No Rio, Fluminense tem sido o clube com posicionamento contrário ao retorno das atividades presenciais mais forte (Foto: Divulgação)

O Fluminense confirmou, de forma oficial, que ampliará o período de treinamentos virtuais para o elenco. O que estava marcado até este domingo, continuará, no mínimo, até o dia 10 de junho.

Desta forma, o clube mantém sua postura de prezar pela segurança e saúde de todos em meio à pandemia do novo coronavírus.

 
 
 

Confira a íntegra da nota oficial do Fluminense:

“O Fluminense Football Club informa que continuará realizando de forma remota e virtual os treinamentos de seus jogadores até o dia 10 de junho. A decisão foi tomada após sucessivas reuniões com a participação de toda a comissão técnica e departamento médico, nas quais foram analisados de forma criteriosa todos os aspectos envolvidos nessa decisão.

Entre os aspectos considerados estão a dificuldade de contenção da curva de contaminação e mortes, que segue crescendo no Brasil e, em especial, no Rio de Janeiro. Vários profissionais, atletas e funcionários têm receio de retornar aos treinamentos presenciais devido à exponencial possibilidade de contágio, e, ainda, por terem em suas casas familiares que integram os grupos de risco. Não bastasse isso, a responsabilidade social do futebol impõe que o melhor exemplo parta dos clubes, para que a população entenda que, nesse momento, ficar em casa é a melhor estratégia de defesa contra um adversário tão poderoso quanto a Covid-19.

O posicionamento do Fluminense levou em consideração também a posição de várias autoridades competentes nesse tema. O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) recomendou que não se retorne aos treinos presenciais neste instante, deixando claro que a responsabilidade por possíveis contaminações será dos departamentos médicos de cada clube. O Ministério Público Estadual, por sua vez, recomendou que os treinos presenciais não retornem enquanto a curva epidemiológica seguir em ascensão no Estado. O Ministério Público do Trabalho, visando proteger o direito dos trabalhadores, já abriu procedimento para investigar quais garantias estão observadas pelos clubes quanto a precipitada volta as atividades em meio ao da pandemia. Diante de tantas manifestações, o clube entende que deve seguir respeitando o isolamento.

O Fluminense não está sozinho. A manifestação recente dos clubes de outros estados, como São Paulo, são exemplo disso. No Rio Grande do Sul, onde a taxa de contaminação e de óbitos é infinitamente menor que no Rio de Janeiro, estão avaliando a possibilidade do retorno das competições somente para a segunda quinzena de julho, desde que observados os critérios das comunidades científicas. O futebol não é atividade essencial. Portanto, não deve estar nos primeiros lugares na fila de reentrada do retorno às atividades.

Uma outra razão para essa posição é que os clubes de futebol têm diversos funcionários que se locomovem em direção ao trabalho em transportes públicos e residem em comunidades carentes. Por mais eficazes que sejam os protocolos estabelecidos, o retorno imediato dos treinos presenciais, sem o controle da curva epidemiológica, colocaria os atletas em risco de contaminação. Se entre a população em geral o desconhecimento sobre essa doença e suas sequelas já causa temor, imagine entre aqueles que dependem do alto desempenho de seu organismo para o trabalho. Desprezar essa realidade seria insensibilidade.

Um fator importante a ser considerado é que a volta imediata é desnecessária do ponto de vista desportivo. Não há até o momento qualquer prejuízo com relação ao calendário do futebol brasileiro pois a CBF sequer determinou data de retorno do Campeonato Nacional. A volta aos campos depende ainda da liberação concomitante por diversos governos estaduais e municipais, onde estão localizados os clubes da série A. Ou seja, não adianta um estado voltar antes do outros, se o objetivo é cumprir um calendário nacional equilibrado.

Por fim, o Fluminense reforça que possui todo o interesse em retornar às atividades presenciais (treinos e jogos), desde que as autorizações e orientações dos órgãos de saúde estejam de acordo com todas as medidas nacionais e internacionais, especialmente com base nas experiências bem sucedidas nos locais que controlaram de forma efetiva o avanço da pandemia, respeitando, por óbvio, a individualidade de cada comunidade. Mas sempre com lastro nas melhores informações científicas disponíveis, para resguardar nossos jogadores, funcionários e torcedores. E para que eles não se tornem agentes de contaminação da população em geral.

Saudações tricolores.”