(Foto: FFC)

Mesmo depois do presidente Pedro Abad afirmar que estudaria fazer promoções no Maracanã, o Fluminense manteve os ingressos dos setores sul e norte a R$ 50. A medida sofreu críticas de especialistas e dos próprios tricolores. Mas o cenário não é tão simples assim de ser explicado. Pelo menos é o que justifica o grupo político de apoio à gestão, a Flusócio, através de seu blog.

Veja o texto na íntegra: 


 
 
 

“Em tempos de crise nacional, o pleito de todos os brasileiros é por produtos e serviços mais baratos. Não poderia ser diferente com os preços dos ingressos para os jogos do Flu como mandante, pois o aperto está no bolso de todos.

Desde o ano passado, a diretoria tem negociado junto ao Maracanã por abatimento de custos. Já foram tentados fechamento de setores da arquibancada em jogos de pouca demanda, fechamento de acessos para diminuição de quadro móvel de trabalhadores, tais como bilheteiros, orientadores de público, pessoal de bares e afins.

Entretanto, mesmo com todas as reduções de custeio negociadas, enquanto vigorar a esdrúxula deliberação do TJ que transformou um aditivo com prazo determinado de 6 meses em alteração definitiva num contrato de 30 anos de duração, dificilmente o Fluminense conseguirá abrir o Maracanã sem ter que pagar entre R$ 400 mil e R$ 500 mil de despesas por partida, entre aluguel, operação do jogo e demais taxas, tais como arbitragem, impostos, FERJ etc. Entenda.

Frequentemente os prejuízos do Fluminense num único mês chegam a cerca de R$ 1 milhão (quantia que poderia ser usada em dois ou três reforços de bom nível).

Lembramos que tal aditivo foi acordado para reabrir o Maracanã, que estava fechado desde o encerramento das Olimpíadas de 2016, para que o Fluminense pudesse tentar a vaga na Libertadores durante os jogos finais do brasileiro daquele ano, contra Vitória (2×2) e Atlético-PR (1×1).

Com este novo padrão de custos do Maracanã, infelizmente o Fluminense acumulou prejuízos durante toda a temporada de 2017. Houve esforço da diretoria com o lançamento do e-ticket, a campanha de engajamento #AbraceOFlu, a volta do Sócio Futebol com 100% de desconto e inúmeras promoções em vários jogos. Mas mesmo assim o clube acumulou resultados financeiros negativos em 90% de seus jogos.

É importante entender que aqueles que precificam os jogos precisam medir o intangível, que é a expectativa criada na torcida para uma determinada partida, com aquilo que é dado concreto, ou seja, a média histórica recente de comparecimento no estádio, considerando os jogos vendidos a diferentes preços e horários. Logo, a continuidade de bons públicos facilita a viabilidade de se praticar uma política de ingressos mais baratos.

Por exemplo, na temporada de 2017 tivemos os seguintes jogos, com ótimos horários:

06/06/2017 (terça-feira, 20h) – Fluminense 1 x 1 Atlético-PR – Público: 12.841 presentes / 10.894 pagantes – Ingresso de Leste Inferior e Sul custaram R$ 30,00. Uma vitória colocaria o Flu no G6. Veja aqui.

24/09/2017 (domingo, 16h) – Fluminense 0 x 1 Palmeiras – Público: 13.145 pessoas (11.208 pagantes) – Ingresso de Leste Inferior custou R$ 40,00. Veja aqui.

28/10/2017 (domingo, 16h) – Fluminense 1 x 1 Bahia – Público – 12.841 presentes (10.894 pagantes) – Ingresso de Sul e Leste Inferior custou R$ 40,00. Veja aqui.

O melhor resultado de público do Fluminense como mandante em 2017 foi às 18h de um sábado (05/08/2017), quando 24.098 pagantes compareceram ao Maracanã e acompanharam a vitória por 3 a 1 sobre o Atlético-GO, num jogo recheado de sentimento, que teve homenagem ao treinador Abel Braga após a trágica morte do seu filho. Nesta partida, os ingressos custaram R$ 40,00 em todos os setores. Veja aqui.

Apesar das promoções, exceto no último jogo citado, que teve resultado positivo de apenas R$ 54.654,32, todas as demais partidas geraram prejuízos enormes ao Fluminense, que impactam na capacidade de investimento do clube, influem no atraso de salários e na montagem da equipe profissional.

Como não levar este histórico recente em conta na hora de precificar e como precificar baseado numa visão apenas otimista de público?

É importante entender que, se fosse aplicado apenas o interesse da instituição, o preço certamente seria o menor possível, para que o máximo de tricolores pudesse estar presente em todas as partidas. Entretanto, a crise que assola o bolso de todos os brasileiros também assola os clubes, e o nosso Fluminense ainda joga no estádio mais caro do país em termos de despesas.

Hoje em dia o Fluminense tem feito boas promoções em planos para seus sócios, que tem contado com descontos a partir de 60%. Neste caso, o valor pago em mensalidades torna possível a redução de preço nos ingressos. É uma alternativa.

É sempre importante que o clube entenda o pleito dos torcedores, mas neste caso a questão é totalmente matemática. O clube segue na Justiça brigando para fazer valer o seu contrato original com o Maracanã, mas enquanto não consegue mudar a decisão do Judiciário carioca, é preciso alguma compreensão: o Fluminense precisa do apoio do seu torcedor, mesmo com o atual padrão de preços que o Maracanã infelizmente o obriga a praticar hoje em dia”.