Problemas nos arredores do CT do Fluminense são destacados por jornal esportivo português

"A Bola" cita incidentes no centro de treinamento tricolor

A vizinhança do centro de treinamento do Fluminense e os incidentes que lá ocorreram ultrapassaram o oceano atlântico e chegaram a Portugal. O jornal esportivo “A Bola”, um dos principais do país, repercutiu os problemas que o clube carioca enfrenta pela proximidade de seu CT com a comunidade Cidade de Deus.

A reportagem lembra das supostas declarações do ex-técnico Muricy Ramalho, que em Laranjeiras existiam ratos e a modernidade do CT. Cita que o novo local de treinos fica numa região valorizada do Rio de Janeiro, mas próximo da Cidade de Deus, que ficou mundialmente conhecida por um premiado filme homônimo, lançado em 2002.

 
 
 

De acordo com “A Bola”, comissão técnica, jogadores e jornalistas trabalham ao som dos tiros e há o costume de as pessoas se abaixarem para garantir a segurança, como aconteceu no jogo-treino contra o Serra Macaense.

A invasão de bandidos no CT, fazendo seguranças do Fluminense de refém, e o presumível código com a organização criminosa que comanda a Cidade de Deus  para que os funcionários entrem em segurança no espaço também foram publicadas pelo jornal lusitano.

Por fim, destaca que a TV Globo só autoriza a permanência de repórteres no local com escolta e/ou carros blindados e fala da ideia da construção de um muro por parte do Flu e um projeto social para a comunidade residente. Veja abaixo a matéria na íntegra:

 

O novo centro de treinos do Fluminense é um luxo a que os seus jogadores e adeptos não estavam habituados.

Depois de anos a fio a treinar nas Laranjeiras, local que o ex-treinador do clube Muricy Ramalho garantiu ter ratos, o Tricolor trabalha agora no moderno Centro de Treinamento Pedro Antônio Ribeiro da Silva, a principal obra deixada pelo ex-presidente Peter Siemsen.
Faltou apenas acertar um detalhe: a vizinhança.

A academia do Flu está situada na zona oeste do Rio de Janeiro, mais concretamente em Jacarepaguá, que além de sediar um mítico autódromo é também a região da Cidade de Deus, perigoso bairro carioca que batizou até um inesquecível e premiado filme do realizador Fernando Meirelles.

Por isso, os jogadores – e os treinadores, restante staff do clube e jornalistas – trabalham sob o som de tiroteios.

Quando as balas parecem mais próximas é até costume toda a gente se baixar para garantir a segurança.

Uma situação limite aconteceu durante o jogo treino entre o Fluminense e o Serra Macaense, quando toda a gente se escondeu durante a partida até que o tiroteio parecesse terminar.

Noutra ocasião, criminosos invadiram a academia com o objetivo de pilhar o local, trocando tiros com seguranças, primeiro, e com a polícia, depois.

Entrar e sair do Pedro Antônio Ribeiro da Silva também não é tarefa fácil. Por isso, o Comando Vermelho, segunda maior organização criminosa do Brasil (a seguir ao paulista Primeiro Comando da Capital) e principal autoridade da Cidade de Deus combinou um código de segurança com os funcionários tricolores para que a convivência possa ser o mais segura possível.

Ao site UOL, dirigentes, seguranças e jogadores do Flu admitiram off the record que quando chegam ao local de trabalho diminuem a velocidade e acendem os piscas para que os membros do Comando Vermelho os reconheçam e lhes permitam a passagem sem problemas.

Em redor do centro de treinos, inscrições com as iniciais CV e barricadas improvisadas durante tiroteios com a polícia sinalizam que o local é uma espécie de zona de guerra.

A TV Globo, que acompanha a maioria dos treinos do gigante carioca e é líder de audiências no Brasil há décadas, não arrisca e faz as suas equipas de reportagem deslocarem-se ao local em carros com escolta.

No futuro, a tendência é que o clima melhore. O presidente do Flu Pedro Abad disse estar consciente da situação, preparando ações sociais junto à comunidade da Cidade Deus mas também a construção de um muro, uma medida muito na moda no mundo de hoje.