Mário Bittencourt concedeu entrevista ao site Bate Papo Tricolor. O candidato da chapa “O Fluminense me domina” falou sobre os principais assuntos no que diz respeito a governança corporativa, futebol, Xerém, Esportes Olímpicos, marketing, relação com a Ferj e muito mais. Confira abaixo na íntegra:

 

 
 
 

Quem é Mário Bittencourt e por que quer ser presidente do Fluminense?

Eu sou Mário Bittencourt, como já foi falado, candidato a presidente do Fluminense, 18 anos de serviços prestados ao clube, um apaixonado pelo Fluminense desde que nasci. Quero ser presidente por dois motivos: um, que sempre foi um sonho desde criança e o outro, porque me sinto totalmente preparado após tantos anos de dedicação ao clube.

 

Como é que o senhor analisa os seis anos da gestão Peter?

Na verdade, eu considero que os três primeiros anos foram mais eficientes, mais cuidadosos, especialmente com as finanças, e que nessa segunda gestão, especialmente nesse último ano, talvez porque seja um ano eleitoral, eu confesso que acho que a gestão deixou a desejar em alguns aspectos. Mas nesse contexto e durante todos os seis anos, eu considero uma gestão de regular pra boa.

 

Mário, vamos falar agora sobre o futebol profissional. No seu plano de gestão, você fala em centro de inteligência do futebol profissional, plano de metas, governança corporativa, tem como o senhor explicar como vai funcionar um pouco isso pros votantes e associados?

Com relação à governança corporativa ela é geral, ela não é só futebol, ela engloba todo o clube, a gente costuma dizer nas nossas reuniões, nos nossos debates sobre esse assunto de que sem governança a gente não implanta nada, então isso é uma questão geral. Com relação ao centro de inteligência do futebol, como eu também já expliquei, a gente na verdade já tem alguns profissionais da área, já temos departamento de scout, já temos os analistas de desempenho, já temos os fisiologistas, todo mundo, mas a nossa ideia é que a gente consiga organizar isso de tal forma que se torne realmente um centro de inteligência do Fluminense, tendo um comando único e pra que isso possa ajudar demais na nossa performance, especialmente agora que a gente vai ter um centro de treinamento. Com relação ao plano de metas, é um plano muito vinculado à questão das premiações, todo mundo sabe que as premiações no futebol são antigas, as pessoas chamam de bicho, mas eu quando tive na vice-presidência, o próprio Ricardo Tenório, já tentamos implementar uma filosofia de premiar por meta, por vitória na competição, por classificação e vinculada à premiação da própria competição e não ao caixa do clube e as receitas ordinárias do clube, então essa é a nossa ideia, criar um plano aonde a gente possa ter a remuneração dos atletas com relação à premiação, vinculada às metas obtidas com o ganho dos campeonatos, com as classificações pra libertadores e por aí vai.

 

Me fala também no departamento comercial para compra e vendas de atletas, você pode explicar, como funcionaria?

A ideia que a gente tenha um departamento comercial, na verdade, para que possa avaliar, né, os atletas no mercado ou aqueles atletas que a gente deseja adquirir e os atletas que a gente tem, na nossa casa. O Fluminense, é um clube gigantesco e, precisa ter um departamento comercial, não só também do futebol, mas precisa ter um departamento comercial em todo o clube, para que o Fluminense possa fazer a avaliação de seus ativos.

 

Mário, sobre o Pedro Antônio, que talvez hoje seja o maior responsável por tudo que está acontecendo no CT do Fluminense, na Barra da Tijuca. Queremos saber se você conta com o Pedro Antônio na sua gestão, pretende utilizá-lo para talvez terminar as obras do CT, mediante ao conhecimento que ele já tem ali do terreno, de toda construção né, que tudo que envolve, gastança, essas coisas todas. É seu planejamento contar com ele?

