Foto: Acervo Flu Memória

Pelé completa 80 anos nesta sexta-feira e é conhecido no mundo inteiro como o “Rei do futebol” por sua carreira vitoriosa no esporte. O que nem todo mundo sabe, porém, é que o atleta chegou a vestir a camisa do Fluminense em uma partida. Ela aconteceu há mais de 42 anos, em 26 de abril de 1978, em amistoso do Tricolor contra o Racca Rovers, na Nigéria, vencido por 3 a 1 pelo Flu.

O portal GE relembrou algumas histórias curiosas do dia em que Pelé vestiu o manto tricolor atuou no Estádio Municipal de Lagos. Vale lembrar que o Rei do Futebol iria apenas para receber homenagens, dar o pontapé inicial da partida e uma volta olímpica para saudar a torcida. No entanto, a multidão ficou em polvorosa e o governador ameaçou até deixar o estádio e retirar o policiamento se Pelé não jogasse.

– Rapaz, chegamos com estádio super lotado e mais uma multidão do lado de fora, a polícia batendo de chicote… Era um estádio bem pequeno, cabiam no máximo 10 mil pessoas. O Pelé estava com roupa de passeio, na hora que subiu tinham pessoas para recebê-lo e deram um traje típico. Ele chegou perto de mim e disse: “Olha a palhaçada que vou fazer”. Ele foi andando, abriu os braços com aquela roupa e saldou a torcida, aí o estádio veio abaixo – recordou o ex-goleiro Renato, o Aranha Negra.

Além do jogo, jogadores, comissão técnica e torcedores sofreram um ataque de um enxame de abelhas na ocasião. A imprensa, na época, noticiou que um policial local foi picado e chegou a perder o equilíbrio, caindo do cavalo. Enquanto isso, o técnico Paulo Emílio se escondeu debaixo do banco de reservas para tentar fugir das criaturas. Um verdadeiro sufoco!

– Era uma nuvem de abelha africana, um barulho que era uma coisa louca, parecia de avião a jato. Foi uma cena igual de guerra, todo mundo se jogando no chão. Foi aterrorizante. Brinquei com o Pelé depois: “Está vendo, é a maldição sua” (risos). Mas foi todo mundo deitando no chão, se jogando, abelha para tudo que é lado – contou Tatu, ex-atacante que foi titular no amistoso.

Mas talvez o maior perrengue que os jogadores passaram foi com a alimentação. Por conta da preocupação com a falta de higiene no país, a delegação proibiu atletas de comerem qualquer coisa e até de beberem água. A salvação foi uma mala de mantimentos encomendada e que foi levada pelo torcedor Antônio Barros, conhecido de um dos atletas dos tempos de futebol de praia no Rio de Janeiro:

– Foi a salvação. Eu e o Tatu éramos vizinhos, e nossas mulheres eram muito amigas. Quando chegamos lá, um calor de louco, não nos deixavam nem beber água. Ficávamos tomando só cerveja. A comida também era uma coisa pavorosa, tinha uma carne que falavam que era de macaco… Aí bateu o desespero. Liguei para minha mulher, ela juntou 25 kg de alimento e mandou. Tinha pizza, lata de feijoada, queijo, patê… Não sei como essa mala conseguiu passar na alfândega (risos), foi uma benção de Deus. Quando chegou, falei para o pessoal: “Pega o pão, que coisa para pôr dentro eu tenho” (risos) – relembrou Renato, goleiro reserva.