Triste ou puto?

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Nobres tricolores,

 
 
 

o 2 de julho de 2008, na oportunidade, foi o dia mais importante da minha vida. Apaixonado que sou pelo Fluminense, via a possibilidade real de festejar, com meus 22 anos, o título de maior expressão do clube. Passei a acompanhar o Tricolor na pior fase de sua história, havia presenciado míseros três títulos estaduais e uma Copa do Brasil a duras penas. Havia chegado a hora.

Vivenciei a trajetória na Libertadores. Fui em todos os jogos no Maracanã. Me deliciei com os 6 a 0 sobre o Arsenal, na maior apresentação que acompanhei do Fluminense em uma partida oficial. Comemorei as vitórias sobre LDU, Libertad e Atlético Nacional no estádio.

Não me lembro do gol de Washington, pois quando vi a bola se encaminhando para o ângulo direito de Rogério Ceni, o desmaio veio naturalmente. Passaram três minutos, água no rosto e alguns tapas de leve para o despertar. A seguir, catarse.

Vi um timaço de Battaglia, Dátolo, Riquelme, Palácio e Palermo ser eliminado por não menos qualificados Conca, Thiago Neves, Washington e companhia num Maracanã entupido.

No grande dia não tirava os olhos da taça à beira do gramado. Repetia comigo mesmo várias e várias vezes durante os mais de 120 minutos do jogo que seria nossa. Não levamos e o golpe foi duro.

Como, felizmente, não perdi nenhum parente próximo, o 2 de julho foi de tristeza profunda. A maior já sentida. Silêncio, precedido de um esporro. “Essa merda de Maracanã…ninguém vence nesse estádio”.

Não tive forças para reclamar de Hector Baldassi, o árbitro, dos pênaltis pessimamente convertidos pelos principais jogadores, de Renato Gaúcho e sua insistência fatal com Ygor. Estava triste. Apenas triste e queria “curtir” aquele momento.

Jogamos mais três Libertadores, deleitei-me com dois Brasileiros, um Estadual, mas uma dúvida residia. O que é pior ao sair de um estádio depois de uma derrota: a profunda tristeza ou a excessiva irritação? A resposta veio mais de nove anos depois.

Após o jogo de ontem, contra o Flamengo, o de ida das quartas de final da Copa Sul-Americana, uma explosão de fúria tomou conta de mim. Um sujeito pacato, que não consegue extravasar quando o nervosismo o consome na arquibancada, quase sempre calado, observando a peleja, extravasa.

Desde 1936, Fluminense e Flamengo nunca se enfrentaram tantas vezes numa só temporada. E nas quase três décadas que acompanho futebol, não me lembro de um retrospecto tão desfavorável. Sete jogos, três derrotas e quatro empates.

Apito final do árbitro paraguaio Mário Díaz e, automaticamente, me recordo da estatística. Um estrondo. Reencontrei um grande amigo, também jornalista, Diego Rodrigues, na arquibancada e só me lembro dos gritos e xingamentos. Não consegui me controlar para sequer cumprimentar o camarada. Os sete jogos sem vencê-los no ano absorveram qualquer sentimento de expectação que mantive antes e durante o clássico.

Desde 2015 não consigo me entristecer com o Fluminense. E isso muito me preocupa. Porque a linha entre a ira e a indiferença está cada vez mais tênue. Fomos 13º no Brasileiro daquele ano, 13º no seguinte e, por enquanto, 13º outra vez.

Um ponto fora da curva, a ida para as semifinais da Copa do Brasil de 15 e uma ilusão neste ano que nutri durante todo o período e que foi tema, inclusive, de uma rápida conversa com Pedro Abad no início de sua gestão.

O Fluminense de 2017 nos provoca. Nos tira a razão. Aborrece, irrita, enerva, enfurece, molesta. Nove anos depois daquela final de Libertadores, eu queria voltar a me decepcionar. Porque se há a frustração é porque houve a fomentação de esperança.

Este Flu não alimenta sequer a ilusão. É medíocre de dentro para fora. Até o nosso maior representante, abraçado, justamente, por todos nós no momento mais difícil de sua existência, se “nutellizou”.

Que o Fluminense volte a me entristecer. Porque, em algum momento, a ira frequente se transformará em desprendimento.

 

– Falando de irritação, há algo mais revoltante do que incoerência?

– Orejuela como titular após 20 e tantos dias foi uma malquerença…

– Volante que não marca, não apoia. Uma preguiça só

– Marcos Júnior sem a bola é destemido. Marcos Júnior com a bola é temeroso

– Ninguém me tira da cabeça: Abel jogou para empatar em 0 a 0

– Com o resultado, Fla tomaria a iniciativa e Flu jogaria por uma bola no jogo da volta

– A derrota frustrou seus planos e tornou a missão improvável

– Mas futebol e imponderável caminham próximos. Ainda bem!

 

Um grande abraço e saudações!

 

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