Com certeza absoluta, não só com ele, mas com todas as pessoas que possam ajudar o Fluminense. Eu acho que a partir do dia 26 de novembro ou 27, após a eleição. O Fluminense volta a ser um só, né, volta a fazer com que todo mundo que possa ajudar o Fluminense, desde que convidado, esteja à disposição. E o Pedro é, sem dúvida alguma, uma pessoa muito importante nos últimos anos da história do clube, não sei se vocês sabem, mas ontem (24/10/16), o grupo que apoia o Pedro, o grupo que foi criado em volta do Pedro Antônio, definiu apoio à nossa candidatura, que é o Grupo Base Tricolor, que foi o grupo que mais doou ao Centro de Treinamento, não só do ponto de vista financeiro, mas também de trabalho. Foram eles que ajudaram a viabilizar o terreno, foram eles que ajudaram a viabilizar o aterro, que custou muito mais barato do que custaria. Eles foram grandes ajudantes do Pedro e eles já estão conosco, já fecharam conosco. E o Pedro sabe, já foi falado para ele, independente do posicionamento que ele vá tomar que a gente conta com ele na gestão a partir do primeiro dia. Inclusive a gente conversou ontem sobre isso. E ele me disse que a gente vencendo a eleição ele vai querer conhecer os projetos, vai querer conhecer o planejamento, para poder contribuir.

 

O Fluminense passou quase uma temporada inteira sem patrocinador master. Desde a saída da Unimed, teve problemas com a Guaravitton que está pagando o que deve nesse ano e somente a Frescatto está como patrocinador do Flu. Que planos o senhor tem para a captação de patrocínios?  E a Dry World? O Fluminense não está esperando demais por uma definição que não chega nunca?

Não podemos parar a busca por um patrocinador máster.  Precisamos ter um time forte com alguém colocando dinheiro. Quando estava no clube, iniciei a relação com a Caixa Econômica em meados de 2015, que deveria ser anual, pelo que foi divulgado parece que será pontual. Caso eleitos, iremos reabrir essa negociação. Temos um grupo de empresários que deve confirmar o apoio a nossa candidatura em breve, e a grande maioria é aqui do Rio de Janeiro. Eles são muito bem colocados em grandes empresas e já estão nos ajudando nessa busca por patrocinadores. Sobre a segunda pergunta, pelo que eu ouvi falar, a Dryworld está com pagamento de alguns meses atrasados até agora. Precisamos avaliar o contrato. Não sabemos detalhes. Precisamos saber se não tem que ser rescindido quando a gente assumir e com ressarcimento pro Fluminense. Acho que a saída da Adidas foi arriscada porque uma marca sólida, com grande nome foi trocada por outra recém chegada no mercado. Trocou por valores altos, mas não está recebendo porque a marca não conseguiu comportar a demanda. É complicado.

 

Mário, no seu plano de gestão, você fala em manter os direitos do Fluminense no Maracanã, também falou na apresentação da sua candidatura nas Laranjeiras em estádio próprio. Como isso vai acontecer, pretende manter Edson Passos para jogos pequenos e que plano o senhor tem pra Laranjeiras?

