Acabou o amor. Um dos grupos que se juntou à Flusócio e formou o bloco de apoio ao presidente Pedro Abad nas últimas eleições, o Esperança Tricolor se retirou da gestão nesta noite. Em nota oficial, diversas críticas foram feitas acerca da maneira como o clube vem sendo conduzido, justificando a alternativa por não apoiar mais o mandatário tricolor.

Confira: 

 
 
 

“Estimados Tricolores,

Escrever esse texto nos traz uma angústia que nos faz repensar prioridades e decisões tomadas. O passado não se muda. Mas nos ensina lições que nos fazem amadurecer.

Nosso grupo sempre sonhou em fazer do Fluminense um clube cada vez maior. Um clube organizado, estruturado e que se pauta pela honestidade, respeito e trabalho árduo pelo sucesso.

Um clube com finanças equilibradas, processos claros, governança profissional e que através disso tudo seja vitorioso no seu carro chefe, o futebol, sem deixar de lado os demais esportes.

Sonhamos com um clube que contribua para a sociedade, com escolinhas de diferentes esportes, presença em outros estados, que ajude na inclusão social de crianças carentes. Um centro de excelência e de formação moral de cidadãos, mantendo nossa contribuição histórica não só ao futebol como ao país. Profissionalismo não é capricho nem frescura. Hoje em dia é obrigação.

A decisão de apoiar a candidatura Pedro Abad foi muito difícil. Basicamente o clube tinha se polarizado entre dois candidatos e nos cabia definir se nos faríamos ausentes do processo ou se apoiaríamos um deles. Decidimos pelo que nos parecia mais positivo ao clube e mais aberto ao sonho que tínhamos.

Muitos nos acusaram de fisiologistas, de querer o poder pelo poder, de vendidos. Injustiças passadas que não ajudam em nada o Fluminense que é o que importa. Nunca tivemos cargos remunerados ou não nessa gestão. E ser conselheiro te traz mais deveres que benefícios. Ao longo desses 15 meses participamos de inúmeras reuniões, muitas larguíssimas, sacrificando nossas famílias e nossas vidas pessoais. Perdemos companheiros queridos e importantes ao longo da jornada e alguns de nós tiveram até suas vidas profissionais impactadas negativamente. Essa é a parte invisível do trabalho político num clube da grandeza do Fluminense.

Nesses 15 meses apresentamos inúmeras sugestões ao clube e 8 projetos detalhados. Projetos para Xerém, para o futebol profissional, para o clube social, Laranjeiras, Marketing, Comunicações, Planejamento Estratégico e Esportes Olímpicos. Todos apresentados aos poderes constituídos do clube, todos documentados e detalhados. De tudo apresentado, muito pouco foi aproveitado. E aí reside nossa frustração.

Se soubéssemos que o clube não quis aproveitar nossas idéias mas fez algo, ok. Aceitamos que não há nenhuma obrigação de fazer o que propomos. Mas ignorar e não fazer nada é muito frustrante. E irrita. Se a gestão tem um grupo fechado de confiança que define tudo, ok podemos entender. Mas se esse grupo fechado é limitado a 2 ou 3 pessoas, começa a complicar. O Fluminense é complexo e necessita de gente. Em quantidade e qualidade. Centralizar decisões é um erro gravíssimo. Isolar-se, pior ainda. E infelizmente esse é o perfil atual.

A arrogância, o conservadorismo e a negligência vão fazer com que fracassemos. E parece que esse é o caminho definido. O Fluminense não precisa de um projeto de poder. Precisa de um projeto. Precisa de gente séria, disposta a trabalhar e que priorize o clube e não interesses pessoais ou de seus grupos.

É muito fácil ser crítico de obra pronta. No futebol se a bola não entra, nada serve, nada presta. No nosso caso estivemos aí por 15 meses. Dispostos a ajudar gratuitamente. Sem interesses. Sem benefícios ou vantagens que não fosse ver o Fluminense forte e vitorioso. Infelizmente nossa conclusão é que não há espaço para ajudar. E se não há espaço, o melhor é se afastar. Dessa maneira decidimos que a partir de hoje não faremos mais parte da gestão Abad. Seremos independentes e seguiremos nosso trabalho de sempre: elogiar quando for o correto e criticar quando for a hora. E nas críticas, incluir propostas de solução. Ser pedra é muito fácil. Destruir, ainda mais. Mas o que nos importa é construir. E assim seguiremos.

Desejamos sorte a gestão Pedro Abad. Vocês cuidam de algo que nos é muito caro. Vocês cuidam da nossa paixão. Do que nos faz perder noites de sono e horas do dia discutindo e pensando. Cuidem do nosso Fluminense. Abram seus olhos e mentes antes que seja tarde. Não descansaremos enquanto não fizermos do Fluminense o clube que sonhamos. Mas agora tentaremos fazer isso a partir do Conselho e afastados da gestão. Boa sorte Fluminense! Seguiremos apoiando ao time que esse ano a que pese suas deficiências técnicas e o péssimo planejamento feito para o futebol em 2018, tem representado o clube com valentia, suor e como verdadeiros guerreiros. Mais vale a lágrima da derrota do que a vergonha de não ter lutado.

ST!”