Símbolo do Rio de Janeiro, o Maracanã foi reformado para se tornar o principal palco da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016. No entanto, atualmente, virou a imagem de um estado abandonado. O portal LANCE entrevistou os candidatos ao governo do Rio, que apresentam suas propostas para o futuro do principal estádio do país, e a maioria se manifestou a favor de rever a concessão, que atualmente pertence à empresa Odebrecht.

Confira as propostas:

 
 
 

Eduardo Paes (DEM):

Resolver a questão do Maracanã é, de certa forma, simples e está mais do que clara. É preciso ter a boa vontade de sentar e rever a concessão. Fazer os ajustes necessários no contrato para que ele seja bom tanto para o Estado quanto para o concessionário e também para os clubes, principalmente, Flamengo e Fluminense que sofrem com a falta de um estádio. E nessa revisão da concessão é importante discutir a criação de uma área popular para que todos os torcedores possam ter acesso ao estádio. Um local mais barato para o torcedor.

Romário (Podemos):

O Maracanã, assim como as demais praças públicas de esporte, será motivo de um projeto integrado. Mas, antes, preciso conhecer a realidade daquele espaço, seus compromissos, suas dívidas e sobre a conservação de suas instalações em geral. Defendo que as grandes praças do esporte precisam dar retorno financeiro aos cofres públicos. Nesse sentido, pretendo desenvolver projetos integrados com as Secretarias de Cultura e a de Turismo, para que o Maracanã, no caso, não seja aberto apenas em dias de jogos, mas que tenha um calendário anual rentável, não apenas em sua área central, o campo de futebol, mas que parte das demais dependências também sejam de uso comercial. Mas, não podemos esquecer que o Maracanã é um grande patrimônio histórico do futebol. É como se fosse a “casa do povo”. Por isso, é preciso dar àquele espaço destinação também social. Está nos meus planos criar programas que integrem a educação ao esporte, como cursos de formação técnica voltados ao futebol, com matrículas prioritárias às comunidades carentes. O futebol precisa de craques, mas precisa também de muita gente de apoio, e isso pode dar emprego para a molecada também. E há espaço suficiente no Maraca para torná-lo espaço cultural, com exposições artísticas ligadas ao futebol, exibição de filmes, seguidos de debates, enfim.

Índio da Costa (PSD):

Se pensar desde o Pan-Americano (2007) até a Olimpíada (2016), se teve uma série de eventos importantes no Rio de Janeiro e o legado deles, basicamente, além das dívidas, são grandes equipamentos sem utilização. A minha proposta é usar esses equipamentos para integrar uma série de atividades sociais, culturais e esportivas, que conectem as comunidades a estes equipamentos. No Maracanã, por exemplo, a espinha dorsal seria o futebol, mas tem o Parque Olímpico, com outras atividades esportivas. Essas comunidades, hoje sob domínio do tráfico, têm uma população jovem que está sempre correndo risco de ser aliciada e sem uma atividade que a ocupe fora do tempo em que elas estão na escola.

Dentro dessas comunidades já há muitas organizações sociais e ONG’s que fazem atividades culturais, esportivas… A ideia não é o Governo fazer tudo e nem assumir a responsabilidade sobre essas organizações, mas, de alguma forma, organizá-las e dar o espaço para que possam se manifestar dentro desses equipamentos. Um bom exemplo é o estádio de Volta Redonda, que tem atividade o tempo todo e não só nos dias de jogos.

Ideia é retomar o Maracanã e fazer uma nova concessão, uma licitação internacional. Sabemos que tem ‘players’ interessados no mundo inteiro em assumir o Maracanã e, dentro do edital, garantir que essas atividades sociais, esportivas e culturais aconteçam ali dentro. É o Estado ajudando a organizar isso e não ser o provedor.

