Foto: Mailson Santana/FFC

Nobres tricolores,

 
 
 

teremos inúmeras explicações para a derrota que reduziu muito as chances de o Fluminense voltar a disputar uma final continental. Dificilmente chegaremos num consenso o que não é obrigatório, ao passo que preocupa. O time é fraco tecnicamente, uma unanimidade entre qualquer torcedor são. Mas não perdemos para o Atlético-PR apenas por isso e esta razão me fez voltar aqui.

O Fluminense é absolutamente inerte. O papo é campo e bola, mas, claro, não dá para ignorar o que fazem fora das quatro linhas. Me atendo, porém, ao que acontece na grama natural ou sintética, falta muito mais do que qualidade para tentar entender esta equipe do Marcelo Oliveira. O jogo de quarta-feira nos mostrou uma sequência de equívocos e desmistificou algumas máximas.

Primeiro que o esquema com três zagueiros, tão criticado pelo blogueiro, demonstrou novamente sua fragilidade na medida que não há o equilíbrio buscado pelo treinador. A saída de bola, como sabido, é péssima e a cobertura dos alas, idem. No mano a mano, Ibañez, Gum e Digão são tão ineficientes quanto os pesados Richard e Airton, juntos, a frente deles. O Atlético deitou e rolou na nossa intermediária e abusou das ultrapassagens em velocidade pelos lados. O técnico lateral Jonathan, que não é mais um menino, fez o diabo com o jovem Ayrton Lucas. Este, provavelmente, fez sua pior partida como profissional.

O segundo ponto a ser analisado é a falta de treinamento. E isso não se resume apenas ao trabalho de campo. Falo de orientação, que também faz parte da atividade. O Fluminense é uma equipe completamente acéfala. Na organização de um ataque ou contra-ataque, os jogadores se posicionam mal e infiltrações inexistem. Os passes são todos horizontais. Ninguém ataca o “ponto futuro” para receber a bola, não fazem ultrapassagens. Simplesmente passam a pelota e ficam parados. Quantas vezes uma jogada ontem morria nos pés do Everaldo porque ninguém se movimentava?

Por fim, claro, as escolhas equivocadas de Marcelo Oliveira. Desde a escalação do banco, com um inexplicável Caio e as ausências de Matheus Alessandro e Daniel, até a insistência com os três defensores que, exceto Gum, fizeram uma desastrosa partida sem a bola e com ela.

Precisando marcar ao menos um gol era mesmo fundamental a manutenção dos três quando já se perdia por 2 a 0? Tirar um deles, como Ibañez, um horror na noite de quarta, significaria o receio de  tomar o terceiro e aí sim, decretar a eliminação? Marcelo não é nada diferente de seu antecessor e da maioria dos treinadores brasileiros. Extremamente conservador e adepto da tática de primeiro marcar para depois jogar.

Marcelo Oliveira repetiu a estratégia que deu certo contra o fraco Nacional (URU) com Jadson improvisado na ala e dois volantes limitados a marcar. Em suma, o Fluminense tinha cinco em campo que em nada auxiliavam nas construções das jogadas ofensivas. Somam-se a eles um meia que não cria, chuta pouco e desaparece quando o time mais precisa de um resquício de lucidez no setor mais importante, Ayrton Lucas, asqueroso, Luciano isolado e Everaldo tentando fazer jogadas com ninguém. Passar pra quem? Tabelar como?

O Fluminense consegue resultados melhores do que com Abel, mas não houve qualquer evolução no futebol empregado. O sistema de jogo é o mesmo e a inconcebível falta de concentração também. É um time que demonstra comprometimento, um brio contra o Nacional e uma semana depois se excede na displicência como nos gols de pelada marcados pelo Atlético-PR. O primeiro, de Renan Lodi, Jádson simplesmente estaciona na intermediária depois de duas tentativas de finalização dos caras. No segundo gol, três atletas incapazes de diminuir o espaço para evitar o cruzamento e um incompreensível Ayrton Lucas que deixa o adversário antecipar e cabecear sozinho na pequena área. Lembrando que já tinha entregado no primeiro tempo em lance parecido, mas, por sorte, a testada foi no meio do gol.

Sejamos honestos, o Atlético-PR, como time, está anos-luz na nossa frente. Mas é o Atlético. Não o Cruzeiro, o Grêmio, o Corinthians. Nessas horas, a camisa, a mística, a história podem pesar e é o que resta para nos agarrar na expectativa pela classificação.

Fora de casa, o time do Paraná não ganhou de ninguém e não consegue repetir o ritmo alucinante da Arena. Agora, tem 2 a 0 na conta. Vai se defender pra cacete e o Fluminense precisa sim do jogo perfeito. Fazer algo que não conseguiu de janeiro até agora: propor e pressionar. Não pode deixá-los respirar e excesso de conservadorismo ou no português claro, covardia, não pode existir.

Que o Marcelo desista dos três zagueiros, sacando Ibañez, o pior deles, para colocar um meia ou um atacante de velocidade. Mas se mantiver o esquema medroso, inventar Júnior Dutra ou qualquer outra bizarrice, vou ao Maracanã no fim do mês somente pelo dever cívico.

Teremos 20 dias até lá e 15 pontos para disputar no Brasileiro. Matematicamente duas vitórias nos livram, mas com quatro pontinhos já dá pra pensar exclusivamente na “Sula”. São cinco partidas para a diretoria, treinador e time mostrarem que o torcedor poderá, mais uma vez, acreditar.

Confiança? Nunca tive. Mas mantenho a esperança. É futebol, afinal.

– Dentro do que consegue fazer, boa partida do Richard.

– Ibañez pode ser o novo Thiago Silva, mas esse rapaz teve base?

– Passa mal, péssimo tempo de bola e posicionamento.

– Ayrton Lucas, quando não está com o botão do play ligado, é pior do que o Vanin.

– Rodolfo, Marlon, Paulo Ricardo, Caio, Marcos Júnior e Júnior Dutra. Osso…

– Decisão no domingo. Vitória mais do que necessária. Obrigatória.

 

Um grande abraço e saudações!

 

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