Último triunfo do Fluminense em decisão contra o Flamengo foi em 1995 (Foto: Acervo Flu-Memória)

O título carioca do Fluminense de 1995, com o icônico gol de barriga de Renato Gaúcho é um dos mais memoráveis da história. E a conquista tricolor completa 25 anos nesta quinta-feira. Em alusão à data, site “Uol” recordou 25 curiosidades daquele título tão marcante.

Confira a relação levantada pelo portal:

1 – Campeonato Carioca teve 169 jogos

Isso mesmo. Em um regulamento daqueles, os 16 clubes foram divididos em dois grupos. As equipes jogavam entre si, tanto na primeira quanto na segunda fase em pontos corridos. O líder de cada chave levava um ponto bônus para octogonal final.

No grupo A, Vasco e Botafogo venceram fases, enquanto no B, o Flamengo foi o melhor duas vezes. Ao fim, uma classificação geral determinava uma final entre os dois líderes de cada chave, a Taça Guanabara. O Rubro-Negro bateu o Glorioso por 3 a 2 e foi campeão.

Ao fim, o octogonal final tinha os quatro grandes e America, Bangu, Volta Redonda e Entrerriense. Os favoritos eram o Fla de Romário e o Bota de Túlio — que seria campeão brasileiro meses depois. Aquele Cariocão começou em 28 de janeiro e terminou só em 25 de junho.

2 – Velho conhecido em lado oposto

Ídolo do Fluminense, Branco disputou 157 jogos em três passagens pelas Laranjeiras, onde foi tricampeão carioca em 1983, 1984 e 1985 e campeão brasileiro em 1984.

Após bom ano pelo Tricolor em 1994, quando foi tetracampeão da Copa do Mundo com a seleção brasileira, teve rápida passagem pelo Corinthians antes de vestir vermelho e preto. Adversário naquele dia no Maracanã, recebeu muitas vaias da torcida do Flu, que não perdoou a “virada de casaca”.

3 – Expulsão de Lima comemorada como gol

Depois do gol de barriga, a torcida do Fluminense ainda comemorou “mais um gol”: a expulsão de Lima. Veloz e habilidoso, Sávio avançava sozinho em um contra-ataque e não restava mais alternativa se não a falta. O Flu terminaria o jogo com oito em campo.

“Não quis nem saber. O jogo estava no fim. A cobertura era minha. Ele veio e eu só pensei: ‘vou dar no meio dele’. Voei na canela, teve uma confusão e fui expulso, mas deu tudo certo”, lembrou Lima.

4 – Virou freguês

Com tantas partidas, ocorreriam, claro, muitos clássicos. Foram quatro Fla-Flus em 1995, e o Tricolor saiu invicto. Primeiro, um 0 a 0. Depois, 3 a 1, 4 a 3 e o épico 3 a 2. Os tricolores não perdoaram e fizeram música.

“O primeiro 0 a 0,
O segundo 3 a 1,
O terceiro foi 4 a 3,
E essa p… virou freguês!”

5 – “O gol é do Aílton!”

O árbitro Leo Feldman não pode reclamar da sorte. Foi dele a sorte de comandar duas das maiores finais da história do Maracanã. O lado rubro-negro sempre vai lembrar do gol de falta de Petkovic sobre o Vasco em 2001, que valeu o tricampeonato carioca. Em 1995, também era ele o “homem de preto” no gol de barriga. Mas na súmula, o gol foi dado a Aílton.

“A jogada foi toda dele. Ele dá dois cortes lindos no Charles Guerreiro e bate cruzado. A bola entraria sem bater na barriga do Renato, que até se encolheu para não tomar bolada. Eu defendi isso em um programa na TVE, com o Paulo Stein, na frente do Renato, anos depois. Nem Renato nem Aílton tinham visto aquela súmula”, afirmou Leo Feldman.

6 – Foguetório no hotel errado

O Fluminense tradicionalmente se concentrava em um hotel no Leme (zona sul do Rio) antes das partidas. Sabendo disso, organizadas do Flamengo decidiram realizar um foguetório para atrapalhar o sono dos jogadores rivais. Mas foram para o hotel errado. Alcides Antunes, então diretor de futebol, descobriu o plano rubro-negro e mudou todo mundo para um hotel em São Conrado, onde ninguém foi incomodado.

7 – Renato Gaúcho era dúvida

Craque do time, Renato Gaúcho não atuou nas últimas partidas do octogonal por conta de um estiramento na coxa e era dúvida até dias antes do Fla-Flu. Quem lembra do jogo pode nem acreditar: mais do que o gol de barriga, Renato marcou, deu carrinho e levou a defesa rubro-negra à loucura nos 90 minutos. Mas por pouco, ele não ficou de fora.

“Tive todos os cuidados nos treinos da semana para não voltar a sentir a lesão. Cheguei no vestiário e pedi ao médico para ir ao campo. Ele disse que estava chovendo muito, que o gramado estava muito pesado e seria perigosíssimo. Tudo que pedi a Deus foi que eu pudesse entrar em campo e não sentir nada. O resto eu ia tentar ajudar. Existia o risco de eu jogar dois, três minutos e sentir. Graças a Deus não senti absolutamente nada e a história foi feita”, resumiu Renato, ao SporTV, em 2015.