Vamos começar por Laranjeiras, a ideia inicial é que a gente coloque os jogos das divisões de base lá e os jogos do futebol feminino também, porque que o Fluminense vai tem que ter o futebol feminino pra atender ao PROFUT então essa é a principal ideia e que a gente possa criar um museu acoplado ao estádio para que os torcedores e os sócios possam visitar a história do Fluminense e ao mesmo tempo conhecer os atletas, heróis e ídolos do futuro. Com relação a Edson Passos eu não conheço o contrato, não sei o que o Fluminense acertou, achei muito legal o Fluminense jogar lá, a baixada foi sensacional pro Fluminense, conseguiu transformar aquele estádio num caldeirão, isso é muito bom pra nós e vamos avaliar assim que a gente assumir, caso a gente vença a eleição. Com relação ao estádio próprio quem foi à nossa apresentação viu que nós temos um projeto real mesmo, factível, de construção do estádio e um estudo de viabilidade mostrando que o Fluminense precisa de investidores pra poder levantar seu estádio. Isso demandaria um certo tempo e demandaria esse investimento que a gente tem que trazer de fora do clube, até porque o clube precisa primeiro, antes de qualquer coisa, pagar o que deve ao Pedro Antônio e concluir as obras do centro de treinamento e aí depois iniciar, na minha opinião, o sonho de ter um estádio e quanto ao Maracanã, como eu bem disse, a gente teve os nossos direitos preservados, porque independente de qualquer coisa nós não teremos um estádio estalando os dedos muito rápido e o Fluminense precisa ter um estádio do porte do Maracanã pra continuar jogando e tentar, se houver uma nova negociação, um novo contrato, que a gente possa nesse novo contrato já prever uma saída lá na frente pra ter o estádio próprio, mas continue com o Maracanã mesmo tendo estádio próprio, jogando menos jogos, pra jogar a maioria dos jogos no nosso estádio.

 

Categorias de base. O que o senhor pode nos falar? Quais são seus projetos?

Com relação às categorias de base, manter o bom trabalho que vem sendo feito hoje e aumentar os investimentos. Aumentar o investimento no setor de captação e fazer uma integração maior entre o setor de captação externa com o setor de captação no futsal (setor de captação interna). Muito importante para nós também é tentar fazer com que o CT do Vale das Laranjeiras, em Xerém, seja um retrato do CT da Barra da Tijuca. Fazer com que a gente revitalize o CT e possa trazer a mesma tecnologia do CT da Barra, para que os atletas se acostumem com essa nova estrutura e para que o Fluminense possa ser cada vez mais formador. E uma ideia que temos é a de definir um percentual das vendas dos atletas do Fluminense para serem dedicados direto a Xerém. Um percentual da venda de qualquer atleta e para os atletas feitos em Xerém, que esse percentual seja dobrado, ou seja, o atleta que não for feito em Xerém, a gente retira um pedaço do valor da venda e repassa para Xerém e o atleta que tiver sido feito em Xerém a gente repassa o dobro do que repassou de um atleta comum, que não tiver sido feito no Fluminense.

 

Mário, só mais uma pergunta em cima dessa questão de Xerém. Hoje o FLU, no seu balanço, publicou que só tem um jogador 100% pertencente ao clube. É seu plano que, assumindo a gestão, essa divisão acabe ou isso não é possível?

Essas fatias de jogadores de futebol (direitos econômicos) é uma situação que atinge todos os clubes brasileiros e não só o Fluminense. É o modelo atual que o mercado vem usando por uma questão simples. Ao longo dos anos, os clubes vêm se enfraquecendo e com isso acabam tendo que dividir esses percentuais, seja com empresários, seja com empresas de investimento, ou seja, com outros clubes. A ideia é tentar fazer um método em que o Fluminense possa ter o maior percentual possível sem ficar vendendo sonhos. Se algum dia tivermos 100% de todos os nossos atletas será maravilhoso, mas acho que no modelo do futebol brasileiro atual, isso se torna um pouco difícil. E uma das maneiras que queremos minimizar esse risco de ter pouco percentual é criar a Agência FLU, vinculada a Xerém, como consta no nosso plano de gestão e essa agência seria uma espécie de intermediadora para que o atleta, antes da chegada do empresário, tivesse uma atuação forte do Fluminense nele, desde cedo. E isso minimizaria os riscos de assédio dos empresários externos aos nossos atletas.

 

Mário, sobre o STK Flu Samorin, o senhor pretende continuar o projeto que ficou marcado para ser um projeto para as divisões de base? Pretende manter Marcelo Teixeira que hoje é o homem forte do projeto?

