Ex-CEO do Flu, Roberta Fernandes comanda o departamento jurídico do Fluminense (Foto: Fluminense F.C)

Sem dinheiro em caixa, o Fluminense vem tendo de apelar à boa fé de seus ex-funcionários. Ainda devendo R$ 150 mil, referente à última parcela do acordo que fez com o técnico Levir Culpi, o clube pode sofrer com uma penhora a qualquer momento, até que a dívida seja paga. Após a publicação do NETFLU no início do mês passado, que trazia declarações do advogado do treinador, Fábio Cruz, destacando que iria executar o Tricolor, a diretora jurídica do Flu, Roberta Fernandes, entrou em contato com ele. Na conversa, ela apelava para que o bloqueio não fosse efetuado, mas sem dar um prazo de resolução da dívida.

– Naquele dia que eu conversei com você (repórter do NETFLU) e falei que iria fazer a execução, a doutora Roberta me ligou quase que imediatamente (após a publicação da matéria). Pediu por favor para dar uma segurada. Expliquei que o Levir estava incomodado por duas razões. Uma delas era que o Fluminense até hoje não teve o recolhimento do imposto de renda, inclusive sobre as parcelas que já foram pagas. Não adianta o Levir fazer a parte dele e o Fluminense não, porque a receita vai cobrar dele depois. Ela disse que iriam providenciar o pagamento. Agora passou mais de um mês e nada, não deu um prazo. Ela disse que estava esperando a folha (de pagamento). Me parece que a folha continua atrasada – declarou o advogado ao site número 1 da torcida tricolor.


 
 
 

Apesar da tentativa da diretora jurídica tricolor, o representante de Levir Culpi pediu a execução, embora o juiz ainda não tenha se manifestado acerca do tema.

– A situação ainda não foi resolvida. Estamos com a pendência ainda. Pedimos a execução, mas o juiz ainda não manifestou. Em geral, a manifestação é rápida, mas eu não estou cobrando, porque ainda temos a esperança de que o Fluminense pague. Estamos querendo ficar fora para não expor o Levir. Não é intenção do Levir ficar gerando notícias. A gente fez o possível, hoje mesmo eu mandei uma mensagem para a doutora Roberta, para saber dela a situação. Eu tenho no acordo assegurado de que posso fazer o bloqueio de qualquer fonte de renda do Fluminense sem que o clube possa fazer oposição ao bloqueio, ou seja, não poderiam entrar com recurso – concluiu.

Com passagem curta, porém conturbada pelo Fluminense, Levir Culpi processou o Tricolor das Laranjeiras em setembro do ano passado, como o NETFLU informou com exclusividade na época. O técnico cobrava mais de R$ 2,8 milhões em salários, rescisão e outras obrigações trabalhistas após sua demissão.

Sem enviar nenhum representante à 67ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro para defender a instituição, também noticiado em primeira mão pelo NETFLU, a causa foi ganha pelo ex-treinador ainda em 2017. No dia seguinte à divulgação da sentença, um representante do clube finalmente entrou em contato com o advogado de Levir, Fábio Cruz, costurando um acordo pela metade do valor. Tal acordo, no entanto, foi sendo sendo honrado com extrema dificuldade, tendo as parcelas quase sempre atrasadas. A última venceu no mês de julho e, desde então, não foi paga.

Em entrevista concedida no ano passado ao site número 1 da torcida tricolor, o advogado explicou detalhadamente a cronologia dos fatos em torno do processo trabalhista do ex-treinador. Dias depois, o Fluminense demitiu uma funcionária do departamento jurídico, por intermédio de uma nota oficial, mas manteve a diretora da pasta, Roberta Fernandes, dando-lhe uma advertência. O ex-vice jurídico, Bruno Curi, sofrera também diversas críticas no período, até deixar o cargo, meses atrás, para se dedicar à vida política. Curiosamente, a mesma funcionária demitida foi contratada por uma empresa que presta serviços ao Fluminense, conforme também divulgado pelo site. 

No Fluminense, Levir Culpi conquistou o título da Copa da Primeira Liga de 2016, mas teve problemas internos de relacionamento com o então líder do grupo e capitão Fred. Comandou a equipe em 52 jogos, com 22 vitórias, 15 empates e 15 derrotas.