(Foto: Reprodução SPORTV)

O Campeonato Brasileiro terminou e mais uma vez os cariocas foram apenas coadjuvantes. Com exceção do Flamengo, que disputou o título, mas que terminou o ano sem levantar um caneco sequer, Fluminense, Botafogo e Vasco flertaram com a zona do rebaixamento e terminaram na metade da tabela.

Em publicação no próprio blog, Renato Maurício Prado criticou as gestões dos times do Rio de Janeiro. O jornalista aproveitou para exaltar o ex-presidente do Fluminense, Francisco Horta, que montou a “Máquina Tricolor” na década de 1970 e foi responsável por “reforçar” o futebol carioca.

 
 
 

Confira a publicação: 

“Quando eu era um jovem repórter, em início de carreira, o presidente do Fluminense era Francisco Horta. Após mais de 40 anos de atividade, não tenho a menor dúvida de que ele foi, disparado, o melhor dirigente do futebol brasileiro de lá para cá.

Lembrei-me muito do Horta no final desse campeonato brasileiro, não somente pela situação dramática que viveu o seu Fluminense, lutando até a última rodada contra o fantasma do rebaixamento, mas também pela indigência do futebol carioca, onde apenas o Flamengo foi protagonista no torneio – e mesmo assim acabou o ano sem levantar um caneco sequer.

Além de ter contratado Rivelino e montado a famosa “Máquina Tricolor”, bicampeã carioca e semifinalista dos campeonatos brasileiros, em 1975 e 1976, ambos conquistados pelo timaço do Internacional de Paulo Roberto Falcão, Paulo César Carpegiani, Figueroa, Manga e outros, Francisco Horta foi o criador dos famosos “troca-trocas” entre clubes do Rio. Com eles, sem que se gastasse um tostão, era possível reforçar os times, incendiar as torcidas e lotar o Maracanã. Coisa de gênio.

Pena que, de lá pra cá, o que era apenas uma rivalidade sadia entre os quatro grandes, Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco, tenha se tornado um ódio lamentável e injustificável que faz com que não se consiga pensar em conjunto, em busca de soluções para salvar o velho e violento esporte bretão nessa cidade outrora maravilhosa.

Já imaginaram se ainda fosse possível um troca-troca entre os cariocas? Trauco não vem sendo utilizado no Fla? Certamente seria muito útil no Vasco ou no Botafogo. O Fluminense está precisando de uns três ou quatro reforços? Quantos conseguiria se resolvesse incluir no negócio Richard, ou Ayrton Lucas? E Máxi Lopez, quanto valeria numa transação entre os cariocas? O argentino por Diego seria uma loucura?

Enfim, são apenas e tão somente especulações que, nos tempos de Horta, Márcio Braga, Charles Borer e Agatirno da Silva Gomes puderam ser transformadas em negócios que de uma forma ou de outra fortaleceram o futebol carioca dentro e fora de campo.

Nos dias de hoje, o diálogo entre os chamados “coirmãos” praticamente não existe mais. A ponto de chegarmos ao ridículo mor de um se referir ao outro como “o rival”, só para não proferir seu nome. Essa e outras atitudes extremamente estúpidas, como por exemplo, proibir que crianças (vou repetir, CRIANÇAS) entrem na sede de um dos clubes usando a camisa dos outros, está no embrião da violência que a cada dia vai afastando mais os torcedores de bem dos estádios e tornando o futebol um espetáculo de sofá.

Dirigentes ao estilo Eurico Miranda trouxeram o ódio para os campos e o disseminaram para as arquibancadas e até para as ruas da cidade – onde tem ocorrido a maioria dos confrontos com vítimas fatais.

É nesse ambiente doentio que figuras como os “caixas d’água” e os “rubinhos” dividem (os clubes), se perpetuam e proliferam. Não é à toa que tivemos este ano três dos quatro grandes brigando para não cair a maior parte do campeonato. Títulos? Só mesmo o do carioquinha “me engana que eu gosto”, levantado pelo Botafogo.

É ou não é pra morrer de saudades de Francisco Horta?”