Olha, a ideia é a gente avaliar assim que assumir. O objetivo é sim, assumir o projeto. Temos que avaliar os custos que ele tem porque o Fluminense tem que pagar, que é o custo da compra né? E com relação aos profissionais que são bons para o Fluminense, como te falei no início da entrevista, todos aqueles que podem contribuir com o Fluminense, não só o Marcelo Teixeira, como outros que estão lá e eu conheço, a gente que vai trabalhar no sentido de manter o que está bom. A gente costuma dizer na campanha que: O que está ótimo, tem que continuar ótimo, o que é bom, tem que ficar ótimo, o que é ruim tem que melhorar e o que não foi feito, nós temos que começar a fazer a partir do dia que entrarmos lá. Apenas falar algumas coisas por questão de justiça, o projeto de Xerém é muito bacana e foi iniciado e trabalhado durante quatro anos por um profissional que hoje não está mais lá, que é o Fernando Simone. Ele foi o gerente da base por quatro anos, Marcelo Teixeira é o gerente desde 2015 e é também um excelente profissional e pode ajudar muito, a partir do momento em que a gente vencer a eleição.

 

Que planos você tem pra sede social do Fluminense?

Revitalização da sede de verdade, porque a gente entende que a sede precisa de reparos, precisa se revitalizar. Precisamos retornar algumas coisas tradicionais como baile de gala e tantos outros eventos que o Fluminense deixou de ter. Acho que a gente precisa construir uma piscina social nova. O Fluminense precisa de uma piscina só para os sócios, para o divertimento só para os sócios. O Fluminense precisa ter um ginásio poliesportivo, que possa receber suas competições. Hoje não joga futsal lá, não joga vôlei, não joga basquete, porque o ginásio não comporta, infelizmente, as competições por causa do tamanho, inclusive das regras oficiais. O Fluminense não atende às regras oficiais, então é muito importante que possa mexer em tudo isso, criar um salão de jogos que o Fluminense não tem  e isso também é uma coisa que faz muita falta. Principal revitalização da sede.

 

Mário, em relação com a FERJ. Essa gestão agora, parece que, meio que retirou ações um contra o outro, do Fluminense contra FERJ, Peter contra o Rubinho, e parece que agora a poucos dias, ensaiaram a paz. Mas durante toda a gestão Peter, foi uma política de enfrentamento, de não aceitar o que a FERJ vinha impondo sempre. O Fluminense decidiu esse caminho. Inclusive a FERJ, é sabido pelo senhor mais do que ninguém, com apoio de Eurico Miranda, apoio de cara como Elias Duba, presidente do Madureira, que teve até um entrevero com o senhor num jogo em Volta Redonda (Fluminense e Madureira). Como que você vai administrar essa situação com a FERJ e com todo mundo?

Olha a ideia que eu sempre digo, é o seguinte: o Fluminense precisa se posicionar de maneira forte e definir qual posicionamento que quer tomar. Eu acho que o grande problema é mudar o posicionamento, no curso dos debates, das discussões. Se mantiver, se posicionar sempre no sentido que os direitos do Fluminense sejam preservados e ponto final. Independente do que aconteça. Então, a nossa posição vai ser sempre de defesa dos interesses do Fluminense acima de qualquer coisa. Se isso tiver que fazer com que a gente enfrente a FERJ ou CBF ou qualquer outra entidade, a gente vai fazer. Se a gente entender que em algum momento, a gente tenha que construir de uma maneira diferente, a gente vai fazer também. Mas não gosto de ficar criticando posturas, eu tenho a minha, a minha é de manutenção de posição sempre. Então eu acho que… não achei bom, só o fato do Fluminense ter brigado por cinco anos com a Federação e depois ter feito um acordo no final. Achei um pouco de contra senso. Mas isso aí a gente tem que, se a gente ganhar, pensar a partir de janeiro.

 

Marketing. Qual seu projeto para a pasta, já que isso foi considerado um dos pontos fracos da atual gestão?

