A proposta da Rede Globo de cortar parte do pagamento aos clubes pela cota de transmissão do Campeonato Brasileiro durante a paralisação pela pandemia do novo coronavírus não caiu bem. As agremiações não gostaram e esperam negociar os termos com a emissora.
Uma comissão será formada com representantes de três clubes: Grêmio, Palmeiras e Flamengo. Estes conversarão com os executivos da rede de TV. Nesta terça, os presidentes das agremiações voltarão a se reunir por meio de videoconferência com a CBF. Por mais que a entidade não participe da negociação com a Globo, pode intermediar algum acordo.
Para os clubes, o corte agora acontece no pior momento, quando perdem outras receitas em virtude da interrupção dos campeonatos. A Globo promete pagar o mesmo montante combinado anteriormente (R$ 22 milhões fixos para os clubes pelo Brasileiro), mas vai ajustar mais para a frente os cortes feitos entre abril e junho.
No entanto, os clubes temem ficar sem conseguir arcar com outras contas no momento se houver este corte. Muitos, inclusive, acertam pagamentos de dívidas no dia que bate a cota da Rede Globo, depositado sempre no último dia do mês. Com o compromisso de realizar o Brasileiro por 38 rodadas, querem a garantia de receber a cota total.
Há ainda um outro fator de preocupação. A Globo, na carta enviada aos participantes, admite a possibilidade de fazer novos ajustes dependendo do aumento da crise causada pela pandemia do Covid-19. Ou seja, pode haver mais cortes. A emissora justifica que a alteração se faz necessária diante da dificuldade que o período impõe a todos os envolvidos.
Confira a íntegra da carta enviada da Globo aos clubes:
” Prezado senhor,
Essa proposta, como já dito, é feita em boa-fé e tem como objetivo contribuir para o restabelecimento da normalidade das atividades de transmissão de eventos esportivos. Não representa renúncia da Globo ao direito de, futuramente, reavaliar as consequência que a pandemia venha a causar da continuidade, formato e calendário dos eventos de futebol, bem como nos negócios desenvolvidos pela Globo a partir dos direitos e no próprio panorama macroeconômico de maneira geral. Tais consequência podem demandar novos ajustes nas obrigações contratuais (inclusive no cronograma previsto na tabela), ao gerar desequilíbrio nas prestações já ajustadas.