1995 não foi a única vez que o Fluminense superou o favoritismo rubro-negro (Foto: Acervo Flu-Memória)

Fluminense e Flamengo se enfrentam, nesta quarta-feira, às 21h30, no Maracanã, pela final da Taça Rio. Atual campeão carioca, brasileiro e da Libertadores, além de ter retomado os treinamentos bem antes, o rival é dado como favorito por praticamente todos. Mas essa não é uma situação nova e o Tricolor já venceu outras decisões diante do Rubro-Negro entrando em campo com a condição de azarão.

O portal “Globo Esporte” listou cinco vezes em que isso aconteceu. Confira:

1) Título na casa do rival
Em 1941, o Carioca foi disputado em quatro turnos. O Flamengo sobrou nos dois primeiros, que era como uma primeira fase com 10 clubes jogando todos contra todos. Mas na parte final, só com seis classificados, o Fluminense reagiu e, no somatório geral, chegou à última rodada com um ponto na frente na tabela: 44 a 43. E o jogo derradeiro foi justamente um Fla-Flu, no dia 23 de novembro. Para piorar, o clássico era na casa do rival, na Gávea.

O Fluminense abriu 2 a 0 com gols dos atacantes Pedro Amorim e Russo, mas o Flamengo reagiu com dois gols de Pirilo. Reza a lenda que restavam cinco minutos de jogo quando os tricolores passaram a rifar as bolas na Lagoa Rodrigo de Freitas, que naquela época margeava o campo, para ganhar tempo e irritar o rival, mas não há relatos nos jornais do dia seguinte que citem este fato. Com o empate, o Flu terminou um ponto à frente e foi campeão.

Fluminense: Batatais; Renganeschi e Machado; Malazzo, Brant e Afonsinho; Pedro Amorim, Romeu, Russo, Tim e Carreiro.
Flamengo: Yustrich; Domingos e Newton; Biguá, Volante e Jaime; Sá, Zizinho, Pirilo, Reuben e Vevé.

2) Título sobre o atual campeão
Em 1973, o Carioca foi disputado em três turnos, sendo o primeiro com 12 clubes, todos contra todos; o segundo com oito, mas no mesmo formato; e o terceiro com oito divididos em dois grupos de quatro. O Flamengo ganhou o primeiro; o Fluminense levou o segundo e o seu grupo no terceiro, enquanto o Vasco venceu a outra chave. Enquanto o Fla ainda passou pelo Cruz-Maltino antes, o Flu foi direto para a final no dia 22 de agosto, no Maracanã.

Campeão em 1972, o Flamengo buscava o bicampeonato e começou voando a competição, mas perdeu o embalo depois que o Estadual ficou parado por um mês e meio para uma excursão da seleção brasileira à Europa. E o Fluminense, que começou o torneio vaiado por sua torcida, que pedia um time à altura de suas tradições, cresceu na reta final e ganhou a decisão por 4 a 2. O Tricolor abriu 2 a 0 com o atacante Manfrini e o zagueiro Toninho; o Rubro-Negro reagiu com dois gols de Dario, mas Manfrini novamente e o também atacante Dionísio fecharam o placar.

Fluminense: Félix; Toninho, Brunel, Assis e Marco Antônio; Cléber, Pintinho e Marquinhos; Dionísio, Manfrini e Lula;
Flamengo: Renato; Moreira, Chiquinho, Fred e Rodrigues Neto; Liminha, Zico e Paulo César Lima; Vicentinho, Dario e Sérgio;

3) Título sobre máquina dos anos 80
Em 1983, o Carioca foi decidido em um triangular de turno único entre Fluminense, campeão da Taça Guanabara; Flamengo, vencedor da Taça Rio; e Bangu, maior pontuador na classificação geral. O Fla não tinha mais Zico, vendido para a Udinese, da Itália, uma semana antes do campeonato, mas continuava com a base campeã do mundo em 1981, era o atual campeão brasileiro e ainda contratou o então técnico tricolor, Cláudio Garcia, durante o torneio.

