(Foto: Mailson Santana/FFC)

O combinado não sai caro, mas as gestões do Fluminense não têm cumprido na situação envolvendo o ex-técnico do clube, Marcelo Oliveira, demitido em 2018. O Tricolor fez um acordo com treinador, não honrou as parcelas em diversas oportunidades e o técnico processou o clube. Ele cobra R$ 1,1 milhão na justiça. Um cenário corriqueiro e que, mais uma vez, atrapalha o planejamento.

– Nós tivemos seis meses de conversas, de acordos que foram feitos, todos os termos entabulados e quando chegava a data do pagamento da primeira parcela, essa parcela não era paga. Até que, no final do ano, ele desistiu porque foi feito umas três vezes direto com o Fluminense, com a doutora Roberta Fernandes (diretora jurídica), o CEO (Fernando Simone), departamento financeiro, todo mundo participava e tal. Quando chegava na data de pagamento, não pagavam. Daí, renegociava para pagar numa data posterior, às vezes com 30, 40, 45 dias do pagamento da primeira parcela. Restabelecia o acordo e chegava na data e não depositavam. Então, o Marcelo (Oliveira) me pediu para entrar com a ação e eu disse que qualquer acordo que fosse feito teria de ser resolvido na justiça – explicou o advogado do treinador, Fábio Cruz, em entrevista ao NETFLU.

 
 
 

Dentre outras coisas, Marcelo Oliveira cobra parte do saldo de salário, parte da rescisão e outra parte relacionada a direito de imagem. Fábio Cruz destacou, agora, caso o Fluminense volte a não cumprir com a palavra, sofrerá a execução da Justiça, o que deve implicar em nova penhora.

– O primeiro acordo foi na gestão anterior e, já na gestão do Mário, foi uma ou duas vezes. Se quiserem fazer acordo na Justiça nós vamos fazer. Agora, não pagando, a gente vai ter o direito de executar. Antes a gente fazia o acordo do administrativo, sem a interferência do judiciário e não podia executar. Agora, se novo acordo for feito e descumprido, implicará na execução imediata – comentou.

Embora o caso esteja na Justiça, o advogado Fábio Cruz ressalta que se mantém aberto ao diálogo, mas sem criar expectativa em torno de pagamento. Ele ressalta que o treinador segue querendo receber apenas o que tem direito.

– Eu não tenho expectativa. Vamos para a audiência sem expectativa. Como o Fluminense tentou muitas vezes negociar antes da propositura da ação, imagino que vai ter interesse do clube em manter as negociações. O Marcelo não vai querer nada diferente, talvez uma correção, alguma multa, mas não estamos inventando números. O que a gente pretendia receber antes é o que a gente continua querendo receber – concluiu.

O NETFLU procurou o Fluminense na quinta-feira passada, dia 9, mas até o fechamento da matéria nesta noite de terça, o clube não se manifestou sobre o caso.

No fim do ano passado, o Globo Esporte destrinchou o caso:

Os contratos

Marcelo Oliveira firmou dois contratos: um trabalhista, outro de imagem. No primeiro, tinha remuneração de R$ 140 mil. No segundo, de R$ 80 mil. Ambos terminariam em 31 de dezembro de 2018 e tinham previsão de premiação por desempenho e multa em caso de rompimento antes do prazo.

As premiações

No contrato CLT, a bonificação estava assim prevista (nenhuma meta foi atingida):

No contrato de imagem, a bonificação estava assim prevista (nenhuma meta foi atingida):

  • R$ 400 mil em caso de título do Brasileirão
  • R$ 400 mil em caso de título da Sul-Americana
  • R$ 240 mil em caso de vaga na Libertadores (não cumulativa)

As multas

Caso fosse demitido antes do término do contrato, o treinador tinha direito a receber duas multas: R$ 140 mil no contrato CLT e R$ 80 mil no de imagem.

Os acordos de rescisão

A eliminação na semifinal da Sul-Americana, a má campanha no Brasileirão (oito jogos sem vitória e sem marcar gol) e o risco de rebaixamento fizeram o Fluminense demitir o treinador. Então, dois acordos foram feitos:

  • CLT: valor líquido de R$ 436.475,26, referente a verba rescisória e multa, dividido em cinco parcelas de R$ 72.745,88 a serem pagas nos dias 7/1, 10/2, 10/3, 10/4, 10/5 e 10/6 de 2019. Além disso, outros R$ 46.604,44 referentes a verbas do FGTS.
  • Imagem: valor líquido de R$ 322.148,23, referente a vencimentos de outubro, novembro e dezembro, multa e bicho de R$ 2 mil por vitória sobre o Atlético-MG, dividido em sete parcelas. A primeira de R$ 80 mil (7/12/2018) e outras seis de R$ 40.358,04, com vencimento no dia 10 de janeiro, fevereiro, março, abril, maio e junho de 2019.

Os atrasos

No processo, Marcelo Oliveira alega ter recebido apenas R$ 70 mil no acordo de rescisão CLT. Afirma que o Fluminense sequer abriu conta para pagamento do FGTS. E garante que o clube não deu baixa na carteira de trabalho. O ex-treinador tricolor alega ter recebido as quatro primeiras parcelas do distrato do contrato de imagem. Estando três em atraso.

Os pedidos

Os dois acordos de rescisão previam multa de 5%, juros de 1% e atualização pelo IPCA. Desta forma, o técnico decidiu cobrar o seguinte na Justiça:

  • R$ 561.395,91 a título de verbas rescisórias CLT.
  • R$ 86.122,46 a título de FGTS devido e multa.
  • R$ 121.074,00 a título de verbas rescisórias de imagem.
  • R$ 166.474,00 de honorários advocatícios.

Marcelo Oliveira chegou ao Fluminense na pausa para a Copa do Mundo de 2018, após a saída do técnico Abel Braga. Sob o comando dele, a equipe verde, branca e grená disputou 33 jogos, com 12 vitórias, oito empates e 13 derrotas. Nesse período, foram 26 gols à favor e 34 contra (aproveitamento de 44%).