Olha, acho que o marketing a gente tem que começar de novo, tem que tentar implementar uma filosofia muito baseada no relacionamento com o torcedor, muito baseada na fidelização do nosso torcedor, eu acho que o principal pilar do nosso marketing começa por ai. Nessa relação com o torcedor que eu entendo hoje que é muito distante, o Fluminense hoje é muito distante do seu torcedor, e criar a camisa onde o Fluminense possa ter a sua marca cada vez mais exposta, ter a sua marca cada vez mais atuante, mais vendida. Isso é sem dúvida alguma, uma das coisas mais importantes. Nas reuniões que a gente fez com os torcedores ao longo desses seis meses, eu te diria que esse foi um pleito de mais de 70% das pessoas, a mudança efetiva e real do marketing do Fluminense.
A atual gestão realizou pelo menos duas mudanças no seu formato para angariar novos sócios, chegou a ter uma grande adesão com Ronaldinho, mas estagnou hoje em praticamente em 33 mil sócios. O que o senhor pretende fazer para revitalizar o sócio futebol?

Olha, uma das nossas ideias é atualizar o modelo. A gente criar um sistema de fidelização, um sistema de pontos para que o torcedor não fique só vinculado ao jogo e ao estádio, para que ele possa ter uma série de produtos do próprio Fluminense e que esse sistema possa ser retroalimentar. Toda vez que o torcedor compra o Fluminense, ele tem direito de trocar por coisas do próprio Fluminense, por produtos, por ações do próprio Fluminense. Então essa é nossa principal ideia com relação ao sócio futebol. Você falou em 33 mil, eu fiquei sabendo que na votação para mudança do estatuto tinham 12.500 sócios adimplentes só a votar e só 5 mil sócios futebol. Acredito desses 33 mil aí, talvez a gente tenha hoje atuantes e pagando em dia talvez 30, 40% apenas. A gente precisa ter um número muito maior e para ter um número muito maior a gente precisa simbolizar por modelos de sucesso, não só no Brasil como no mundo. Como o sócio futebol do Benfica, como o sócio futebol do próprio Palmeiras, do próprio Internacional, que são muito eficazes e básicos, assim na verdade totalmente vinculados à paixão do torcedor.

 

O Fluminense hoje é viável financeiramente, é equilibrado?
Ele tem suas dívidas equacionadas. Tem o pagamento mensal do ato trabalhista, o pagamento mensal do PROFUT. Até aonde eu fui, fevereiro de 2016, que fui vice-presidente, continuava equacionado, mas não conheço os números do que foi feito para 2017. Esse, aliás, é um pleito que nós vamos fazer já já, em breve, e vocês estão tendo em primeira mão. Que o Fluminense possa abrir aos candidatos a situação a partir de janeiro, porque nós temos dois jogadores contratados, com pré-contrato, pra só iniciar em janeiro, Sornoza e Orejuela. Não sabemos quanto vai custar. Não sabemos se os jogadores que foram contratados no meio do ano já foram pagos. A gente ouviu falar que teve compra de direito econômico do Maranhão, do Henrique Dourado e de outros atletas, então é muito importante, que a gente possa ter essa visão. Saber quanto custa ainda pra acabar de pagar o Pedro Antônio. Quanto é que custa pra acabar de construir o CT. Então diria pra vocês, que acredito que seja viável, mas a gente precisa conhecer os números para que os candidatos possam saber exatamente aquilo que vão pegar, caso vençam a eleição.

 

Mário, o senhor é lembrado atuando como vice jurídico e vice de futebol. Como vice jurídico, seu trabalho é considerado impecável, mas como vice de futebol, seu trabalho foi questionado com contratações que não deram certo e com treinadores que não trouxeram bons resultados. O senhor teme perder votos por causa disso, considerando que o futebol é o que move o torcedor?

