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Em entrevista exclusiva ao canal oficial da Conmebol, no YouTube, o técnico Fernando Diniz abriu o coração sobre a cultura “resultadista” no futebol brasileiro, onde muitas vezes não se avalia o desempenho técnico, mas sim se o time ganhou ou perdeu. Diniz enxerga isso como um mal ao futebol brasileiro.

– Eu acredito que o resultado no futebol é um dos principais problemas para o não desenvolvimento aqui no Brasil de uma maneira mais profunda. É uma dificuldade muito grande de estabelecer aquilo que é bom e aquilo que venceu. Não necessariamente, já aconteceu muitas vezes e vai continuar acontecendo, aquele que vence não necessariamente é o melhor time, que tem mais condição, melhor desempenho, que tem às vezes o melhor trabalho técnico, administrativo… E a vida é boa por conta disso. A vida é um jogo de probabilidades, e dentro delas existe muita incerteza. A gente tem que saber com as incertezas também. Mas não achar que quem perde é um fracassado e quem ganha é um herói, um mágico. Nisso eu acho que temos um pensamento muito infantilizado que perdura ainda. Essa vacina eu tenho ela em dia, sempre. É muito difícil eu ficar encantado com um resultado, gosto mais de ler a verdade do que está acontecendo do que a bola que entra ou não. A gente resumir ao futebol assim empobrece muito. Eu não gosto e quero contribuir para que estabeleça outros parâmetros para avaliar, reconhecer o que é bom – disse, acrescentando:

 
 
 

– Sempre costumo fazer uma analogia que é simples, mas ela é real: é a mesma coisa, para quem tem filho, que seu filho vai na escola e tira nota azul colando, e você se permite ter algum tipo de alegria com esse tipo de procedimento. Futebol às vezes você não joga absolutamente nada, você é dominado, a bola dos caras não entra, e você dá um chute e entra. E você comemora como se aquilo… Aquilo vai ter um preço que vai te cobrar. O futebol para mim tem que vir acompanhado de um trabalho consistente, que os resultados apareçam assim. Porque quando eles não aparecem dessa forma, o trabalho do treinador e da instituição fica mais difícil porque vai para uma distração e para o autoengano. E uma hora você paga uma conta alta, essa conta vai chegar uma hora – finalizou.