Campeão carioca em 1995, Ronald marcou história no Fluminense e no clássico contra o Flamengo. O ex-lateral participou da jogada que originou no gol de barriga de Renato Gaúcho, após grande jogada de Ailton, que fez a festa na defesa do rival.

Em semana de Fla-Flu, que acontecerá no próximo sábado, dia 13, no Maracanã, o NETFLU publicará outras entrevistas com personagens que marcaram época com o manto tricolor em cima do seu maior rival. Confira na íntegra o papo com o lateral Ronald.

 
 
 

Em 1995, a torcida criou uma música que é relembrada até hoje: O primeiro 0 a 0, o segundo 3 a 1 e o terceiro foi 4 a 3, e essa p…., virou freguês. Ganhar o Flamengo naquela época, realmente, era normal?

– Cara, não era uma coisa normal, não. Eu lembro que o nosso time tinha bastante confiança no clássico. E isso ajudava bastante.

Como você acredita que o torcedor te enxerga? Acredita que está na história do clube por ter participado de um dos títulos mais emblemáticos?

– Com certeza. Até hoje, andando na rua, o tricolor reconhece, tira foto. Eles reconhecem e acham importante. E tem torcedor que na época tinha 15 anos e essa foi a maior vitória pra eles, porque o Fluminense não vencia uma competição há muitos anos. Nas Laranjeiras, por exemplo, não podia errar um passe que o torcedor ficava doido. Quando cheguei, falaram que se eu jogasse a metade do que jogava no Americano, já iria ajudar o clube. O Tricolor estava tendo dificuldades com laterais-direito. Comentavam que o último lateral foi o Aldo, até que eu cheguei. A cobrança era muito grande?

Lembra da sua participação no Fla-Flu do gol de barriga, tendo participado do lance que originou esse emblemático gol?

– O jogo todo teve aquela história que o torcedor do Fla iria soltar fogos pra gente não dormir, na véspera do jogo. A comissão acreditou nisso, nos mudaram no hotel e aconteceu isso. Voltando para o hotel, dentro da van, a confiança era muito grande. Lembro que quando eu passei para o Ailton, ele pediu para eu não ultrapassar. Lembro disto até hoje. E daí ele fez aquela grande jogada.

Se considera um dos melhores laterais-direitos da história do Fluminense?

– Eu me considero um dos melhores sim, porque eu joguei o ano todo. Eu fui titular o ano todo, fiquei dois jogos fora porque me machuquei. Cheguei lá, botei a cara e correspondi. Eu era um cara que era treino, casa, casa e treino. Foi um dedicação muito grande. Depois dos 27 anos, apareceu um clube grande como o Fluminense e foi uma grande honra pra mim. Foi o melhor ano da minha carreira em 1995.

As laterais, hoje, são carências no mundo todo. Por que motivo você acredita que faltam laterais qualificados?

– Eu não sei dizer. É uma situação muito estranha. Lembro que o Cafu ficou anos na seleção, teve o Jorginho que era reserva, agora o Daniel Alves. O lateral que aparece bom aqui é vendido rápido. Acredito que seja isso, porque quando aparece um fera ele é vendido.

E para sábado, acredita numa vitória tricolor? Empate, pelas circunstâncias, pode ser encarado como um bom resultado?

– Eu acredito na vitória do Flu, porque é clássico. Clássico não tem favorito. A oportunidade que aparecer, o clube que aproveitar ganha o clássico. Eu sempre torci pelo Flu, acompanho e vou estar ligado no sábado. Estou acreditando numa vitória do Flu, embora o Fla esteja em cima da tabela.

Pretende trabalhar no Fluminense algum dia?

– É o meu maior objetivo de vida. Depois de me aposentar do futebol, me preparei, na prática, para ser treinador. Treinei clubes da segunda e terceira divisão do Rio, campeonato de juniores. Quem sabe um dia eu não realize esse sonho, seja entre os profissionais ou na base.