Uma tarde chuvosa de domingo, muitas emoções em jogo. De um lado, o Flamengo com um elenco milionário, encabeçado pelo melhor jogador do mundo no anterior, o atacante Romário. Do outro, um time feito aos poucos, com atletas em busca de um lugar ao sol, sendo comandado em campo por Renato Gaúcho. No Fla-Flu dos contrastes, venceu a raça, a gana e a barriga do centroavante do esquadrão verde, branco e grená: 3 a 2 para o Fluzão!

Apesar da diferença financeira, atrasos salariais e todo um ambiente de reconstrução do Flu, quem ditava todo o jogo era a equipe das Laranjeiras. Precisando vencer, já que a vitória só interessava ao Fla, o Tricolor dava as cartas da partida, imprensando o Flamengo. Aílton conduzia o time com maestria no meio de campo, criando as melhores jogadas. Na zaga, era o senhor do setor, não dando sossego para Romário.

 
 
 

A vitória do Fluminense, no entanto, veio depois de muito suor. A equipe das Laranjeiras viveu um primeiro tempo próximo da perfeição, partindo para cima do Flamengo. Renato abriu o placar aos 30 minutos, já no chão, na base da raça. Sem dó, nem piedade. Flu seguiu massacrando o time dos caras, obrigando Roger a praticar grandes defesas.

A superioridade foi recompensada. Leonardo ampliou a partir de um rebote do goleiro Roger. Na saída do intervalo, o título parecia nas mãos de Wellerson, Sorlei, Djair e os outros nomes modestos do Flu, diante de um Fla acuado na defesa. Mas não seria tão fácil assim.

Durante o segundo tempo, o Flamengo tentou jogar os comandados de Joel Santana contra a parede. Não só no talento e na experiência de seus jogadores. Diante de muita pressão, com direito a bola na trave de Branco, Romário conseguiu diminuir só aos 26 minutos.

E, no reinício, o clima quente entre os jogadores resultou na expulsão de Sorlei e Marquinhos, um de cada lado. De qualquer forma, o momento não escapou das mãos dos rubro-negros. Os torcedores do Flu estava preocupados, temendo perder o caneco. Aos 32, mais um desespero para o Fluzão, senhor do jogo no primeiro tempo: Fabinho fez uma jogada bonita e empatou. O Maracanã entrou em erupção, e o título ia para o Fla.

A partir de então, começou a se desenhar o épico do Fluminense, que ficou com nove, após a expulsão de Lira. O time de Joel Santana não parecia ter gás suficiente para retomar a vantagem, nem mesmo com a entrada de Ézio. Até que, em um lance que parecia fortuito, nasceu o tento histórico.

Uma bola vinda do Fla, de Branco para Romário, proporcionou o ataque do Flu. Até que Aílton recebesse na ponta direita, sob a marcação de Charles Guerreiro. O meia entortou o marcador, antes de chutar muito mal. Mas a bola que seguia errante pelo ar ganhou rumo a partir da barriga de Renato Gaúcho. Aos 42 do segundo tempo, os tricolores calavam a festa e o grito de campeão, que já saía da boca dos rubro-negros. Depois de nove anos, É CAMPEÃO, TRICOLOR!!