(Foto: Lucas Merçon - FFC)

Em processo movido contra o Fluminense, o centroavante Pedro cobrava uma dívida de mais de R$ 2 milhões em valores atrasados que o Tricolor lhe devia. Mas não era só isso. Na petição, o advogado do atleta também requeria uma indenização pela grave lesão no joelho sofrida em 2018. Nesta semana saiu a decisão: o jogador venceu o ação em partes. Mas um dos pedidos do atleta gerou revolta internamente, incluindo no ex-dirigente médico do clube, Michael Simoni, que acompanhou o caso de perto.

– Ajudei muito o Pedro na época. Eu tinha um cargo de coordenador de projeto de saúde, era um colaborador do Fluminense, na verdade. Acompanhei o atleta na cirurgia, pagamos o salário, o ajudei nesse sentido a definir a cirurgia, estive com ele nesse momento. O empenho do Filé foi incrível, dedicou o tempo todo para ele recuperar. O Fluminense pagou o salário dele e depois que ele voltou aumentou o salário. O clube teve um comportamento muito digno. Então, na época em que aconteceu isso, eu fiquei muito chateado, falei com ele inclusive, que não era uma maneira certa de sair do clube – destacou Simoni, em entrevista exclusiva ao NETFLU.

 
 
 

O jogador queria que uma contusão que ele sofreu fosse reconhecida como acidente de trabalho, pedindo assim indenização pela não contratação de seguro obrigatório em valor superior a R$ 1 milhão. Na ocasião, Pedro tinha conversas avançadas para fechar com o Real Madrid (ESP). Michael Simoni condenou especificamente esse movimento do, agora, atacante do Flamengo.

– As outras coisas que ele estava pedindo (na ação), eu não tenho nada contra. Se o clube deve, tem que pagar, é de direito, uma questão profissional. Agora, colocar acidente de trabalho? Dessa forma coloca no chão tudo o que o departamento médico do Fluminense e o clube fizeram por ele naquela época. Quem operou ele na época foi o Luiz Antônio, que é um cara que trabalhava comigo. Houve essa decisão, o Douglas Santos (médico do Fluminense) estava presente. Tudo foi bem alinhado. Então não precisava ter colocado “acidente de trabalho” na ação. E eu protestei na época. E mais grave ainda: se o juiz desse esse precedente para um jogador de futebol, acabaria o futebol. Toda hora que você se machucar seria acidente de trabalho. Imagine… se um um cara rompe um ligamento cruzado, tem um estiramento muscular ou uma entorse vai e processa o clube. Iria acabar o futebol. O que me chateou é que não foi justa a atitude deles em relação a parte de saúde. Não foi justo, nem coerente por tudo que foi feito por ele do ponto de vista de saúde e financeiro. A lei diz que se um funcionário para durante duas semanas, poderia colocar para receber pelo INSS. Se ele ganha uma ação como essa de acidente de trabalho, o clube poderia falar que agora toda vez que alguém se machucasse e ficasse esse período ou mais fora, poderia receber pelo INSS. Por isso desabafei nas redes sociais. Seria um precedente ruim para os próprios jogadores também – concluiu.

Confira o desabado de Michael Simoni nas redes sociais:

No processo, Pedro pedia um total de R$ 2.240.257,08, que englobava cobranças como verbas rescisórias, FGTS, 13º salário, aplicação de reajuste salarial, acidente de trabalho, danos morais etc. Porém, nem todos foram aceitos pelo magistrado.

O juiz aceitou os pedidos do atleta referentes a verbas rescisórias, 13º salário, férias, FGTS, multas e reconhecimento da natureza salarial de “luvas” e “bicho”. Porém, negou os pedidos referentes a indenização por acidente de trabalho, danos morais e exclusão do Fluminense do Ato Trabalhista.