Ciranda, Cirandinha

Luciano foi um dos fodões na quinta-feira (Foto: Lucas Merçon/FFC)

Vão falar daqui a alguns anos que o Fla x Flu de ontem (quinta-feira) foi uma semifinal de uma Taça Guanabara qualquer.

 
 
 

Não foi. Mas mesmo assim eles vão falar. Porque o time que não jogou futebol ontem conta com o aparato midiático que diminui derrotas e amplifica vitórias.

Aqui não.

O Fla x Flu de ontem não tem nome, não é o do Carrasco, nem é o da barrigada, mas, acreditem, tem um peso enorme.

Porque recoloca o Fluminense na sua condição natural de fodão. Porque o Fluminense sempre foi fodão e ontem foi mega fodão.

Todo o cenário desse arremedo de Maracanã era pra fazer com que nos sentíssemos como visitantes. Desde a venda dos ingressos – um negócio covardemente feito para afastar nossa torcida – passando pelo patético locutor flamenguista que tentava – sem qualquer êxito, coitado – inflamar aquele bando de zumbis catatônicos que hoje ocupa a arquibancada dos caras.

É Arrascaeta no banco, é Uribe no banco, é Vitinho no banco, é um time incensado pela mídia esportiva muquirana que temos no Brasil e que, a rigor, meteu uns golzinhos em meia dúzia de time pequeno. E é só.

Ontem tivemos um time jogando futebol e um time do Abel Braga. Que maravilha jogar contra o Abel, com todo o respeito que temos por ele, tricolor como nós. Sabe nada.

Vou repetir: sabe nada.

O Fluminense não amassou o Flamengo, nada disso. Acho honestamente que nem poderia. Não foi um ataque contra defesa que às vezes assistimos quando temos um jogo mais fácil. Foi ciranda, cirandinha, não tá mais comigo, nem comigo, nem comigo… Ahahahahahahahahaha. Constrangedor uns camaradas milionários correndo atrás da bola sem sucesso. Aquele tal de Gabigol deu uns 17 carrinhos pra tentar quebrar nosso passe. Flamengo foi sodomizado tática e tecnicamente.

O Fluminense dominou o Flamengo, subjugou o time da dissidência de uma forma arrebatadora. Deve ter muito comentarista por aí com dor de barriga até agora.

E o fez, sabemos, com um time individualmente bem mais limitado. Culpa das gestões desastrosas que tivemos nos últimos anos, mas principalmente culpa de um modelo de negócio no nosso futebol que escancara o objetivo de espanholizar as competições até que apenas dois ou três clubes dominem o cenário esportivo.

Só que, amigos, esses caras não podem fazer planos assim sem considerar o fator Fluminense.

Porque o Fluminense, não sei se já disse aí em cima, o Fluminense é fodão!

Digão é fodão. Deixou um daqueles atacantes milionários de bunda no chão. Rodolfo é ultra fodão porque parecia o Modric mesmo sendo goleiro. Aquele zagueiro Matheus Ferraz é muito fodão também. Parecia uma muralha na nossa defesa e saía jogando como se estivéssemos vencendo por 5 x 0. O colombiano foi fodão também. Bicho brigador. Gigante. Luciano super fodão. Chute seco e saco. Bastou. Bruno Silva fodão. Foi pra dentro dos caras, do juiz, do bandeirinha, do diabo.

Agora, o mais fodão de ontem foi o Airton. Critiquei pesadamente após a primeira rodada e tenho o maior prazer em vê-lo brilhar. Deu uma afinada (precisa mais), mas controlou o meio de campo como se estivesse jogando de joystick. Brincou. Não perdeu uma bola, se antecipou, passou, lançou, orientou. Um monstro.

Fodões que envolveram o Flamengo e ganharam o jogo como e quando quiseram (foi exatamente assim). Com um gol aos 47, o que põe esse Fla x Flu no rol dos jogos típicos, ou seja, tudo está normal.

Nossa torcida, vinte vezes menor, foi fodona. Até concordo que para abafar a torcida do Flamengo qualquer pastor do Largo da Carioca com a bíblia debaixo do braço consegue. Mas o que se viu ontem foi mais que abafar. Foi humilhar. Eu jamais vi na minha vida de torcedor uma torcida tão xexelenta como a deles.

Agora, a nossa está dando mole. Até entendo o revezamento diante da fragilidade da torcida rival, mas, pô… vocês não gostam de ser felizes?

Fla x Flu decisivo é bilhete premiado. A galera do sofá já deveria saber disso. Deram mole.

Esse Fluminense do Fernando Diniz merece muito aplausos. E os merecerá também no dia da derrota. Ela virá, é do jogo. Temos hoje um padrão definido e que encanta pela coragem e pelo que reflete de grandeza de espírito.

E grandeza de espírito é o Fluminense essencial. Nossa torcida precisa se entender resgatada (o resgate já aconteceu!) e ligar o disjuntor que estava desligado.

Falta a nossa parte. Contra o Flamengo sabemos que dá, mas domingo enfrentaremos uma torcida bem melhor que a deles.

Eu já estou contando os minutos pra ver esse time jogar de novo.

Os caras são fodões.

Abraços tricolores.