8 – 120 mil pessoas no Maracanã

O Fla-Flu decisivo teve 120.418 presentes no saudoso “velho” Maracanã. Atualmente, o estádio pode receber no máximo 78 mil pessoas, e as autoridades não liberam a capacidade total por questões de segurança.

9 – Super Ézio em papel de torcedor

Ézio, o “Super Herói Tricolor”, já era ídolo do Fluminense antes mesmo do título do Carioca de 1995. O destino fez com que, em sua pior temporada no clube, ele erguesse a taça que tanto merecia.

Em má fase e sofrendo com algumas lesões, ele perdeu a vaga de titular para o jovem Leonardo, que marcou o segundo gol do Flu na decisão. Mas não teve “bico”: do banco, agia como um verdadeiro tricolor, torcendo pelos companheiros. Na hora do gol de barriga, ele já estava em campo, numa desesperada tentativa de Joel Santana. O milagre veio.

10 – Destaque do Fla era tricolor na infância

O meia-atacante Sávio é ídolo do rival Flamengo e construiu linda história no futebol. Na infância, no Espírito Santo, entretanto, vestia a camisa do Fluminense, seu clube quando jovem.

Apelidado pelo narrador tricolor Januário de Oliveira como “Anjo Louro da Gávea”, o jogador nunca escondeu a história e sempre tratou o rival com enorme respeito. Hoje, claro, é rubro-negro.

11 – Romário faz primeiro gol contra o Flu

Romário marcou mais de mil gols em sua carreira. Muitos deles pelo Fluminense e outros tantos contra o Tricolor. Mas em 1995, o então melhor jogador do mundo nunca tinha deixado o dele sobre o Flu. O craque não fez grande partida, mas deixou o dele, o primeiro do rubro-negro no épico Fla-Flu.

12 – Trio vira casaca após título

Três titulares do Fluminense foram jogar no Flamengo após o título de 1995: Márcio Costa, Lira e Djair. Os três fizeram parte de um time que não deu certo no centenário rubro-negro, enquanto o Tricolor ficaria de fora da final do Campeonato Brasileiro no critério de desempates. O Botafogo acabou campeão sobre o Santos, que eliminou o Flu.

13 – Final antecipada?

Três rodadas antes do fim do octogonal, Flamengo e Botafogo estavam empatados na liderança e se enfrentavam no Maracanã. No mesmo dia, o Fluminense, com dois pontos a menos, recebeu o Volta Redonda nas Laranjeiras, lotadas para o confronto decisivo.

Além de vencer o Voltaço, o Tricolor precisava de uma vitória rubro-negra, adversário que enfrentaria na última rodada. A combinação aconteceu: Flu 2 a 0, com gols de Lira e Edinho, e Fla 1 a 0, gol de Sávio. O Tricolor era dono de seu próprio destino.

14 – Três Rios em três cores

Na penúltima rodada, o Flamengo jogou antes. Na Gávea, o Rubro-Negro enfiou 5 a 0 no Volta Redonda e, se o Fluminense não vencesse, comemoraria a taça por antecipação e disputaria o clássico já campeão.

Em Três Rios, o acanhado estádio Odair Gama estava entupido com mais de 4 mil tricolores que viram Leonardo (2) e Rogerinho marcarem três gols de cabeça para dar a vitória ao Tricolor. No interior, festa dos tricolores que garantiram a final. O Rio respirava mais um Fla-Flu decisivo.

15 – Desvio antes da barriga

Antes de pegar na barriga de Renato Gaúcho, a bola ainda resvalou na perna do zagueiro Jorge Luís, do Flamengo. No desespero, ele tentou travar o chute de Aílton após o camisa 8 do Fluminense tirar Charles Guerreiro para dançar na ponta direita. O desvio ajudou a amaciar a bola para Renato fazer história.

16 – Três pontos de bônus

O Flamengo chegou à decisão com muita vantagem. O Rubro-Negro não só liderou duas vezes sua chave nas primeiras fases como também venceu a Taça Guanabara. Por isso, chegou ao octogonal já com três pontos de bônus. Vasco e Botafogo tinham um e o Fluminense saiu do zero.

O Tricolor foi quase perfeito na fase decisiva: apenas uma derrota, para o Bota, no Maracanã. Assim, pulverizou a vantagem para os rivais, que perderam três vezes cada. O Alvinegro foi a pedra no sapato, único rival de toda a competição que o Flu não derrotou.

17 – Artilheiro improvável

Renato Gaúcho? Que nada. O artilheiro do Fluminense no Campeonato Carioca de 1995 foi Leonardo, com dez gols. O atacante ganhou a vaga de Ézio em clássico contra o Vasco, no octogonal final. O Flu perdia por 2 a 1 quando ele entrou em campo e marcou os dois gols da vitória de virada por 3 a 2. O segundo, de cabeça, veio no finzinho, aos 40. Se não vencesse ali, já na segunda rodada, o Tricolor ficaria oito pontos atrás do Flamengo.

