Em entrevista ao site Globoesporte.com, Cristóvão Borges admitiu alguma mágoa com a cúpula do futebol do Fluminense. Na opinião do treinador, a convicção de que ele era a melhor escolha para o momento do clube terminou de maneira muito rápida e brusca.
– Estava feliz. Primeiro, porque sobrevivi. Difícil de acontecer. Renovei contrato, mais uma etapa cumprida. O Fluminense ia viver uma outra realidade, dificílima, com a saída da patrocinadora. Muitos jogadores iam embora, o investimento seria menor, mas eu sabia que a cobrança seria a mesma. Mas eu me entusiasmei com a transição, porque ia exigir muito trabalho. Foi o meu combustível. Fiquei entusiasmado até o final, porque tinha consciência de que íamos passar pelas dificuldades. Tivemos que montar um outro elenco, que não seria do mesmo nível do ano passado, o que requer tempo, mas sabemos que futebol é para ontem. Depende de quem está no projeto ter convicção do que está fazendo. Se acredita, banca. Independentemente de qualquer coisa. Não consegui terminar. Começamos a ser criticados porque tivemos resultados que não foram bons contra pequenos, mas o objetivo era classificarmos, e íamos classificar. Primeiro, era achar o time. Isso eu achei. Tanto que depois que eu saí, o time continuou a ser o que eu achei. Os últimos times campeões, Corinthians, Atlético-MG e Cruzeiro, todos eles apostaram, bancaram e ganharam. Os outros mudam o tempo inteiro e vão continuar na fila. Falta critério de avaliação.
O treinador conta quando acabou o respaldo
– Quando não houve o entendimento de que os momentos em que a equipe esteve em baixa foram quando jogadores importantes estavam machucados. Se não souber viver na dificuldade, não vai pegar na taça. Por isso que dei o exemplo do Vasco. Tínhamos vencido o Bonsucesso e fomos jogar contra o Macaé sem alguns jogadores. Poderíamos ter vencido mesmo com o time modificado, mas não aconteceu. Aí as pessoas começam a ficar assustadas – disse Cristóvão, lembrando que pouco conseguiu pôr em campo o time que considerava ideal:
– O melhor time daquele elenco, o que deu a melhor resposta, eu quase não consegui escalar. Tivemos muitos problemas. Depois, o novo treinador conseguiu colocar em campo em sequência e classificou. Era o que aconteceria comigo. Nas duas vezes que consegui escalar, uma o time ganhou de goleada e na outra fez o melhor jogo do Carioca, na minha opinião (a vitória sobre o Botafogo). Jogo de futebol de todo o Carioca acho que foi aquele. Mas chegam os momentos de crítica, de pressão. No futebol nem todos suportam. Técnico aguenta, está acostumado. Por exemplo, o Vasco foi o campeão. Se não acreditassem no que fazem, não seriam porque mandariam embora o Doriva depois que perdeu de cinco do Friburguense. O discurso da diretoria do Fluminense era de apostar no trabalho.