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Em mais uma apuração exclusiva, o NETFLU divulgou neste início de semana que o departamento de Futebol Tricolor está com as premiações em dinheiro atrasadas. Para muitos, uma notícia revoltante. Mas não é uma exclusividade do Fluminense tal prática. Porém, como em todos os clubes, nas Laranjeiras ela tem suas peculiaridades.

Em 2012, a equipe tricolor conquistou o Carioca e o Brasileiro, além de ir às quartas de final da Libertadores. Neste cenário, a palavra prêmio era uma constante. Com sérias dificuldades financeiras na ocasião, principalmente por conta dos imbróglios relativos à conturbada Certidão Negativa dos Débitos, as tais premiações pingavam em incontáveis parcelas. O que mais arrepiava os cabelos dos contemplados era a surpresa. Nunca houve programação. Não dava para contar para nada. De repente alguém sussurrava: “Acho que pingou uma merreca na conta”. E a corrida ao caixa da entrada da sede se iniciava.

 
 
 

O mais interessante na relação dos envolvidos com as premiações é que muitas vezes o salário estava atrasado, mas ainda assim se cobrava o benefício. Era como se existisse uma cortina que servia para esconder toda a poeira da falta de resultados e, em alguns casos, de comprometimento com uma cobrança por um benefício que deveria ser levado como agrado, mas era tratado como herança.

Em 2013, praticamente o mesmo elenco que foi campeão Brasileiro no ano anterior brigava contra o rebaixamento na mesma competição. Fora o trauma de mais uma eliminação relativamente precoce na Libertadores. Porém, os prêmios do ano anterior vitorioso ainda não haviam sido quitados e o clima de cobrança do vestiário permanecia presente. Numa relação minimamente lógica, se 90 % do time que conquistou os títulos levava o clube ao declínio profundo, a premiação perde um pouco de seu requinte. Seria uma relação básica: você me fez campeão e agora me leva para uma divisão inferior. Quanto você merece de bonificação por isso? O salário não se discute, mas essa “participação nos lucros” deveria ser repensada se os lucros começam a definhar.

Hoje, não sei bem quem organiza a questão com o pessoal do campo. Praticamente, só há o Gum e o Cavalieri minimamente identificados com o clube de maneira mais longa e sem afastamento. O Magnata ficou muito tempo longe e a molecada de Xerém ainda não teria essa entrada. Antigamente existia uma espécie de Conselho. O Berna era o tesoureiro da situação, mas tinha a condução dessa organização dividida com Fred, Edinho e, mesmo que de forma menos incisiva, com Deco. Tudo era pensado e organizado. Havia um cálculo que envolvia participações em partidas, jogos como titular ou reserva, períodos concentrados e tudo mais que refletisse uma mínima meritocracia. E nesse cenário eles mantinham um canal sério e direto com a diretoria. Essa coisa de o “presidente não ir aos jogos por não pagar os prêmios”, se verdade, é um retrocesso absurdo em um sistema que já tinha uma estrutura montada. Ou quer dizer que o Fluminense, um dos maiores clubes do Brasil, não consegue manter uma organização tão básica por conta da perda de meia dúzia de jogadores mais velhos? Não consigo acreditar em tamanho recrudescimento. Inclusive, o presidente fica sentado em um salão em cima do vestiário. Proximidade nunca foi problema. Ou talvez, para ele, seja o problema.

Independentemente do pagamento de tal benefício, me surpreende a ousadia de um grupo de trabalhadores, dono dos consideráveis vencimentos já conhecidos por todos, reivindicar de maneira tão veemente um agrado. Surpreende mais ainda pelo momento da equipe, que é mediano. E garanto que a culpa foi da tal da Primeira Liga, que não deu nem esse retorno financeiro todo, mas deu motivos para os funcionários do Futebol se acharem no direito de ganhar mais e fazer menos no resto do ano.

Anteriormente, boa parte desses “bichos” era paga pela Unimed. Aliás, boa parte não, a maior parte era paga pela Unimed. Hoje ficou tudo para o clube. Dos agrados ao diálogo, tudo é com o comando Tricolor. E fazer trato sem poder pagar com quem não gosta de trabalhar é promover uma greve com as máquinas funcionando, é estender as cortinas que o “corpo mole” precisava para destilar suas pedaladas sem objetivo por aí, é gerar recursos para que se possa extinguir os propósitos de um clube grande na metade do maior campeonato do ano, é ver nos olhos de cada funcionário reivindicador a mensagem que tu mereces: “Você prometeu me pagar mais pelo que fiz. Não me peça  nada mais além disso”.