O repasse dos valores das cotas de televisão sobre as transmissões dos jogos dos clubes de futebol não tem agradado alguns clubes nos últimos anos. Responsável pelo montante, o Grupo Globo viu uma concorrência surgir e colocar em risco um trabalho de décadas. Em entrevista ao LANCE, o diretor direitos esportivos da emissora, Fernando Manuel Pinto, explicou as mudanças nos contratos para o período de 2019 à 2024 e falou sobre a insatisfação de algumas instituições. 

– Gostaria de enxergar como um processo de transformação. A mudança de 2019 para 2024 foi uma mudança promovida durante um processo de renovação muito trabalhoso e conturbado com a concorrência, que de forma legítima buscou e até parabenizo pela iniciativa de ter buscado se envolver com o futebol brasileiro e investir. Esse processo funcionou como unir o útil ao agradável. O útil com uma nova abordagem de contratação, mais baseada em equilíbrio, meritocracia esportiva e comercial, e por combater a concorrência do ponto de vista comercial e manter os direitos, com o agradável de promover dentro desse ambiente o debate sobre o modelo. Enxergo esse novo modelo como um grande avanço de preocupação com a distribuição de recursos, porque, na prática, você vai verificar que 2/3 dos recursos empregados pela Globo no futebol vão estar ligados a critério de igualdade, que são 40% da verba de televisão aberta e fechada, ou ligados a aspectos de meritocracia esportivo e comercial, sendo 30% dependente do número de vezes que o clube será exibido e nada relacionado à audiência, e 30% baseado no desempenho final do clube na competição. Tem muito esforço para usar essa mecânica para equilíbrio, já que 1/3 da quantia desse bolo, estimo, que será alocado para pay-per-view. É uma estimativa porque o pay-per-view, ao contrário das verbas de televisão aberta e fechada, não tem um valor fixo de referência. O que nós dividimos com os clubes é o percentual da receita dos sócios desse modelo, que é justo e ganhamos juntos. Esse novo modelo é um grande passo, um grande avanço e que, em tese, encaminha outros avanços e debates em parceria do grupo Globo com os clubes – disse.