O gol de barriga de Renato Gaúcho na final do Campeonato Carioca de 1995 não sai da cabeça de nenhum torcedor do Fluminense que viveu aquela decisão. Mesmo os mais jovens, e que não tiveram o privilégio de acompanhar ao vivo, sabem da importância daquele jogo para a história do Tricolor e também do estádio do Maracanã.

Prova disso é que o Fla-Flu épico daquele ano foi eleito o jogo mais marcante dos 70 anos do “Maior do Mundo”, completados na semana passada. Em entrevista ao NETFLU, o goleiro Wellerson, campeão com o Tricolor naquele ano, relembrou a conquista épica, a importância do título para sua carreira e valorizou a união daquele grupo.

Confira o bate-papo do ex-atleta com o site número um da torcida tricolor:

NF: Qual foi a importância do título carioca de 95 para a sua carreira como um todo?

W: A importância do título de 95 para a minha carreira foi muito grande, devido a minha idade na época, com 22 para 23 anos, subindo da base do Flu. Foi ali que me consolidou como um dos melhores goleiros do futebol brasileiro na época, fiquei uns oito ou nove jogos sem sofrer gols, o que acho que é o maior período ou um dos maiores períodos da história do clube em jogos consecutivos. E um título carimba, depois de 10 a 12 anos sem títulos, a carreira. E foi no ano do centenário do Flamengo, que marcou muito. O Flamengo contratou muita gente, fez um time dos sonhos na época, com Sávio, Romário, Branco. E nós fomos guerreiros, com um time muito unido junto com o Joel Santana. Eu subi da base, o Wallace subiu da base, Renato chegou infiltrado e operado da costela em Búzios, Márcio Costa, Cadu… e, apesar dos quatro, cinco meses de salários atrasados, fizemos um time muito aguerrido. Entramos para a história do Fluminense e do Carioca. Passou 25 anos e continuamos lembrando desse título e imagino que ainda será lembrado por muitos e muitos anos. Consolidou o nosso nome no futebol brasileiro.

NF: Além do protagonismo de Renato Gaúcho, o que mais fez a diferença para a conquista daquele título diante do Flamengo?

W: Além do Renato, que foi o cara do nosso time, porque ele fez a maioria dos gols e assistências decisivas. O que fez mais a diferença foi a união da nossa equipe. O que dava pra um, dava para todos. Na hora de cobrar dentro de campo e fora, éramos muito profissionais, discutia, mas tudo em prol do Fluminense. A união da equipe junto com a torcida, diretoria, fez muita diferença. Se a gente fazia um evento, um churrasco, todos iam participar. Então era família mesmo. A união foi fundamental, com vaidade zero. Foi um dos fatores principais dessa conquista.

NF: O jogo da final de 1995 foi eleito o maior da história do Maracanã em eleição feita recentemente. Você concorda? Qual é a satisfação de saber disto, que ficou com o nome na história do Fluminense?

W: Os votos dos torcedores foi uma satisfação enorme. Ter participado desse jogo maravilhoso, que entrou para a história do estádio do Maracanã, que não é qualquer estádio. Foi emocionante, com mais de 120 mil pessoas no estádio. Eu fico muito emotivo, muito alegre de ter participado e saber que nos 70 anos de história do estádio, votaram justamente nesse jogo. E foi uma partida que teve, realmente, emoção nos 90 minutos. O Fluminense é a história, sempre foi e sempre será.

NF: Pra você, qual fator prevaleceu para o Fluminense, mesmo com um time considerado mais fraco, conseguir bater o Fla três vezes naquele campeonato?

W: Prevaleceu a união da equipe e a inteligência tática. Como nós jogamos com o Flamengo muitas vezes, pela inteligência de alguns atletas, pegamos como o Flamengo jogava. Nós conversávamos depois e antes da preleção do Joel sobre como jogar diante do Fla e descaracterizá-los, para impor o nosso ritmo de jogo. Foi o que fez a diferença. A leitura que a gente fazia nos jogos foi fundamental. Para jogar contra eles, pode deixá-los embalar. Temos que esperar a torcida pegar no pé deles e depois começar a jogar.