Fluminense liderou processo de profissionalização do futebol

No dia 29/8/1932, reúnem-se na sede do Fluminense os representantes dos sete principais clubes da AMEA (Associação Metropolitana de Esportes Athléticos): Fluminense, Flamengo, Vasco, Botafogo, América, Bangu e São Cristóvão. Em pauta, a adoção do profissionalismo no futebol carioca.


 
 
 

O presidente tricolor Oscar Costa expõe o ponto de vista do clube. A insatisfação com o falso amadorismo vigente e a necessidade de buscar outros caminhos para o desenvolvimento do esporte. Os demais clubes se mostram hesitantes, mas aceitam a criação de uma comissão para estudar a questão e elaborar um anteprojeto para a implantação do profissionalismo.

São nomeados para a comissão Arnaldo Guinle, patrono do Fluminense e principal entusiasta da adoção do profissionalismo, Ary de Azevedo Franco, dirigente ligado ao Bangu e Antônio Avellar, presidente do América.

Durante cerca de três meses a comissão trabalhou no mais absoluto sigilo, inclusive estudando regulamentações de outros países, adaptando-as às particularidades brasileiras, até chegar o mês de janeiro de 1933, quando se torna público o estatuto da futura liga de profissionais.

No dia 18/1/1933 dirigentes de Vasco, Flamengo, São Cristóvão e Botafogo reúnem-se na sede deste último e firmam a posição de manterem-se amadores.

Os quatro clubes redigem uma carta endereçada a Oscar Costa, informando-o da posição adotada. Nesta carta, destaca-se o seguinte trecho: “Depois de longa meditação chegamos à conclusão de que a implantação desse regime (profissional) nos levaria à mais completa ruína”.

Três dias depois, uma reviravolta: contrariando a posição firmada por seu presidente, o conselho deliberativo do Vasco, por 51 votos contra 15 (e 5 votos em branco), determina que o Vasco deve seguir o caminho do profissionalismo.

No dia 23/1/1933, em reunião realizada na sede do Fluminense, é fundada a Liga Carioca de Futebol Profissional. A reunião conta com a presença de representantes dos sete clubes, mas Botafogo, Flamengo e São Cristóvão se retiram da mesma. Fluminense, América, Bangu e Vasco são os clubes fundadores da liga.

“O ano de 1933 vai marcar uma nova era para o nosso futebol. Técnica e moralmente”. “A Liga Carioca constitui o futuro do Brasil esportivo. A AMEA reflete um passado em que o falso amadorismo imperou”. Palavras de Oscar Costa, presidente do Fluminense e um dos líderes do movimento de profissionalização

Em fevereiro, uma embaixada da Liga Carioca de profissionais, formada por Oscar Costa e Antônio Avellar, vai à São Paulo e no dia 8 se reúne com representantes de todos os clubes fundadores da APEA (Associação Paulista de Esportes Atléticos) para tratar do assunto profissionalismo. Mais tarde, seis fundadores da APEA assinaram os termos da criação da divisão profissional em São Paulo: São Bento, Santos, Corinthians, Palestra Itália, São Paulo e Portuguesa.

No dia 13/2/1933 os clubes da AMEA se reúnem e decidem desfiliar os quatro fundadores da liga de profissionais.

Em abril de 1933 são realizados os primeiros jogos de futebol profissional no Rio de Janeiro. O Fluminense estreia no dia 16 de abril, empatando por 4×4 com o Corinthians, no estádio das Laranjeiras.

Em fins de maio de 1933, Flamengo, São Cristóvão e Carioca abandonam o campeonato de amadores da AMEA, já em andamento, e filiam-se à Liga Carioca de Futebol, aderindo ao profissionalismo. O Flamengo, ainda a tempo de ser incluído no campeonato da primeira divisão daquele ano.