Olha, na verdade, eu sempre falo isso, que atribuem a minha passagem no futebol como uma das piores da história do clube. Eu, óbvio, cometi erros e tive acertos, mas nem de longe é o pior momento da história do futebol do Fluminense. Flu que tinha caído por 2 vezes para a série B, caiu para a Série C e na história recente inclusive, não precisa ir muito longe, os anos de 2013, 2009, 2003 e 2006 foram muito piores em termos de resultados, do que os anos que estive a frente da VP de futebol. Estive em momentos bons também: Em 2009, estive com Ricardo Tenório como gerente de futebol, com 99% de chances de cair e conseguimos um aproveitamento absurdo de bom, fomos vice-campeões da Sul Americana, mesmo disputando para não cair para a segunda divisão. Em Maio de 2014, eu assumi após a saída do Tenório, o Fluminense ficou em sexto lugar no Brasileiro e eu costumo brincar que se a regra tivesse mudado no meio da competição como foi nesse ano, a gente teria ido a Libertadores 2015. 
O ano de 2015, foi um ano de dificuldade porque a gente teve a perda de um patrocinador de mais de 15 anos, que fazia um investimento alto. Fizemos um esforço sobrenatural para manter 5 jogadores que nós chamamos de espinha dorsal e recusamos o elenco com jogadores da casa e com jogadores de baixo custo e com contratos curtos. As pessoas falam que não deram certo, mas esses jogadores foram embora no final do ano. E fizemos a limpeza no elenco para 2016, quando a gente conseguiu contratar jogadores com um pouco mais de peso, caso de Diego Souza, Henrique e Renato Chaves. Em 2015, fomos à Semifinal da Copa do Brasil, onde perdemos injustamente para o Palmeiras, com 2 penalidades absurdas contra nós e costumo dizer que se tivéssemos ido à final e vencido o Santos, talvez eu fosse lembrado como um vice de futebol que deu um título ao Flu no ano da saída da Unimed. Por causa de 1 jogo, as pessoas avaliam o desempenho como muito ruim. Porque a gente viu que tinha chance na Copa do Brasil e passamos a priorizá-la, deixando o Brasileiro de lado porque tínhamos uma pontuação que praticamente nos garantia na série A. Nunca flertamos com a zona de rebaixamento, nunca caímos para o Z4 em momento algum. Fizemos um primeiro turno muito bom, mas o segundo turno foi muito ruim mas dentro da nossa proposta para 2015, com a saída da Unimed , que era se manter na Série A, tentar disputar o título da Copa do Brasil e no carioca fomos eliminados em uma semifinal em disputa de penalidades. Foi dentro do que podíamos fazer, um ano regular. Mas algumas contratações, algumas delas, não deram muito certo, hoje estão dando certo em outros clubes, demora um pouco de tempo para maturar. Caso de Marlone, que está jogando bem no Corinthians, Fred e Diego Souza juntos são alguns dos artilheiros do campeonato, Gustavo Scarpa virou titular conosco, Júlio César, que chegou em 2014 e hoje está correspondendo com a lesão do Cavalieri. Essa questão de futebol é muito relativa: o presidente Peter foi eleito no final de 2013, com uma votação maciça, quase 80% dos votos e a 2 ou 3 rodadas disputando para não cair e ficou em décimo sétimo e só se livrou por causa da Portuguesa e do Flamengo.  E ele era o vice de futebol naquela época, tirando Sandro Lima quando o Fluminense era oitavo ou nono lugar e a partir daí a equipe degringolou e ficamos em décimo sétimo e ninguém lembrou disso na época. Acho sinceramente que o torcedor e associado do Fluminense, como sempre são suficientemente inteligentes para entender que não pode se avaliar a capacidade de alguém que tem 18 anos de clube, com a história que tenho no jurídico e futebol e não votar em mim por causa de uma passagem muito ruim após a saída da Unimed.

 

O Senhor aprova a maneira como o Fred saiu do Fluminense, mediante tudo que aconteceu, um pouco depois da sua saída da vice-presidência de futebol?

