“Eu gosto de intensidade total, quando há faíscas de eletricidade por 
toda a parte, a mais pura adrenalina e ninguém conseguindo respirar 
direito”

A parte final, a de não respirar direito, é exatamente o que os 
adversários do Liverpool sentem.

 
 
 

Hoje a gente vai falar do início de carreira do treinador da moda do 
futebol mundial, de como ele virou treinador.

A história, retirada do livro Klopp de Raphael Honigstein (Editora 
Grande Área), tem muito do que a gente fala aqui todo dia e cobra dos 
dirigentes do Fluminense:

Um executivo em busca de um sistema de jogo.

Um jogador de inteligência acima da média e preocupado com questões táticas.

Uma decisão, em princípio, absurda e de alto risco. Lembram da frase 
que o maior risco é não se arriscar?

Um outro clube ( Borussia Dortmund) que contratou um modelo de jogo, o 
treinador desse modelo, ignorando os resultados recentes. O que é 
outra questão muito tocada aqui: apego demasiado a resultados, 
ignorando outros fatores na hora de avaliar um treinador ou um 
trabalho. O nosso futebol busca culpados, não busca respostas.

Vamos lá:

Fevereiro de 2001, o Mainz 05 perdera um jogo da segunda divisão alemã 
e mergulhou fundo na zona de rebaixamento.

Nesse dia, Klopp, machucado, havia jogado mal e sido substituído.

O executivo do clube Christian Heidel gostava do treinador do time, 
Krautzun, mas sabia que era hora de demiti-lo.

E aqui a gente precisa voltar um pouco pra contratação de Krautzun por Heidel.

Heidel não queria um nome. Procurava um treinador que soubesse 
replicar um sistema de marcação por zona/4 defensores que um antigo 
treinador do Mainz 05 havia implementado.

Um dia recebe um telefonema de Krautzun, marcam um jantar e ali, 
Krautzun explica toda a metodologia e todo o sistema de 4 defensores 
convencendo Heidel a contratá-lo.

Duas semanas depois, Klopp encontra Heidel e diz que Krautzun havia 
ligado pra ele um pouco antes de ser contratado, querendo saber como o 
sistema funciona e conversaram por 3 horas.

Vocês já entenderam quem realmente conhecia o sistema né?

Voltando ao momento da demissão. Time na zona, sem vencer, Krautzun 
seria demitido, esse era o fato, mas quem contratar?

Heidel continuava acreditando que a chance do Mainz era a volta ao 
sistema antigo. Mas não fazia ideia de quem poderia fazer esse trabalho.

A resposta então veio: não contratar nenhum. A equipe, segundo análise 
de Heidel, era dotada de jogadores inteligentes.

Mas precisava de alguém pra comandar isso tudo. Ligou pro quarto de 
Klopp, já veterano e disse: – Acho que vocês são intreináveis. As coisas que colocamos em prática aqui, só você e a  equipe entendem, não dá certo com nenhum treinador. O que você acha de nós mesmos nos treinarmos? E quem precisa liderar isso é você.

Klopp topou na hora.

O presidente do Mainz 05 na época, Harald Strutz, afirmou que essa foi 
a decisão mais importante que tomou como gestor.

Dez jornalistas acompanharam a coletiva que anunciara o nome de Klopp 
e gargalharam com o anúncio continuando as piadas nas edições dos 
jornais no dia seguinte.

Acabada a coletiva Heidel conta que chegou ao campo e viu um grupo de 
jogadores treinando movimentações de um lado para o outro, em formação 
e que os jogadores ansiavam por voltar ao 4-4-2, o sistema que os 
havia feito fortes. Os padrões de comportamento estavam sendo repetidos.

Diz ainda Heidel, que a palestra antes do primeiro jogo foi uma 
mistura de tática e motivação e que o time saiu do vestiário com a 
certeza da vitória, que veio, por 1 a 0, em cima do Duisburg, time bem 
melhor e candidato a subir de divisão, num jogo em que o adversário 
seuqre chegou perto do gol do Mainz.

Klopp dirigiu o Mainz por 8 anos. Foi pra Bundesliga, classificou pra 
Uefa. O Mainz 05 foi rebaixado na sua penúltima temporada à frente do 
time e não subiu na sua última. Mas seu trabalho jà havia chamado à 
atenção dos maiores.

O Borussia venceu a disputa com o Bayern Leverkusen e contratou aquele 
treinador que transformou o Mainz num “time de assassinos”, palavras 
dos gestores do Borussia pra deixar claro que eles só queriam Klopp, 
uma vez que o time jogava um futebol lento e previsível.

Na sua primeira coletiva no Borussia, Klopp foi muito claro quando 
falou de futebol: “Tem a ver com fazer a torcida feliz, disputar 
partidas com estilo de jogo reconhecível” . E complementou: “ O sol 
não brilhará todos os dias, mas temos a chance de fazê-lo brilhar com 
mais frequência”.

O resto, amigos, é história.

Tabelinha

– Ofereço esse texto a quem gere futebol contratando Cristóvão, 
Drubscky, Enderson, Levir Culpi, Marcelo Oliveira, Abel Braga, Oswaldo 
de Oliveira, Odair, … Essa “modinha” que ninguém aguenta mais.