(Foto: Mailson Santana - FFC)

Na reta final da Superliga Banco do Brasil feminina de vôlei, o Fluminense contou com boas atuações de jogadoras experientes, como Mari, Fê Tomé e Natasha, e de jovens talentos, como Mayara, Rose e Julia Moura. No banco de reservas, porém, uma pessoa teve o melhor desempenho da equipe na temporada. Com cinco vitórias nos seis jogos em que ocupou o cargo de técnico, Guilherme Schmitz comandou a virada que manteve o Tricolor na elite do voleibol nacional.

Também treinador das categorias infanto e infantil do Fluminense e assistente técnico da seleção brasileira feminina sub-20, Guilherme falou sobre a temporada mais desafiadora do time na Superliga e sobre o futuro do time. Confira!

 
 
 

1 – Por que esta temporada foi tão difícil para o Fluminense?

Acredito que esta temporada foi difícil para todos os times. O início da pandemia foi um período de muitas incertezas e tivemos um lockdown que impediu as atletas de treinarem por mais de três meses, o que para o esporte de alto rendimento é preocupante. Além disso, fomos para o mercado tarde devido a algumas incertezas, como nossa própria participação na Superliga. Enfim, tivemos um início tardio e fizemos contratações pontuais que tiveram um período inicial de treinamento muito curto, tanto para o Estadual quanto para a Superliga. Demorou para que o time entrasse em quadra em condições normais de jogo. Ainda aconteceram algumas lesões e alguns casos de COVID que nos desfalcaram e impediram uma sequência de treinamento e escalação da equipe para ganhar ritmo de jogo. Hora nenhuma tivemos tempo para montar uma equipe que considerávamos ideal.

2 – Teve um momento ou um fato específico que marcou a melhora de desempenho do time? Alguma coisa que aconteceu e fez o time “virar a chave”?

Teve sim, quando conseguimos sanar os problemas das lesões e tivemos uma sequência de treinos. Os casos de COVID também cessaram, então houve uma evolução física do grupo. Isso deu sustentabilidade ao trabalho. Lógico que a mudança de técnico deu uma sacudida em todo mundo, inclusive na comissão técnica, mas o principal foi termos conseguido dar uma sequência aos treinamentos.

Também conversei com as atletas e expliquei que elas tinham que acreditar. Provar para nós mesmos que éramos capazes de reverter aquele cenário. Na véspera da viagem para o jogo decisivo contra o São José dos Pinhais, tivemos uma conversa com o presidente do clube, Mario Bittencourt, na Sala de Troféus, e ele contou a história de como surgiu o nome “Time de Guerreiros”. Isso foi muito importante. As atletas viram que, mesmo com 99% de chances de rebaixamento, o time de futebol se manteve na Série A. Elas viram que nós também podíamos conseguir e o projeto ganharia uma nova história. A vitória seria um divisor de águas para o voleibol do Fluminense.

3 – Você comandou o time em seis partidas (duas quando Hylmer Dias cumpria isolamento devido ao coronavírus e quatro quando assumiu a equipe na reta final da fase de classificação) e pontuou em todas elas, com cinco vitórias e uma derrota no tie-break. O que você acredita que fez a diferença nesses jogos?

Treinadores têm pontos de vista diferentes para cada situação. Se você der a mesma equipe para quatro técnicos diferentes, eles podem até ter ideias parecidas, mas terão pontos de vista diferentes. Eu acho que para jogar a Superliga, uma competição duríssima, é primordial jogar com mais velocidade. Essa foi a ideia que tentei implementar. Não fiz nenhuma mágica, nenhuma ação completamente diferente. Criamos objetivos curtos dentro dos treinos e o principal era ter qualidade nesses treinamentos e não quantidade. Estudamos muito os adversários e nosso próprio time. Foi fundamental olharmos para o nosso lado, corrigir os nossos erros e ajustar os mínimos detalhes.