(Foto: Nelson Perez - FFC)

Entre 2015 e 2016, o lateral-esquerdo Giovanni, que chegou na transição pós-Unimed, vestiu a camisa do Fluminense. Sem conseguir se firmar, o atleta perdeu espaço e foi negociado. Campeão da Primeira Liga com o Flu, ele comentou sobre o título, falou dos problemas de Fred com Levir e outros temas polêmicos, em entrevista exclusiva ao NETFLU.

Veja:

 
 
 

Essa paralisação interfere em qual grau na forma de um atleta de alta performance?

  • Atrapalha muito, principalmente na questão física e psicológica. Por mais que a gente faça os trabalhos em casa que são passados pela comissão técnica, não é a mesma coisa do dia-a-dia no clube. A gente nunca viveu isso, então temos que procurar sempre ouvir as orientações dos profissionais da área de saúde e fisiologia.

Título da primeira liga

  • Ganhar é sempre. Foi a primeira competição da Primeira Liga e havia muita expectativa, até porque muitos grandes clubes do Brasil estavam disputando. Então, ser campeão tem um mérito muito grande. Infelizmente a competição não durou muito tempo. A gente até imaginou que seria um Fla-Flu na final, mas acabou sendo o Atlético-PR. E foi muito importante a gente vencer, porque vínhamos de uma transição pós-Unimed e precisávamos mostrar serviço.

Nas duas temporadas que você defendeu o Fluminense, salvo engano, o clube teve cinco técnicos diferentes. Isso atrapalhou muito?

  • Trabalhei com muitos treinadores mesmo, peguei o Cristóvão, depois o Drubsky, Enderson Moreira, Eduardo Baptista e Levir Culpi. É difícil implementar as coisas assim, mas quando as coisas não dão certo, trocam de treinador rápido. E daí troca a metodologia e leva tempo de adaptar. Com certeza atrapalhou um pouco nessa época, porque a gente não fixava num estilo definido de jogo e as coisas podiam mudar poucos meses depois.

O Fluminense vinha jogando muito antes da contratação de Ronaldinho, naquela temporada em que Enderson comandava a equipe. A quase obrigação de colocar o atleta em campo fez tudo desandar?

  • Naquele ano a gente tinha um time bem encaixadinho. Estávamos muito bem na competição, no G4 do Brasileiro. Tive a lesão no joelho. E chegaram o Oswaldo, Welllington Paulista, além de Ronaldinho. Tendo quase uma obrigação de colocá-los, não discutindo a qualidade de nenhum deles, principalmente do Ronaldo, perdemos um pouco o entrosamento. A gente desmantelou o jeito de jogar e abrimos mão disso. As coisas começaram a dar errado e a confiança foi embora. Havia dúvida sobre os comandos, porque tiveram trocas de treinadores e isso deu fim ao nosso sonho de vencer a competição ou brigar na parte de cima da tabela.

Naquela época, Mário Bittencourt, que hoje é o presidente do clube, trabalhava no departamento de futebol. Como era a relação com ele?

  • Ele sempre foi bom quando geria o grupo. Cobrava quando tinha que cobrar, nunca conversava pelos cantos. E isso o jogador gosta. É tudo homem, pai de família e quando encontramos profissionais que nos tratam dessa forma, nosso respeitamos bastante. O admiro e acho que ele pode fazer um grande trabalho como presidente.

Poderia ter sido melhor aproveitado pelo Fluminense?

  • Sim. Eu vinha muito bem até a lesão no joelho. Depois voltei antes do tempo necessário, acho que não estava pronto. As coisas começaram a dar errado, time grande a torcida não tem paciência. Trouxeram outro lateral, me deixaram como reserva. Infelizmente as coisas não aconteceram como eu queria, mas a vida de jogador é assim.

Atrasos salariais prejudicavam também?

  • É uma situação chata, por mais que a gente fale sempre. Ali a gente está botando a nossa cara, mas quando entramos em campo não colocamos isso em jogo. Mas no dia-a-dia atrapalha. Você faz um planejamento e no final do mês não tem o dinheiro. Infelizmente é recorrente. Ainda mais nesse momento de surto de coronavírus. A gente fica preocupado.

Egídio e Orinho são bons nomes para o Fluminense?

  • Eu creio que sim. O Egídio é um cara vencedor, por onde passou ganhou títulos. Desde o rebaixamento do Cruzeiro vem em busca da redenção. O Orinho saiu do Santos, passou pela Ponte e ele é um bom menino. No ano passado acho que ele até me enfrentou na estreia dele pelo Fluminense. O clube está bem servido. O treinador só precisa encaixar as peças direito.

Levir fritou Fred?

  • Eu não via nenhum tipo de situação polêmica no dia-a-dia. A gente sabia que ele cobrava muito e ele, às vezes, fazia umas brincadeiras que tem jogador que não gosta muito. Mas ele sempre cobrou todo mundo de igual para igual. Ele era o mais cobrado lá. Chegou um momento que não estava batendo o santo, Fred vinha sendo sempre substituído e ele achou melhor sair. A gente ficou muito triste quando ele foi embora, era um líder. Naquele momento acho que tomou a atitude certa.