O Fluminense, por sua vez, tinha um time formado na maioria por garotos e não começou nada bem o triangular final, empatando com o Bangu por 1 a 1. Com isso, entrou pressionado para o seu último jogo, o Fla-Flu do dia 11 de dezembro no Maracanã. Mas o tricolor ignorou o favoritismo do rival e arrancou a vitória nos minutos finais com um gol de Assis. O título foi confirmado três dias depois, quando o Rubro-Negro venceu o Bangu na última rodada, e ambos terminaram um ponto atrás do Flu.

Fluminense: Paulo Vitor; Aldo, Duílio, Ricardo Gomes e Branco; Jandir, Delei e Assis; Leomir, Washington e Paulinho.
Flamengo: Raul; Leandro, Figueiredo, Mozer e Júnior; Andrade, Cléo e Tita; Lúcio, Edmar e Adílio.

4) Título no centenário rival
A “zebra” mais famosa em Fla-Flus todos conhecem. Foi em 1995, em um Carioca disputado por 16 clubes divididos em dois grupos, onde os quatro primeiros de cada chave avançavam para o octogonal final, em turno e returno. O roteiro era parecido ao de 83: o Flamengo que havia contratado nada menos do que Romário, eleito o melhor jogador do mundo na temporada anterior, e com a empolgação do ano de seu centenário. E o Fluminense, que montou um time de jovens e desconhecidos, com o quase aposentado Renato Gaúcho como sua grande estrela.

No octogonal, o Flamengo ainda entrou com três pontos de bonificação (um por ter vencido a Taça Guanabara, um por ter feito mais pontos do seu grupo no turno e mais um por ter repetido a dose no returno). Botafogo e Vasco também entraram com um ponto extra cada, enquanto o Fluminense entrou sem nenhuma vantagem. Mas o time cresceu nas mãos do técnico Joel Santana e conquistou 10 vitórias e três empates em 14 jogos. O último triunfo foi no dia 25 de junho, o 3 a 2 com o famoso gol de barriga de Renato Gaúcho. O Flu terminou com 33 pontos, um a mais que o rival.

Fluminense: Wellerson; Ronald, Lima, Sorlei e Lira; Márcio Costa, Djair, Aílton e Rogerinho; Renato Gaúcho e Leonardo.
Flamengo: Roger; Marcos Adriano, Jorge Luiz, Gélson e Branco; Charles, Fabinho, Marquinhos e William; Sávio e Romário.

5) Título sobre rival invicto
Em 2017, o Flamengo já estava investindo pesado e havia acabado de contratar Diego, no semestre anterior, para se juntar a Guerrero e companhia. Ainda não era o badalado time de agora, mas já montava uma equipe forte que foi campeã carioca invicta e ainda chegou às finais da Copa do Brasil e da Sul-Americana. Mas na Taça Guanabara daquele ano, foi o Fluminense que levou a melhor. O time de Abel Braga também começou bem o Carioca, sem sofrer gols, e tinha Sornoza em grande forma.

Mas tinha uma desvantagem física, pois havia jogado pela Copa do Brasil no meio de semana e enfrentado uma longa viagem de Sinop, no Mato Grosso, ao Rio, entre avião e ônibus. Mesmo assim, o Fluminense mostrou força em um jogo eletrizante que só foi decidido nos pênaltis após um eletrizante empate por 3 a 3. Wellington Silva, Henrique Dourado e Lucas marcaram para os tricolores, enquanto Everton, Willian Arão e Guerrero fizeram pelos rubro-negros. Júlio César defendeu uma cobrança, Rafael Vaz chutou outra para fora, e o Flu foi campeão.

Fluminense: Júlio César; Lucas, Renato Chaves, Henrique e Léo; Pierre, Orejuela e Sornoza; Richarlison, Wellington Silva e Henrique Dourado.
Flamengo: Muralha; Pará, Réver, Rafael Vaz e Trauco; Romulo, Willian Arão, Diego e Mancuello; Everton e Guerrero.