(Foto: Arquivo pessoal)

Bom, acho que todo mundo já assistiu ao vídeo do Fred, pedindo pra torcida apoiar e não vaiar o time durante os jogos. Até aí eu só lamento. Mas, bem ou mal, o Fred tem o direito de falar o que quiser.

Acho bem triste um jogador de futebol com sua história fazer um negócio desses. Imagino até a repercussão que isso teria se ele fizesse o mesmo nos seus tempos de Seleção.

 
 
 

“Povo brasileiro, não vaie, apoie os 90 minutos. Em 58, 62, 70, 94 e 02 nós só fomos campeões porque vocês apoiaram”. Não faria isso, né? Levaria pedrada de tudo o que é lado. Mas no Flu

E tem gente embarcando. Eu tenho até dificuldade de adjetivar um troço desses. Na minha concepção de futebol é a arquibancada que se irrita ou se alegra com o time, nunca o contrário.

Mas Fred propõe a inversão. Nas entrelinhas existe um “Pô, segurem a onda, vocês atrapalharam”. Seria só absurdo, mas virou surrealismo na veia quando li, agorinha, que o perfil oficial do Fluminense compartilhou a distopia do capitão.

O Fluminense sério, centenário, pediria desculpas ao torcedor e daria uma bronca severa no jogador. O Fluminense do Imperador bate palmas pro pedido e o compartilha, na maior cara de pau, bem provavelmente porque os pouquíssimos torcedores presentes contra o Fortaleza mandaram o presidente tomar naquele lugar.

A resposta veio em forma de distopia: o uso do maior ídolo do time para pautar o que o torcedor deve fazer. Uma espécie de código de conduta, esquecendo que a história do Fluminense, com mais de 100 anos, foi forjada em muitas conquistas que saíram da arquibancada.

Ao Fred, Mário e também os valentões que bateram nos outros na arquibancada após os xingamentos ao presidente: o Fluminense cunhou o termo torcedor. Coloquem-se nos seus lugares. A arquibancada tem seus códigos. Códigos que foram feitos ao longo de mais de século.

Absolutamente ninguém pode se meter neles. A não ser que sentem a bunda na cadeira do estádio e entendam como a coisa funciona. Uma vez lá, façam o que quiserem. Se vai ganhar a voz da multidão, só pagando ingresso pra ver.

Aliás, sobre pagar ingresso, uma pergunta pra fechar esta coluna: Fred e Mário pagam o ingresso do torcedor? Fred e Mário pagam ingressos para verem a arquibancada ou continua sendo o contrário?

Numa boa, no Fluminense atual mel está comendo urso. Fred, jogue bola e receba as vaias como tantas vezes recebeu aplausos.

Mario, tome vergonha na cara e pare de uma vez por todas de tentar manipular a torcida. Ou você não gostou quando o “vai praquele lugar” era pro Abad, a quem você sucedeu? Respeitem a arquibancada. Errando ou acertando, vaiando ou aplaudindo, ela é sempre inquestionável.

Francamente, que assunto horroroso pra tratar em 2021, com um elenco recheado de perebas, um esquema de jogo sofrível e um meio de tabela que só agrada aos torcedores que embarcaram na narrativa oficial de que “isso aí é o que dá, diante das dificuldades”.

Que vergonha!

Abraços tricolores.