Pretende jogar até que idade?

A princípio, até 42, 43… Não adianta empurrar muito… Se não, daqui a pouco você está lá pra Olaria, dizendo que quer chegar a mil gols.

 
 
 

O que mudou no Magno de 40 anos em relação à juventude?

Minha característica é a velocidade. Caí um pouco, é normal, mas nem tanto. A queda foi mínima.

Mas, no jogo passado, contra o Volta Redonda, o Levir se desculpou, dizendo que não estava combinado que você jogaria os 90 minutos…

Se ele me pergunta, eu digo que aguento, tanto que joguei. Mas, há quanto tempo eu não jogava uma partida de 90 minutos?

Há preconceito contra o jogador quarentão?

Sim, principalmente nos clubes. Querem investir em jogadores de 18, 20 anos, por causa da projeção. Só que existem raridades como eu e o Zé Roberto (do Palmeiras). É cultural. Nem de Magnata me chamam mais. Nem de Magno Alves. Só falam em “quarentão”. Estou aí para deixar as pessoas com a pulga atrás da orelha. Não estou me arrastando.

É a primeira vez em que convive com o banco?

Aconteceu em 99, com a vinda do Túlio. E em 2002, quando o Romário chegou. Mas não como agora…

É difícil?

Vejo como um teste da vida. Preciso me superar e provar para mim mesmo. Com 40 anos, corro mais que muitos jovens. É por isso que me revolto e não paro. Tem muito preguiçoso no futebol. Isso me dá força. Fico achando que vou aguentar até os 45 anos.

Você é o 10º artilheiro da história do Fluminense, ao lado do Ézio, com 119 gols. Com mais cinco, empata com o Washington. Com mais nove, encosta no Preguinho, oitavo artilheiro…

Nove? É possível, né?

Aos 35 anos, Ricardo Oliveira está na seleção. O nível dos atacantes é ruim?

Hoje não é como antes. Havia mais comprometimento.

Neymar está comprometido?

Ele foi pra festa? Qual é o problema? Cada um tem sua vida, desde que jogue… Pode beber tudo, fazer o que quiser fora de campo, desde que corra. Tem que arcar com as consequências.

Ele está em que patamar no mundo?

Tem que amadurecer ainda.Vejo à frente dele o Cristiano Ronaldo, o Messi, o Suarez, o Ibrahimovic…

Quem é o melhor atacante do mundo?

É o Messi, disparado.

Entre os jogadores em atividade, você, o Messi e o Cristiano Ronaldo são os artilheiros com maior número de gols. Acha que os dois já ouviram falar de você?

O Messi já dever ter perguntado pro Neymar. E o Cristiano deve ter perguntado pro Marcelo, que avisou: “É um cara do Flusão, onde eu joguei” (risos). E essa nossa conversa daqui a pouco chega lá no Japão. Hoje em dia, é tudo assim.

Você usa redes sociais?

O Facebook, mas sem vício. Eu uso. Não deixo ele me usar.

O que vai fazer quando se aposentar?

Eu queria cair fora do meio do futebol. Isso me deu status, fama, uma vida. Mas é um meio sujo, cheio de traíras e de gente sem-vergonha.

Houve alguma trairagem com você?

A sinceridade machuca. Não vejo isso diretamente contra mim. Ocorre com todos. Tem coisas que a gente quer falar no futebol, mas tem medo. É um meio de muita politicagem. Mas eu nunca tive problema com ninguém.

Fez mais amigos do que inimigos no futebol?

Não sou de criar confusão. Só fui expulso uma vez, contra o Palmeiras.

Qual foi o principal craque com quem jogou?

Romário, e, sem querer puxar o saco, o Fred… Posso dizer que joguei com o Ronaldinho… E quem não quer dizer, no fim da carreira, que teve o privilégio de jogar com o Ronaldinho?

Vai ficar triste quando parar?

Eu tenho cabeça. São 23 anos fora de casa.

Se o Fred fosse embora, você teria mais chances de ser titular. E agora?

Tenho felicidade porque voltei a jogar uma partida inteira (contra o Volta Redonda). Não acho que seja a mesma posição. Não me sinto um centroavante. Além disso, assim como tive minha oportunidade, acho que ele não vai jogar as partidas inteiras. Penso no grupo. É bom para a gente que ele permaneça.

Você é amigo do Fred?

Ah, esse negócio de amigo… O que é ser amigo? Eu me sinto… Me sinto amigo das pessoas. O contrário eu não sei.