Se não bastasse a renúncia de cinco vice-presidentes do Fluminense na última tarde, o presidente Pedro Abad sofreu outro baque importante. No dia 11 de maio, o ex-membro da Flusócio e mandatário do Conselho Fiscal, função já ocupada por Abad, deixou o grupo do Conselho Diretor no Whatsapp. A forma como a instituição vem sendo conduzida financeiramente e, ainda, a saída de Marcos Vinícius Freire do cargo de CEO foram os principais responsáveis pela atitude.

Procurado pelo portal NETFLU, Felipe Dias esmiuçou a situação, quando questionado pelo site, explicando que não se tornou inimigo de Pedro Abad. Segundo ele, o distanciamento também se faz importante devido as suas funções como agente fiscalizador interno.


 
 
 

– Eu não tenho nenhuma vontade de ser citado e aparecer, mas vou colocar as coisas de forma bem clara. Eu sou presidente do Conselho Fiscal, mas independente do respeito e carinho que eu tenha pelo Abad, o meu papel é fiscalizar. Eu não posso misturar isso. Eu vinha discordando de algumas coisas, a maioria delas não são nem públicas, e ele não concordava. Eu venho externando minha posição contrária a várias atitudes pra ele há muito tempo e ele não concordava. São coisas pequenas do dia-a-dia, mas na forma de gestão. As coisas continuavam acontecendo do mesmo jeito. O que aconteceu foi que na saída do Marcos Vinícius Freire, que pessoalmente acho um retrocesso, eu disse que não concordava com isso e várias outras coisas. Eu sempre achei que o presidente do Conselho Fiscal não deveria estar nas decisões do dia-a-dia. Eu já falava isso para o Abad lá atrás. Acabei participando do grupo do Conselho Diretor e das reuniões porque era uma praxe que vinha do Donati e depois do Abad com o Peter. Só que eu dei um basta. Até porque vai cruzar uma fronteira onde eu realmente vou estar crítico à gestão e eu tenho que ter independência. A torcida do Fluminense não entende a pressão do que é o Fluminense hoje, o cenário que o Abad pegou para administrar. Não é que eu tenha uma briga com o Abad. Eu tenho posições diferentes – frisou.

Certo de sua decisão em não ter maiores contatos com o cotidiano gerencial e administrativo do Fluminense, Felipe Dias não deixará o cargo. Reforçando sua discordância pelo desenho antigo da participação do presidente do Conselho Fiscal, ele deu um exemplo de como a proximidade com os outros diretores poderia dificultar o seu trabalho.

– Eu me envolvi muito com várias decisões ao longo do ano. Sempre envolviam todos os membros do Conselho Diretor. Mas quando eu vou pleitear algo, quando vou avaliar, não tenho como acompanhar isso. Não posso estar discutindo o dia-a-dia, ajudando o determinar o que fazer, se por exemplo eu estiver fiscalizando gastos que excedem a gestão – complementou ao portal.

Apesar de todo o contexto, o presidente do Conselho Fiscal garantiu que Abad é um homem bem intencionado. Segundo ele, o mandatário tricolor segue sendo seu amigo, embora prefira o afastamento dos assuntos internos discutidos entre os diretores.

– Se eu puder, não tenho interesse de participar em nada na política, porque foi uma decepção. Eu não posso passar a mão na cabeça do Abad porque ele é meu amigo e conheço há muitos anos. As pessoas podem fazer mil críticas ao Abad, mas a maior parte delas não têm fundamento. Eu não briguei com o Abad, mas não posso me envolver. Isso não quer dizer que o meu parecer do Conselho Fiscal vai ser de um jeito ou de outro. Eu tenho que ser independente. Só isso – concluiu.