Em procedimento aberto pelo Cade para investigar monopólio da Globo, o Palmeiras e outros sete cubes se manifestaram em favor da negociação coletiva de direitos de televisão como mais vantajosa financeiramente. Enquanto isso, o Flamengo defendeu que é mais benéfico o acordo individual por time. Embora com posição mais neutra, o Corinthians indicou que também deve ter mais vantagem econômica com conversas individuais. As informações são do jornalista do portal Uol Esportes, Rodrigo Mattos.

O Cade (Conselho Administrativo de Direito Econômico) abriu um procedimento para verificar se havia desrespeito à Lei 12.529, que trata das questões de concorrência de mercado. Após consultas às partes, decidiu instaurar um inquérito para apurar supostas irregularidades da Globo, entre elas, o monopólio sobre os direitos de transmissão.

No procedimento, o Cade fez perguntas aos clubes da Série A e B sobre propostas das emissoras e sobre detalhes do funcionamento de mercado de televisão. Entre outras questões, perguntou sobre se os clubes preferiam negociações diretas ou coletivas, consensuais ou individuais.

A pergunta foi a seguinte: “Informar qual modelo de negociação – direta ou coletiva, individual ou consensual – mostra-se mais rentável para o clube e se o clube acredita que existam modelos mais vantajosos, inclusive adotados internacionalmente, para a negociação do direito de transmissão dos jogos.”

Pelo levantamento do blog, 16 clubes da Série A responderam ao ofício do Cade. Desses, oito se manifestaram em favor de negociações coletivas de contratos de direitos de televisão: Palmeiras, Atlético-MG, Coritiba, Red Bull, Goiás, Fortaleza, Sport e Bahia. A maioria deles ainda pregou uma divisão de receitas mais igualitária e citou a Premier League, onde o time com maior remuneração pode ganhar até três vezes mais do que o de menor ganho.

O Athletico-PR também indicou preferir uma negociação consensual de clubes, porém ressaltou ser favorável à conversa direta em vez de coletiva (sem intermediação de nenhuma entidade de administração).

O Corinthians teve uma posição neutra, mas indicou que tem mais vantagem com negociação individual.

– Os modelos de negociação individual tendem a privilegiar os clubes com maior apelo popular e, consequentemente, de maior audiência, deixando os demais clubes com participação menor na receita – afirmou o clube, que tem a segunda maior torcida do país.

Já o Flamengo foi mais claro na sua preferência pela negociação individual. Defendeu que “parece mais rentável” o modelo de negociação direta do clube com a emissora de forma individual.

Os outros cinco clubes que mandaram ofícios ao Cade não manifestaram preferência, não responderam à questão ou pediram sigilo sobre suas posições. São eles, Vasco, Grêmio, Botafogo, Fluminense e São Paulo. Outros três times, Internacional, Santos, Ceará e Atlético-GO não têm ofícios registrados no Cade.

Não existe negociação coletiva do contrato do Brasileiro desde 2011 quando houve uma implosão do Clube 13 que atuava neste papel. O Corinthians liderou o movimento para acabar com os acordos de todos os clubes o que teve apoio do Flamengo, entre outros.