(Foto: Mailson Santana - FFC)

Em entrevista ao programa Seleção SporTV da última quarta-feira, Roger Machado explicou os seus conceitos de jogo e o que busca no Fluminense. Revelou até a função do jogador “mosca branca” na equipe.

Mas o que seria isso? Um atleta que tem como função ajudar tanto na defesa quanto no ataque. É o caso de Yago.


 
 
 

— O jogador de ataque não vai ficar alijado do processo defensivo. Não tem como tirar do processo. Eu preciso ter pelo menos sete jogadores com peso de marcação forte para rapidamente ter sete atrás da linha da bola, para ter essa característica de roubo de bola. Seis todo mundo tem. A linha de quatro e os dois volantes. Esse sétimo eu chamo de “mosca branca”. Ele não pode ser só ofensivo e nem só defensivo. Tem de ter a virtude de chegar na frente e recompor rápido. Quando não encontra esse jogador, tem de diluir essa fração de ações defensivas pelos jogadores todos de ataque. Os quatro. Meus jogadores dificilmente de beirada vão até o terço final com os marcadores, justamente porque busco organizar o time taticamente para economizar eles em campo de atuação. Ele vai fazer no máximo 60 metros de campo, se ele for inteligente para posicionar. Se ele quiser basear a relação no individual, na marcação do lateral, o lateral vai levá-lo até a linha de fundo. Aí eu digo pra eles: “O lateral vai te levar até a linha de fundo, você vai dar um carrinho no lateral, vai dar no seu volante e não vai conseguir chegar no terço final porque vai estar cansado, desgastado.” Agora, para que consigam fazer isso bem, terão de ter leitura e estar nos lugares certos. Isso que os jogadores mais jovens terão de assimilar do futebol mais moderno – disse, complementando:

— A referência individual ao detrimento do espaço e depois do alvo é que acaba que muitas vezes faz eles se deslocarem mais no campo e ficarem mais desgastados. Hoje na Europa, os times jogam com 433, tentando deixar três jogadores com mais característica de ataque, marcando o campo com uma linha de sete. Um tripé forte de meio, fazendo a lateralidade do campo. Hoje se abro três médios no Brasil, dizem que jogo para trás, que são três volantes. Boto três médios para pendurar três no ataque. Aí sofremos com isso também. Tem times com três zagueiros e pensam que isso é defensivo. Quando joga pra frente, tem sete à frente da linha da bola. Estamos num processo natural de mudança cultural. Quando falam em algo cultural, parece ser imutável.