(Foto: Marcelo Gonçalves - FFC)

Jogador importante do Fluminense, Alexsander sofreu, recentemente, uma lesão grave na coxa direita. O clube até fugiu ao padrão e informou que o tempo de recuperação demoraria cerca de três meses. Em entrevista ao NETFLU, Michael Simoni, ex-coordenador médico do clube, comentou a situação. Confira o que ele falou a respeito:

NETFLU: Existe possibilidade dessa nova lesão em Alexsander ter ocorrido por tentativa de apressar a volta do jogador (dada as circunstâncias da temporada)?

 
 
 

Michael Simoni: Eu não vejo nenhuma relação entre tentar acelerar a volta dele nesse caso e ele ter sentido essa contusão. A tentativa de acelerar a volta faz parte da medicina esportiva. Se você não tenta acelerar a volta, não pode trabalhar no futebol. É o que a gente faz o tempo todo. Nessas lesões musculares todas em que o atletas voltam em duas semanas, só voltam porque a recuperação foi acelerada. Mas nesse caso não tem relação alguma. O atleta seguiu as etapas do tratamento do joelho dele, normal, como previsto. Já vinha correndo no campo, fazendo todo o trabalho progressivo e teve uma infelicidade. Pelo que eu entendi, ele escorregou numa bola ou em alguma coisa, a perna esticou demais e rompeu o músculo. Faz parte. Eu acho que o torcedor de futebol, normalmente, é aquela mescla de paixão, de reações emocionais, então está sempre procurando achar algum motivo. Mas na área da saúde, infelizmente, muitas coisas acontecem de forma inesperada. Obviamente, existe uma categoria de riscos, mas entendo que essa lesão que ele teve agora não tenha nenhuma relação com o trabalho que ele vinha fazendo no joelho dele.

NF: E o que falar sobre essa nova lesão? É para se preocupar em torno da recuperação?

MS: Eu não vi a imagem. O que eu sei é o que foi divulgado pela imprensa. Uma lesão grau 3 é uma lesão importante, parece que foi comprometendo a parte tendinosa e aparte muscular, na coxa. É uma lesão que realmente demanda um tempo elevado de recuperação, como foi previsto, na casa de 90 dias. Acho que é uma média possível de ser atingida e é uma lesão que requer cuidado. A gente tem um departamento médico muito competente e experiente. Se você pensar bem, a gente teve recuperações muito rápidas e eficientes. O ser humano tem especificidades. A gente sabe que tem atletas que se machucam e demora mais tempo para se recuperar e outros são mais rápidos, mas o departamento médico é bastante responsável e competente para minimizar a chance dele ter qualquer tipo de complicação.

NF: Então, você falou em prazo. Isso não acontecia, salvo engano, desde aquela polêmica de prazo envolvendo volta de Scarpa. Por que acha que o Fluminense deu um prazo mínimo desta vez, já que isso não é de praxe há muito tempo?

MS: Eu acho que foi para dar uma satisfação para a torcida, que botou muita expectativa no Alexsander. Curioso é que a gente começou o campeonato e se falava pouco do jogador. É coisa do futebol mesmo. O jogador mostra em campo que é muito bom, a torcida se enche de esperança e depois toma esse banho de água fria. Então, acho que foi muito em respeito a expectativa das pessoas para que entendessem que essa lesão é mais grave do que o normal, tanto que qualificaram como lesão de terceiro grau. Para se ter ideia, 90 % dos estiramentos musculares no futebol são grau 1. E 8% são grau 2, mais ou menos nessa forma. Mas grau 3 é incomum, por isso acho que disseram o prazo mínimo, para a expectativa das pessoas ser mais realista.