Encontro teve apresentação de presidente da Conmebol e até críticas

Rodrigo Mattos, blogueiro do portal Uol, criticou a decisão da Conmebol em premiar o Brasil com mais duas vagas para a Copa Libertadores da América. Na opinião do jornalista, a entidade preza dinheiro e interesses políticos em detrimento ao aspecto técnica na competição mais importante da América do Sul. Confira o post na íntegra:

“No meio da noite de domingo, a CBF anunciou que o Brasileiro agora distribuirá seis vagas para a Libertadores, elevando de cinco para sete os postos nacionais na competição. Ou seja, na reforma da Conmebol, o Nacional passará a classificar 30% de suas equipes ao principal torneio continental. Essa mudança causa uma distorção técnica no campeonato sul-americano em favor da obtenção de mais dinheiro e por interesses políticos.

 
 
 

A Conmebol confirmou a informação no meio da madrugada. Ironia: as mudanças que são para promover o torneio, e seus anúncios não foram feitos por canais oficiais.

Bem, a reforma da competição foi feita após uma consultoria que quer valoriza-la e propôs uma fórmula similar à da Liga dos Campeões. Aumentaram de 38 para 44 times em uma competição anual de fevereiro a dezembro. Mas a inclusão de sete brasileiros é só uma mudança fácil para obter mais apoio político e mais dinheiro em velhas práticas da cartolagem sul-americana.

Não há aproximação com os times do EUA, e possivelmente o México deixará o torneio. Em vez de expandir, a Conmebol simplesmente decide tirar o máximo do principal mercado, o brasileiro. A entidade diz ter usado critérios técnicos, esportivos e comerciais, incluindo o tamanho da população e mercado.

Havia clubes nacionais insatisfeitos com a Conmebol. Ameaçavam engrossar a liga sul-americana de times que questiona a confederação e pede por transparência dos contratos após três presidentes da entidade serem presos por receber propinas. O presidente da Conmebol, Alejandro Dominguez, que é amigo do ex-presidente detido Napout, se aproximou dos brasileiros e lhes deu o maior naco na reforma da Libertadores com duas vagas.

Mais do que isso, com sete brasileiros, é possível rediscutir todos os contratos com as emissoras de televisão do Brasil, além dos direitos de marketing. É o mercado na América do Sul que realmente tem dinheiro para pagar mais atualmente.

Haverá quem diga: a competição ficará bem mais forte. Será? O Brasil não se classifica para a final da Libertadores desde 2013. De nenhuma forma o desempenho técnico brasileiro recente justificaria um aumento de vagas. E ainda assim terão 16% dos participantes do torneio. Esse percentual pode subir ainda mais com até nove equipes se houver os campeões da Libertadores e da Sul-Americana. Neste caso, seria um quinto das agremiações.

Ora, a Liga dos Campeões tem alguns critérios técnicos da UEFA para classificação de seus times. Há rankings por países para dar a vaga de acordo com o desempenho dos anos anteriores. Isso, óbvio, foi ignorado. Ressalte-que a UEFA também inchou a liga na era Michel Platini por questões políticas.

Para piorar, as mudanças na Libertadores ocorrem a poucos meses do início da competição de 2017 com o Brasileiro em curso. Dentro do Nacional, a vaga na Libertadores passa a ser uma obrigação para grandes times já que sete deles se classificam dependendo do resultado da Copa do Brasil. Ou seja, a vaga perde qualquer aspecto de conquista e de indicador de bom desempenho como em ligas europeias.

Na prática, a Conmebol copia o modelo da Liga dos Campeões (com um mérito que é o torneio anual), mas introduz a sua velha política e interesses financeiros na reformar a Libertadores. E a gente acreditou que poderia melhorar”.