Foto: Lucas Merçon/FFC

Nobres tricolores,


 
 
 

fiquei afastado desse espaço porque, no português claro, estava de saco cheio. Voltei porque o desabafo em alguns caracteres no twitter precisa virar texto. Em estado de fúria depois do jogo foram precisos dois dias para esfriar a cabeça e escrever sobre.

Não tinha ânimo para discutir Fluminense. A rede social do passarinho azul me satisfazia. Porque, exceto algum fato novo, cada vez mais raro, falar de Flu é repetir discurso. Diretoria incompetente, técnico medíocre, elenco fraco…

A alegria não voltou. Tá, fiquei um pouquinho esperançoso de que poderíamos fazer uma graça na Sul-Americana, que hoje não tem nenhum bicho-papão, mas o Fluminense da Flusócio tem horror a protagonismo. Como se não bastassem as trapalhadas da gestão, o amadorismo e certas atitudes suspeitas, o Tricolor, em campo, não consegue três vitórias seguidas no Brasileiro há mais de dois anos. Como diz meu amigo Dedé Moreira, a bola não entra por acaso.

Sobre o Fla-Flu, muitos não tocaram num ponto que pode explicar não só a derrota como a atuação. É comum os treinadores, num campeonato longo como o Brasileiro, fazerem projeções de três em três ou de quatro em quatro jogos.

Após a goleada sobre o rebaixado Paraná, o Fluminense teria pela frente quatro grandes – Flamengo, Atlético-MG, Santos e Vasco. Numa análise otimista, seis pontos nesses duelos estariam de bom tamanho naquele que é o objetivo principal: não cair e, automaticamente, ficar liberado para tentar o improvável título continental.

Não tenho dúvidas de que na conta da comissão técnica a derrota para o rival estava dentro do aceitável. Isso, claro, foi passado para os atletas que, naturalmente, se acomodaram. E aí tomam gol com 10 minutos de um time notadamente melhor, com atmosfera do estádio toda contra (O Flu jogou fora de casa contra o Fla duas vezes nesse Brasileiro), fim de papo.

Nesse bolo, entra, claro, a inoperância do treinador. A escalação de Mateus Norton é de uma imbecilidade…Esse atleta, trazido pelo gênio do futebol, Marcelo Teixeira, do Aimoré, que nunca revelou ninguém na história do esporte, não consegue fazer o trivial na posição de origem. Nem na lateral. Imagine na ala!

Tomou um baile do Vitinho, que até aquele sábado, não tinha chamado ninguém para dançar. Qualquer técnico com um mínimo de coragem teria sacado Norton com menos de 20 minutos. Tivemos que aturar aquela coisa medonha até o fim do primeiro tempo.

Marcelo Oliveira, porém, continuou insistindo com Marcos Júnior, que já está pensando qual camisa vestirá em 2019. Ibañez, que erra todos os passes possíveis na zaga, todo enrolado no meio, correndo com a bola na posição onde se pede tranquilidade e toques rápidos. O treineiro só acertou mesmo quando fez as três substituições. Criamos alguma coisa, enfim. Mas já estava 3 a 0.

Vejo alguns tricolores defendendo o trabalho do técnico. O que tem feito de tão relevante assim? O time continua jogando mal como na época do Abel e nem com o esquema que o mundo inteiro atua ele conseguiu fazer da equipe competitiva. Teve de voltar ao tenebroso 5-3-2.

E sobre o esquema, você que me segue sabe que sou absolutamente contra a implementação dos três zagueiros desde a época que Abel o inventou. Tem que mudar isso daí, como diz o outro.

Não tenho aversão. Se os zagueiros fossem Thiago Silva, Edinho e Ricardo Gomes. Com Digão, Ibañez, Gum e Richard a frente deles, o caminho é o sofrimento. É matemática. Com mais jogadores ruins em campo, maior a chance de o time jogar mal.

“Ah, mas esse esquema deixa o time mais protegido e libera os alas”. Falácia. Você sabe disso. Funciona contra Paranás e Cuencas. Basta ver o VT do Fla-Flu, se tiver estômago.

Além de fracos tecnicamente, os nossos defensores marcam a bola. Digão não tem velocidade e se posiciona mal. Ibañez, o falso técnico, pois tem mais velocidade que os outros e alguns confundem isso com qualidade, não tem tempo de bola, e Gum, que já deveria ser dispensado há uns três anos, continua sendo homenageado por seus 4.506 jogos e tantos títulos com a titularidade eterna.

Ofensivamente, com o 3-5-2, na prática um 5-3-2, produz pouco, quase nada. Mesmo com Sornoza em campo. É bola no Everaldo e no Ayrton Lucas. Só. Então temos inutilidade na defesa, porque marca e se posiciona mal, saída de bola ruim, pois nenhum dos três zagueiros têm técnica, e ausência de massa encefálica na frente.

Richard é um pião jogado na terra batida da pracinha. Fica pererecando com a bola, sem saber o que faz com ela e quando é desarmado volta trotando. Na esquerda, Ayrton Lucas, quando não está com o botão de play ligado, erra muito e na direita, o anti-vírus que não protege nem o teu 486 cinza desbotado. Everaldo tremeu no clássico, Luciano, marrento, ficou esperando bola no pé e Marcos Júnior, que só sabe correr, nem isso fez.

Marcelo Oliveira, com uma tranquilidade que lhe é peculiar, na coletiva tratou o resultado como uma naturalidade de quem, como dito no início do texto, já esperava a derrota.

O Fluminense tem se tornado um dos antagonistas do futebol brasileiro. Ao seu lado, os rivais Botafogo e Vasco. Enquanto isso, o queridinho da mídia, com três vendas, supera nada menos do que 20 do Flu nas duas últimas décadas, lutando por títulos importantes ano sim, outro também. Perde a maioria porque o cheiro é forte. Mas em algum momento vai triunfar. Difícil é crer em coadjuvantes como o Tricolor.

Restam 27 pontos. Três vitórias e acabou o sofrimento. Dois times já foram para o ralo, então restam duas vagas. Não creio que estaremos entre elas. Na Sul-Americana, vamos nos iludir mais um pouquinho, colocar 40 mil no Engenhão porque se não há esperança, não há nada e ano que vem a luta recomeça.

Só espero que em novembro de 19 você faça a escolha certa. Possivelmente, o suposto mecenas estará com a Flusócio. Vão te prometer estádio, time forte, dívidas equacionadas…Não dá mais pra errar.

– Em 2015, 13º, 2016, de novo, 2017, 14º. Por enquanto, 9º. Festa no QG da Flusócio!

– Daniel na reserva desse time é cegueira ou esquema.

– Calazans, quando estiver 100%, é outro com vaga garantida.

– Digão. Viril, forte, dá porrada… Isso, para muitos, é suficiente.

– Pra 2019? Gilberto, Ayrton Lucas, Jádson, Daniel, Sornoza, Everaldo, Calazans e Pedro. Só.

 

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Um grande abraço e saudações!