Foi estranho, confesso, ver o Fluminense entrando em campo sem Fred. Não que fosse uma cena tão incomum assim, já que o ex-capitão não atuou em 40% das partidas do clube durante as oito temporadas em que esteve a seu serviço. Mas saber que Fred estava ausente não por motivo de lesão ou suspensão, mas porque jogaria por outro clube no dia seguinte foi, sim – não há tricolor que não tenha sentido –, estranho, diferente.

A relação, que só findaria em dezembro de 2018, teve de ser abreviada porque Fred “sentia que as coisas já não andavam tão simples”. Como o presidente Peter Siemsen, ao seu lado na coletiva de despedida, tampouco quis explicar a saída do maior personagem contemporâneo da instituição, tudo ficou assim, para que cada um tirasse suas próprias conclusões – embora de nada sirvam agora.

 
 
 

Os poucos mais de dois mil pagantes em Volta Redonda conferiram ao jogo um certo ar de melancolia, de luto, nem vivido por todos. Polêmico e controverso, Fred já vinha dividindo opiniões entre a torcida. O que ninguém nega, contudo, é a sua condição de ídolo da legião de torcedores mirins e de grande personagem da história do Fluminense, do qual se tornou o terceiro maior artilheiro, com 172 gols.

O Fluminense empatou mais uma, contra o ex-líder Grêmio. E teve no menino Maranhão o substituto de Fred, o que só fez aguçar o sentimento de estranheza, desconforto. O atacante sentiu o peso. Não correspondeu. Ganhará em breve novas oportunidades.

Quem fez a diferença foi Marco Júnior, que entrou em seu lugar e marcou o gol tricolor no empate em 1 a 1. Edson, no fim, deixou escapar quase sob a trave o gol da virada. Não foi o único responsável. Futebol é um jogo em que todos ganham e todos perdem.

Paradoxo vivido pelos agora divorciados Flu e Fred, intactos na aparência, mas despedaçados nos recantos de suas almas, pelo fim de um casamento que parecia eterno.

Sim, como em quase todo matrimônio, discutiram por vezes a relação, mas foram, sobretudo, muito felizes.

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