maracanaO primeiro contrato firmado pelo Fluminense com o Maracanã era motivo de desconfiança. Rapidamente mostrou-se interessante para o clube que lucrava e não tinha gastos. Porém, ano passado houveu uma alteração nos termos e o Tricolor começou a ter prejuízo, de acordo com Humberto Menezes, membro do Conselho Fiscal do Flu.

Ele revelou que o Tricolor tem de pagar R$ 10,37 por cada sócio da modalidade 100% futebol presente em jogo. Isso proporciona um gasto de aproximadamente R$ 10 milhões em 2015 –  valor não previsto no orçamento elaborado no começo do ano passado. A direção alega benefício: aumento de R$ 2,5 milhões no lucro obtido nas partidas.


 
 
 

– O Fluminense passou a pagar custos do Maracanã. E custos altos. O presidente do clube, além de tomar uma atitude fora do contexto administrativo e financeiro, não tinha nenhum centavo previsto no orçamento para o Maracanã. Ele fez um compromisso com o dinheiro do Fluminense sem ter autorização. Isso é gravíssimo. Isso pode gerar até impedimento. Ele trouxe prejuízo aos cofres do Fluminense. O orçamento previa apenas R$ 825 mil, gastos com logística de jogos. Foi pedido suplementação com despesa ao Maracanã. Sem explicar o motivo. Além disso, o Fluminense paga R$ 10,37 por cada sócio futebol 100%. O que não pagava. Juntando as despesas, o custo beira R$ 10 milhões – afirma Humberto, que continua:

– O presidente Peter, ao fazer o contrato do Maracanã, não consultou os poderes do clube. Mesmo presidente, não poderia fazer um contrato tão longo, invadindo tantas gestões futuras, sem consultar os demais poderes do clube, o Conselho Deliberativo e o Conselho Fiscal. Alegava que o contrato era muito bom, que o Consórcio exigia confidencialidade. Sob essa alegação, foi aceito. Com o passar do tempo, eu e demais conselheiros confirmamos: o contrato, realmente, era bom. Dava lucro. Fluminense jogava lá, não gastava nada e trazia renda para casa. Apesar de ter sido feito fora dos padrões definidos pelo estatuto, era vantajoso. Acabamos engolindo a forma. Não polemizamos tanto o assunto. O contrato inicial era custo zero ao Fluminense. Porém, em 2015, o presidente do clube, mais uma vez, sem consultar ninguém, decidiu mudar o contrato. Desta vez, houve prejuízo. Ele justificou no Conselho Deliberativo que entendeu a dificuldade financeira do parceiro. Ora, entender dificuldade da Odebrecht? A Odebrecht, financeiramente, é muito mais saudável. Por que o Fluminense teria de abrir mão de receita para equilibrar um contrato? Se a Odebrecht acha ou achava que o contrato estava desequilibrado, que procurasse os meios legais. Era esse o caminho.

O contrato com o Maracanã, estabelecido em 2013, é válido por 35 anos. Inicialmente, o Fluminense vendia ingressos atrás dos gols e o consórcio, nas áreas centrais. Não havia custo do clube com despesas. Na nova combinação, todas os setores são divididos entre as partes. No rateio, o Flu fica com 55% do bolo. E o consórcio passou a ter participação no lucro de 20% a 50% das novas adesões de sócios.

Em dificuldades financeiras, a Maracanã S.A., nos dois primeiros anos de funcionamento, teve prejuízo: R$ 48 milhões em 2013 e R$ 77 milhões em 2014, conforme balanço financeiro. Por isso, a tendência é a que devolva a operação do estádio para o Governo. Mais de 75% de seus funcionários foram demitidos.


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