(Foto: Paulo Brito/NETFLU)

Cadê a antecipação das eleições? Após conseguir mudar o estatuto em Assembleia Geral Estatutária (AGE) votada por sócios, onde uma maioria esmagadora de 812 votos contra 179, deu aval pela alteração, ainda no mês de janeiro, nada se sabe sobre a data que Pedro Abad irá, finalmente, convocar as eleições presidenciais do Fluminense. Essa demora irrita um dos principais grupos de oposição, a Associação Nacional Tricolor de Coração (ANTC), que apoia o Triunvirato, composto pelo ex-dirigentes Mário Bittencourt e Ricardo Tenório, além do ex-mandatário da Unimed, Celso Barros.

A ANTC entende que a antecipação das eleições foi um ato unilateral de vontade do presidente Abad, que não queria sair através de uma renúncia por entender que isso seria um ato de covardia. Portanto, a rigor, desde o dia 27 de janeiro o presidente já poderia convocar as eleições, as quais, pelo texto aprovado, devem ser realizadas em 30 dias após o ato de convocação e definição da data, apesar de todas as ressalvas, inclusive apontadas pelo presidente do Conselho Deliberativo, Fernando César Leite, em torno do registro da ata e do novo estatuto.

 
 
 

O grupo de apoio ao Triunvirato entende ainda que, “de modo totalmente conservador e com excesso de zelo para evitar possíveis discussões judiciais”, Abad decidiu que apenas após o registro da alteração estatutária no RTD (Registro de Títulos e Documentos) convocaria as eleições.

– Alterações anteriores tiveram efeitos e aplicações imediatas independente de registro, haja vista a própria criação do sócio futebol, o qual teve início da sua comercialização em menos de 48h após a sua aprovação por AGE em novembro de 2012 – destacou o presidente da Tricolor de Coração, Luis Monteagudo.

Em entrevista coletiva concedida logo após a aprovação da mudança de estatuto, o presidente Pedro Abad explicara qual seria o próximo passo após a aprovação da Assembleia Geral Estatutária.

– O primeiro passo é registrar essa ata em cartório. Depois, podemos divulgar a data da nova eleição. Não pode ser em um prazo extremamente curto pois os candidatos precisam montar as chapas. Sobre questões judiciais, penso que judicializar é um direito de qualquer cidadão, mas a gente entende que o processo foi seguido corretamente. É de se estranhar ir contra o que os sócios decidiram. O maior poder do clube é a Assembleia Geral. Ir contra é esquisito. Tenho dificuldade de entender isso – disse o mandatário na época.

Resignados em ver a promessa de Abad sendo cumprida, a ANTC julga “estranho” o clube ter optado por uma ata notarial (documento feito por um Ofício de Notas, ou seja, um cartório comum) para relatar todo o ocorrido no dia da AGE e, com isso em mãos, levar a alteração a registro. Para a grupo, bastaria apenas que o próprio clube fizesse sua ata normal e levasse a registro juntamente ao texto aprovado na Assembleia Geral. Entretanto, ata notarial (ato pago ao Cartório), a qual já estava sendo redigida no próprio dia da AGE, por um funcionário do cartório que estava no clube com um notebook, demorou mais de 20 dias para ficar pronta.

– Estranho e absurdo. Talvez tenha contado com “operação tartaruga” dos responsáveis e daqueles que tinham que assinar o documento. No entanto, ao que tudo indica, informações dão conta de que na véspera do Carnaval (quinta, dia 28 de fevereiro) finalmente o registro no RTD ficou pronto. Sendo assim, nada mais há de burocracia a ser cumprida. Basta que Abad marque e convoque a data da eleição. Simples assim – concluiu Monteagudo.

Caso a convocação não saia o quanto antes, notas oficiais de repúdio serão lançadas via imprensa e veículos de comunicação por parte da Tricolor de Coração nos próximos dias, assim como é estudada uma ação judicial para que Abad cumpra a vontade dos sócios indicada através da AGE. Desde a AGE, inclusive, o presidente do Fluminense não procurou nenhum dos possíveis candidatos para falar sobre a data do pleito nem para consultar sobre atos de gestão que continua executando como se não houvesse prazo para sua saída.