(Foto: Mailson Santana - FFC)

Após a vitória do Fluminense por 2 a 0 sobre o Bragantino nesta quarta, pela Copa do Brasil, Roger Machado declarou ser contra a realização da Copa América no Brasil. Para o técnico, o torneio de seleções – que começa no dia 13 de junho – não deveria acontecer, tendo em vista o momento da pandemia, o fluxo internacional de voos e a possível chegada de novas variantes do coronavírus ao país.

Ele também falou sobre atuações individuais de Fred, Caio Paulista, Yago e outros atletas, destacando o desempenho de seus comandados.

 
 
 

Veja e entrevista na íntegra:

Fred

– O Fred tem sido importante, assim como o Abel. Mas especialmente o Fred. No ano que trabalhamos juntos no Atlético-MG, também foi uma temporada de muitos gols. Nas equipes que procuro trabalhar, tenho como referência o jogador que atua à frente, o artilheiro. Vou trabalhar para que ele seja o comandante da área, a válvula para que balancemos as redes. Fico feliz com o ano que ele está fazendo.

O que mudou do primeiro para o segundo tempo?

– As orientações no intervalo foram no sentido de buscar um equilíbrio no meio, com cobertura dos nossos pontas. Equilibrar de um lado quando saltavam Yago, Martinelli e o Gabriel, fechando as costas para impedir que um passe pudesse entrar em gerar dúvida em quem deveria sair. No primeiro tempo, quando conseguimos roubas as bolas no campo de ataque, saltando nossos médios, a gente queria definir o passe de profundidade logo no primeiro momento. Muitas vezes devolvíamos para o adversário.

A gente trabalhou essa inversão de corredor, para entrar pelo lado contrário de onde retomávamos a bola. Esse ajuste no intervalo, conseguimos justamente nessa variável. Retomada por um lado, fazer bater no corredor central e sair novamente do centro para o lado, para que atacando em profundidade pudéssemos chegar ao gol, como chegamos. Trocas foram peças por peças, jogadores mais desgastados. Para terminar com sangue novo em campo.

Atuações de Caio Paulista e Paulo Henrique Ganso

Falei sobre Paulo no último jogo, em que na ausência do Cazares ele passava a ser minha opção imediata. Entrou hoje e muito bem, oferecendo o que ele tem de qualidade. Tenho buscado ajustar o posicionamento dentro do que entendo para a função, um pouco mais desgastante para um meia, jogar num tripé. O Paulo aqui mesmo no Fluminense já jogou de volante com o (Fernando) Diniz, tem capacidade. E com uma qualidade que poucos têm. Quando entrou, achou muitos passes. Se posicionou, roubou bola, para demonstrar que ele está motivado independente do que acontecer.

Caio é quem mais evoluiu em posicionamento tático em campo. Entendeu que precisava evoluir pro que eu entendo nessa função, e trabalhou muito. Ele tem sido decisivo, assim como o Gabriel, pro equilíbrio do nosso meio. Nas inversões de corredor, onde o adversário tenta entrar por um lado, ele divide o campo, ajudando a ser um quarto jogador no meio. Tem muita força para tomar a bola e arrancar. Gosta muito do jogo físico, mas não só disso. Fico muito feliz. Da minha contribuição, tem muito pouco. O que tem é muita vontade do atleta.

Possibilidade de poupar atletas contra o Cuiabá, no domingo, pelo Brasileiro

– Não gosto de usar a palavra poupar, parece que é desprestígio. Torcedor por vezes interpreta mal. Trabalho muito em conjunto com a fisiologia, quero levar pro campo quem estiver melhor. Mas preciso levar jogadores frescos, descansados. Se for necessário fazer isso, podemos escolher essa via. Penso que o tempo de recuperação é adequado. Amanhã vamos receber os dados de recuperação física e ver se é necessário colocar um jogador mais descansado.

Copa América no Brasil

– Tenho ouvido muito falar sobre o momento da realização dela no Brasil. Se fala em hipocrisia, por que se pode um (torneio) e não se pode outro, se o Brasileiro tá rolando. Assim como a vacina, quanto mais gente se vacinar melhor, mais se controla a pandemia. Quanto menos eventos houver dentro do país com estrangeiros, podendo trazer variantes… Não deve ser autorizado, na minha opinião. Deveria ser cancelada. Copa América tem a todo momento, acabou de ter, há dois anos. Não se trata de hipocrisia. Copa do Brasil, Libertadores e Brasileiro já deveriam ser repensados. Agregar mais uma competição não é saudável no momento que vivemos.

Melhora no desempenho de Yago e Martinelli

Quando você tem pelos lados do campo jogadores com pouco mais de pressão na retomada da bola, em que meu volante não precise a todo momento sair do corredor central pra fazer coberturas laterais, sobra energia pra que ele faça o “box-to-box” que se fala há muito tempo. Isso era o que se fazia o nosso outro jogador, que era o 8, que entrava pra dentro do campo e na maioria das vezes empurrava o 10 pra dentro da área. Então esse equilíbrio de corredor lateral que nos proporcionou que tanto o Martinelli quanto Yago pudessem entrar pra dentro do campo e jogar.

Agora, também tem uma sensível diferença quando você adota essa postura com três médios, um dos médios sendo um meia, que é o Nenê ou Paulo Henrique. O sistema proporciona outros tipos de combinação de jogadas na medida que eu tenho um volante centralizado, tenho dois a frente, então eu consigo colocar mais gente do lado da bola, em parceria com o lateral. Eu tenho o lateral, tenho o ponta, o centroavante trancando o zagueiro, tenho esse médio entrando pra dentro do campo. As combinações mudam, então o sistema também permite. Mas as características dos jogadores do lado ajudam nesse novo momento sobretudo ofensivo desses jogadores.