Autuori diz que muitos dirigentes entram com boas ideias no futebol, mas sucumbem à pressão (Foto: Mailson Santana - FFC)

Paulo Autuori chegou nesta quinta-feira para ser o diretor esportivo de futebol do Fluminense. Apresentado no Salão Nobre das Laranjeiras, o novo dirigente tricolor falou sobre o trabalho a ser feito com responsabilidade nos tempos de crise financeira. Na visão do ex-técnico, problemas dessa ordem não são de exclusividade do Tricolor, mas a necessidade de se vislumbrar o futuro é obrigatória.

– A crise financeira não tem a ver apenas com o Fluminense e o futebol brasileiro, mas tem a ver muito com o nosso país. Não consigo analisar qualquer tipo de situação sem o lado antropológico, que envolvem pessoas e contexto. Dentro dessa ideia, só há uma maneira de sair desse ciclo vicioso que é o futebol brasileiro. Digo vicioso pelo populismo tremendo. Dirigentes entram no futebol com ótimas ideias, boa vontade, os resultados dentro do campo podem não aparecer de imediato, há uma cobrança por parte de torcedores e imprensa por contratação de jogadores, se vergam a isso. Contratam os jogadores sem as condições necessárias, sem estar preocupado com a saúde financeira dos clubes e passam a ter problemas que repercutem em toda a cadeia. Nenhum profissional com problemas para receber seu salário e, consequentemente, trazem problemas nas vidas pessoais, possam render o suficiente. Então esse é o ciclo vicioso. Como se para com isso? Com coragem, transparência, ideias criativas e, acima de tudo, pensando no bem da instituição como um todo. A gente fala time de futebol. Mas clube é muito mais o que isso. Os clubes têm equipes de futebol que representam esse clube. Infelizmente no Brasil, quando se fala em torcida, todos sabem ganhar. Torcer é diferente. Todos nós temos de trabalhar para ter resultados, mas sem esquecer que há uma instituição por trás que precisa ter o dia seguinte. Já participei de campanhas vitoriosas que culminaram com título, mas e o dia seguinte? – questionou, completando:

 
 
 

– Eu vislumbrei exatamente isso nas conversas que tivemos, volto a referir e vou falar sempre que for necessário da transparência, seriedade, coragem e da ideia de ter um projeto institucional. Tudo isso representado nas ideias do presidente Pedro Abad. Tenho muita satisfação de estar ao lado dele. O parabenizei porque o futebol brasileiro precisa disso. Resultados fazem o jogo de futebol ser o que é no mundo todo, uma paixão grande, pelo imponderável. Vamos ficar por aí. Em relação à gestão, as coisas precisam ter sustentabilidade – disse.