeto que tem o Samorin como um dos pilares para a internacionalização da marca e do aproveitamento dos atletas revelados em Xerém.

O jovem elenco tricolor em campo (Divulgação / Fluminense)

Dentro deste contexto, decidiram formar um elenco predominante de jogadores jovens, com um ídolo no comando. O experiente e vencedor, Abel Braga. No entanto, percebe-se que a estratégia não está dando certo e estamos à beira de um colapso, dentro e fora de campo. As “jóias” de Xerém, em grande parte dos atletas disponíveis no elenco, são limitados tecnicamente. Diante da pressão de representar uma nação de mais de 3 milhões de torcedores, de uma camisa de peso, como a do Fluminense, torna as suas apresentações ainda piores.

O Fluminense brinca com a sorte. Sem dinheiro para contratar jogadores que encaixariam no time titular para resolver, a base e o Flu Samorin são vistos como solução. Esses fatores estão afastando o torcedor do Maracanã. Já não bastassem os problemas econômicos, o torcedor quer se sentir representado dentro de campo. Não quer pagar caro no ingresso para ver Nogueira & Cia comentedo falhas sucessivas. O grupo, além de jovem, é muito frágil. Talvez com exceção do Vasco da Gama, se comparado a Flamengo e Botafogo, temos o pior elenco dos cariocas.

Falta também ousadia e criatividade deste comitê para formar um time mais forte. Bons jogadores se pagam. O que eu quero dizer? É que atletas com a capacadidade de resolver, como já tivemos no passado recente, vendem mais camisas, mais ingressos nos jogos e trazem até um bom patrocinador ou investidor.  Temos CT, mas não temos ídolos em campo. Ronaldinho Gaúcho foi péssimo dentro de campo. Porém, fora dele, um tremendo sucesso. Multiplicamos os números de sócios-torcedores e pelo pouco tempo no grupo, a arquibancada estava cheia. É preciso sonhar alto, pensar grande, no tamanho do Fluminense Football Club.

Que o Fluminense consiga se livrar de mais uma ameaça de rebaixamento para que, em 2018, possamos observar e aplaudir decisões mais acertadas. Errar é humano, mas persistir no erro….

Saudações!