18 – Banco pediu para tirar Renato

Baleado pela lesão, Renato Gaúcho quase saiu de campo no segundo tempo. Cansado, perdeu ritmo e passou a errar mais que o normal. Do banco, Cadu sugeriu que Joel Santana tirasse o jogador. Sorte que o “Papai” é supersticioso.

“Jogador desse tipo não se tira”, respondeu.

19 – Craque lesionado

Mesmo em crise financeira, o Fluminense anunciou duas grandes contratações em 1994. Chegaram o ídolo Branco e o meia Luis Henrique, que fez história no futebol francês e foi bicampeão da Copa América com a seleção brasileira em 1991 e 1993.

Em ano de Copa do Mundo em outra época, os dois queriam ficar “mais próximos” dos olhos de Carlos Alberto Parreira para a convocação. Branco, que vinha em baixa, conseguiu. Luis Henrique, por outro lado, sofreu seguidas lesões no joelho e não foi aos Estados Unidos, onde o Brasil conquistou o tetra.

No Flu, ficou três anos e jogou apenas 69 vezes, marcando dez gols. Assistiu das tribunas ao título de 1995, seu único com a camisa tricolor. O “Monsieur” se machucou justamente contra o Flamengo, na vitória por 4 a 3.

20 – Rogerinho Talismã

O substituto de Luis Henrique no Fla-Flu que terminou 4 a 3 foi Rogerinho. O franzino meia nem aqueceu, mas depois que entrou, marcou duas vezes e virou o placar para o Fluminense no Maracanã. Ele ainda marcou mais seis no Carioca — quatro nos oito últimos jogos — e virou o Talismã de Joel Santana no elenco.

21 – A ligação de Careca

O atacante Careca nunca atuou no futebol do Rio. O ídolo de Guarani, São Paulo e Napoli, entretanto, teve uma participação no título tricolor. Como uma premonição, ele ligou para o amigo Renato Gaúcho no dia anterior ao Fla-Flu, e disse que ele arrebentaria no jogo.

22 – Ximbica passa mal no intervalo

O Fluminense tinha um símbolo em seu vestiário: o roupeiro Ximbica, que faleceu em 2002. Tricolor de coração, ele tinha problemas cardíacos (que causaram sua morte) e passou mal no intervalo do jogo, quando o Flu vencia por 2 a 0.

Depois, em entrevista, culpou o tempo sem títulos pelo nervosismo por uma taça. Reza a lenda que, assim que se acalmou e o mal-estar passou, Renato fez de barriga e deu o título ao Fluminense.

23 – É campeão?

Faltando alguns minutos para o fim do jogo, o Flamengo tinha um a mais. A torcida não se conteve e começou a gritar “É campeão!”. O castigo veio a cavalo: logo em seguida, Ailton arrancou pela direita, driblou Charles Guerreiro e Renato, de barriga, marcou o gol do título do Fluminense.

24 – Palmeiras quase leva herói

Técnico de Renato Gaúcho no título mundial do Grêmio em 1983, Valdir Espinosa foi contratado pelo Palmeiras e pediu o reforço de seu pupilo. O treinador, falecido neste 2020, veio até o Rio de Janeiro para fechar negócio com o camisa 7.

Mas São Paulo não estava nos planos do craque, e sua ideia era ser campeão no Fluminense. O jogador disse a Espinosa que iria levantar a taça, e, depois, pensaria em qualquer proposta. Herói do título, resolveu ficar, mesmo com os salários atrasados, e por pouco não conquistou também o Brasileirão naquele ano.

25 – Renato Gaúcho queria parar antes de virar Rei do Rio

Antes de fechar com o Fluminense, Renato Gaúcho passava férias em Búzios e estava decidido a parar de jogar futebol.

Cansado das concentrações, viagens e treinos, o ídolo do Grêmio com passagens marcantes por Flamengo, Cruzeiro e Botafogo achava que já tinha feito de tudo. Até que apareceram Alcides Antunes, diretor de futebol, e Pierre Carvalho, então repórter da Rádio Globo. Quem o convenceu, entretanto, foi sua esposa, Maristela.

“Joga, Renato. Você vai morar no Rio de Janeiro. Tenta ajudar”, incentivou, nas palavras do próprio camisa 7.

E Renato não só jogou pelo Fluminense como se tornou um dos maiores ídolos do clube, não só pelo gol de barriga, mas pela postura de líder do grupo que por pouco não venceu também o Brasileirão em 1995 e pelas passagens de treinador, do inferno no rebaixamento ao título da Copa do Brasil de 2007 e o quase na Libertadores de 2008.

Foram 71 jogos, 27 gols e uma barriga que entrou para a história do Fluminense, do Campeonato Carioca, do Maracanã e do futebol brasileiro. O Gaúcho virou Rei do Rio.