(Foto: Lucas Merçon)

O Fluminense bateu a Luverdense  por 2 a 0 no meio de semana e avançou à próxima fase da Copa do Brasil. Num duelo marcado pelas fortes chuvas, o Tricolor demonstrou algumas falhas importantes, conforme análise do jornalista do “O Globo”, Carlos Eduardo Mansur.

Confira: 


 
 
 

“Só foi possível jogar futebol por 45 minutos, nesta quarta-feira, no Maracanã. Depois que a chuva permitiu, o Fluminense não chegou a ser brilhante e exibiu problemas já habituais, mas também teve virtudes. Foi seguro, permitiu poucas oportunidades ao rival e viu o volante Allan ter boa atuação. Foi dele o lance mais bonito da noite, o passe para Luciano colocar o 2 a 0 no placar, resultado que leva o tricolor à quarta fase da Copa do Brasil. Antes da bola rolar, foi observado um minuto de silêncio para Júlia Neves, 6 anos, aluna da escolinha de natação tricolor, vítima da forte chuva que caiu sobre o Rio na segunda-feira.

É fato que o Fluminense tem uma série de problemas para se tornar competitivo às vésperas do Campeonato Brasileiro. E também é verdade que alguns destes problemas, como a dificuldade para infiltrar em defesas adversárias e construir chances de gol a partir de sua posse de bola sempre elevada, se repetiram. Mas não parece justo enquadrar as deficiências de ontem no contexto da temporada tricolor. Ao menos no primeiro tempo, quando a chuva forte e o campo alagado comprometeram a partida.

Em dado momento, chegou a ser insensato o prosseguimento do jogo, tanto pelo lado da segurança dos jogadores, quanto da preservação do espetáculo. Mas o árbitro Rodrigo D’Alonso decidiu não interromper a partida. Neste cenário, o Fluminense teve o mérito de não ser incomodado em sua defesa. Mas criou pouco. Em uma transição rápida, quando ainda era possível trocar passes, o time saiu jogando com eficiência, mas o chute de Luciano foi desviado. Depois, uma cobrança de falta perto da área acabou desperdiçada.

O segundo tempo teve mais futebol, mas nem sempre um jogo de alta qualidade. O gol de Yony, em cruzamento de Everaldo logo aos três minutos, parecia criar condições ideais para o tricolor deslanchar, mas o time sofria com erros técnicos, atuações individuais abaixo do esperado e, apesar de controlar o jogo com a bola, tinha dificuldade de penetrar.

Funcionava melhor quando conseguia desarmes na saída de bola do Luverdense, retomando a bola a meio caminho do gol. Foi assim que Luciano quase ampliou o placar. Mas ao se estabelecer no campo contrário, a troca de passes raramente terminava em finalização perigosa.

Luciano tem papel de protagonista na criação de jogadas, ao sair da posição de atacante e ajudar a armar. Mas nem sempre exibe critério nos passes, ainda parece um jogador em adaptação à função. Bruno Silva também mostra dificuldade de se adaptar à distribuição de jogadas, embora ajude ao dar equilíbrio defensivo. E, embora inteligente em alguns momentos, além de claramente técnica, a participação de Ganso no jogo precisa ser um pouco mais frequente e dinâmica, acelerando a circulação da bola.

De todo modo, o Fluminense nunca se viu ameaçado. Apesar de controlar a bola e tentar se instalar no campo ofensivo, tem o mérito de não se expor.

Mas a melhor notícia no meio-campo tricolor foi Allan. O jovem volante, que veio por empréstimo do Liverpool, teve boa atuação. E ofereceu ao público que enfrentou a forte chuva e os perigos da cidade do Rio de Janeiro o bonito passe para Luciano marcar o segundo gol.”