Duas semanas atrás, o Village Mall foi palco de um encontro que poderia ter mudado de forma quase que definitiva o panorama das eleições para a presidência do Fluminense em 2016. O vice de projetos especiais, Pedro Antônio, reuniu-se com o mandatário tricolor, Peter Siemsen, mais o ex-diretor geral, Jackson Vasconcelos, no “Naga”, ambiente especializado em comida japonesa. No menu principal, entre tempuras, sushis, temakis e sashimis, a ideia de mudança de estatuto para permitir uma candidatura do homem que conduz a construção do centro de treinamentos do Time de Guerreiros. Tão difícil de engolir como uma raiz forte, tanto para a situação como para a oposição, o discurso em prol do que chamavam de “golpe” virou acompanhamento do encontro que teve mais de duas horas de duração.

Ao passo que todos mostravam sintonia com o hashi no momento de petiscar, o mesmo não ocorria ao comentarem sobre seus próprios ideais naquela noite, na zona oeste do Rio de Janeiro. Procurados pela reportagem do NETFLU, Jackson e Peter soltaram o verbo, mas não falaram a mesma língua. Cru tal qual o arroz da bancada onde se prepara uma das principais iguarias da culinária do Japão no referido espaço gastronômico, o ex-diretor geral contou que o presidente tentara convencer Pedro Antônio a objetivar a alteração estatutária.

 
 
 

– O Peter está insistindo na candidatura do Pedro Antônio, mas o Pedro não caiu nessa, ele disse várias vezes que não queria mudar o estatuto – destacou Jackson Vasconcelos.

Não satisfeito, o antigo homem forte da gestão do Fluminense – e desafeto público do principal grupo político do clube, a Flusocio -, repetiu o prato, jogando saquê na ferida que ele próprio abrira com sua revelação sobre os anseios de Peter. Acostumado a se encontrar periodicamente com Pedro Antônio, como ocorreu na segunda-feira passada, no “Rascal”, dentro do Casa Shopping, na Barra, Jackson minimizou tal almoço. Voltando ao tema central, quando questionado acerca da sua real intenção nesse buffet, ele disse que articular uma campanha do homem encarregado pelo CT não estava no seu cardápio.

– O Pedro (Antônio) sabia que eu não iria fazer campanha no Fluminense, ele é meu amigo. É o melhor candidato disparado, mas não sei se ele estaria muito interessado. Quem queria mudar (o estatuto) era o Peter (Siemsen). Ele já estava até com o ato pronto e insistiu muito – reiterou.

Através do portal número 1 da torcida tricolor, Peter tomou conhecimento das palavras de Jackson Vasconcelos. Para não dar sopa ao azar, engrossando o caldo da dicotomia entre os discursos, o presidente negou qualquer vontade política na articulação por uma mudança nas regras do pleito eleitoral do clube.

– Todo mundo sabe que quem queria mudar o estatuto era o Pedro Antônio. Eu falo o contrário, que ele tinha que conseguir o número x de assinaturas pela mudança. Fiz isso por meses. E não vou me envolver nessa questão política, mantendo a mesma posição – afirmou o presidente com exclusividade.

Pedro Antônio, por sua vez, também fora convidado para participar do rodízio de opiniões, baseado no encontro do Village Mall. Preferindo não se manifestar sobre a reunião, o vice-presidente de projetos especiais anunciou, através de alguns veículos de imprensa, na semana passada, que desistira da candidatura. Para não pagar pela boca, Pedro Antônio adotou a estratégia do silêncio, mas pagou pela conta, mesmo com o desejo de Peter e Jackson em “rachar” o valor por igual.

Internamente nas Laranjeiras, muitos acreditam que Pedro Antônio entendeu que mexer alguns pauzinhos – mesmo dentro da lei -, para conseguir o que quer, só vale a pena se for num restaurante japonês.

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