Olha, na verdade eu não sei o que aconteceu até hoje, eu não estava mais, o que eu posso dizer é que achei um erro estratégico do Fluminense muito grande. Nós não perdemos simplesmente um jogador, nós perdemos uma marca, só dois clubes no Brasil tinham o que a gente tem: o Fluminense e o São Paulo com Rogério Ceni. O Fluminense com o Fred. O Rogério encerrou a carreira, aposentou, e nós seríamos o único clube que teríamos um jogador, num futebol moderno que o jogador sai muito rápido da instituição, se ele completasse o contrato nós teríamos um atleta por dez anos no clube, o que eu acho que seria extremamente importante, não só pra questão nossa, interna, como também pro lado de fora, pro marketing, pra exploração da marca dele no futuro né, o Fred seria com certeza um produto do Fluminense, como o Rogério é hoje do São Paulo. Então eu faço essa crítica, especialmente porque eu me lembro, quatro dias antes da saída dele eu recebi um vídeo até bonito pra caramba, sobre o lançamento da Flu Fest, ele era o garoto propaganda da Flu Fest, inacreditavelmente a gente fez um vídeo com o garoto propaganda sendo o Fred e quatro dias depois ele estava indo pra um rival nosso no próprio futebol brasileiro, o que eu achei ainda mais grave. Se ele tivesse saído pra um clube da China ou pra um clube da Europa, eu acho que a gente, sinceramente, teria uma aceitação maior por parte das pessoas e aí eu não discuto a questão técnica, nem a questão de gostar ou não do ídolo, do jogador, eu discuto a questão de marca mesmo, a questão de posicionamento do clube.

 

O Senhor traria o Fred de volta?

Olha, eu acho que qualquer jogador do nível do Fred tem que interessar sempre ao Fluminense. Eu tenho certeza que ele tem contrato até o fim de 2018 com o Atlético Mineiro, não conversamos depois da saída dele, nada sobre isso. E assim, eu gostaria muito de poder, não só o Fred, como o Thiago Silva, quem sabe o próprio Conca, jogadores que foram ídolos no Fluminense, a gente poder tê-los novamente, desde que em condições físicas e técnicas de defender as nossas cores, mas se a gente não obtiver êxito, a gente vai em busca de outros jogadores do mesmo quilate, da mesma categoria, do mesmo currículo, vitoriosos, porque o Fluminense precisa sem dúvida alguma de ídolos, eu acredito muito nisso. Acho que a falta dos ídolos, afasta os torcedores, afasta os títulos, e eu costumo dizer que a gente é Fluminense porque ama o clube, mas é também porque ama os ídolos, porque os ídolos fizeram com que a gente pudesse ser campeão e ter na nossa casa o pôster de campeão, ter o álbum de figurinha, camisa, eu sinceramente sou um fã de jogadores talentosos e jogadores que possam transformar nossa história.

 

O Bate Papo Tricolor quer agradecer a entrevista concedida, e aproveite pra deixar sua mensagem final aos associados, aos torcedores do Fluminense, que pretendem votar no senhor.
Primeiro, queria agradecer a vocês a oportunidade, porque sei que estou falando pra um grupo grande de pessoas que acompanham vocês, dizer ao sócio do Fluminense, ao torcedor do Fluminense, que em novembro vote no candidato quem tem as melhores propostas. Que façam voto consciente, que façam o voto naquele que ele olha e acha que é o melhor candidato, o mais capacitado pra ser presidente do Fluminense em todos os sentidos.  Que não vote por indicação, que não vote porque está votando numa suposta continuidade. Que ele possa votar naquele candidato que vai, obviamente, seguir com as coisas boas, seguir com as coisas que foram bem feitas e continuar fazendo coisas maravilhosas para o Fluminense, especialmente com relação a quesitos que o Fluminense, hoje, deixa muito a desejar. Essa é a mensagem que eu passo de um tricolor com mais de vinte anos como sócio, dezoito anos como um prestador de serviços no clube na área da advocacia e que, resolveu agora, doar o seu tempo ao Fluminense para que possa ser um presidente 100% focado, dedicado, especialmente na defesa da instituição.