Tarcísio Motta (PSOL):

É preciso fazer, imediatamente, uma auditoria no processo de privatização do Maracanã e nos contratos estabelecidos entre o Governo do Estado e o Maracanã. A realização desta auditoria tem o objetivo de retomar a gestão pública do Maracanã e torná-lo, associado à questão do Célio de Barros e do Júlio Delamare, um complexo popular de esportes do Rio de Janeiro. Isso significa, inclusive, conseguir construir uma política de ingressos mais populares, incluindo possibilidade da retirada das cadeiras atrás dos gols para fazer, destes, setores populares. Não é possível que a gente concorde, sem fazer nada, com esse processo de arenização do futebol brasileiro e tendo um dos principais símbolos, que é o Maracanã, como exemplo disso. Maracanã já foi exemplo de muita força popular do esporte e do futebol e, recentemente, é o símbolo da corrupção, do desvio do dinheiro público, da irresponsabilidade da máfia do Cabral, do Pezão e do PMDB. Da irresponsabilidade de mega eventos que, na verdade, não trouxeram legado algum de fato.

Wilson Witzel (PSC):

Vamos retomar as negociações com o consórcio que adquiriu a concessão para que possamos propor uma nova modalidade de PPP (parceria público-privada), rediscutindo a equação econômico-financeira e chamando para essa conversa, inclusive, as associações de clubes de futebol para que, em conjunto, encontremos uma solução. Isso já deveria ter sido feito. Quando se faz uma PPP, se faz audiências públicas e um dos maiores problemas que temos no Brasil em relação às PPP’s é a insegurança jurídica. A do Maracanã, infelizmente, é mais uma que não deu certo no Brasil e que, aos olhos dos investidores, aumenta o risco de qualquer negociação. Isso é muito ruim. Faremos com que os contratos celebrados sejam milimetricamente respeitados, o que não aconteceu. Um governo completamente atabalhoado, diante de pressão popular, descumpriu o contrato elaborado. Isso foi uma falha na concessão, o que não é admissível. Por isso, se faz audiência pública e deixa claro qual será a regra. E também vou adiantar uma questão importante, que venho defendendo e que não está sendo muito bem utilizada em nosso contrato de PPP, que é a possibilidade de arbitragem, conforme prevê a Lei das Concessões de parceria público-privada. Vamos, no edital de convocação, explicitar que qualquer discussão jurídica será resolvida mediante uma corte de arbitragem no prazo máximo de 60 dias. Isso tratá, para os investidores, segurança jurídica, equilíbrio contratual e maior interesse.

Pedro Fernandes (PDT):

Primeira coisa é achar um caminho jurídico para romper esse contrato com a Odebrecht. A minha opinião, e vou trabalhar neste sentido, é a de abrir oportunidade aos clubes ou algum clube do Rio administrar o Maracanã. Tenho conversado muito com o presidente do Flamengo (Eduardo Bandeira de Mello) sobre isso. Flamengo tem interesse em administrar o Maracanã. Inclusive, apresentei um projeto na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) para autorizar retirar uma parte das cadeiras para voltar a “Geral”. No meu governo, vai voltar a ter “Geral” no Maracanã. Acho isso importante para, inclusive, facilitar o barateamento dos ingressos, mas acho que não cabe à Odebrecht, mas sim a algum clube fazer a administração do Maracanã. O Flamengo já demonstrou interesse . Não sei se outros clubes também terão interesse em participar desta disputa, mas, certamente, será aberta a todos.

Márcia Tiburi (PT): 

Em relação ao Maracanã, vamos ter de discutir com a sociedade civil. Porque, hoje, há essa controvérsia: se deve ser administrado por uma gestão pública ou privada. E a minha tendência é pensar que o Maracanã deve ser administrado pelo Estado. Afinal de contas, defendo o fortalecimento do Estado. E o Estado como eixo do desenvolvimento de todo o território. Penso no Estado como uma função principal de que as coisas funcionem, inclusive, o Maracanã. Mas por quê? Porque o Maracanã é um símbolo. O nome do Maracanã chegou aos mais diversos lugares do mundo. Você fala em Rio de Janeiro, fala em Maracanã, assim como fala do Pão de Açúcar e da Praia de Copacabana. Não podemos esquecer do aspecto simbólico do Maracanã. Do meu ponto de vista, devemos administrar o Maracanã e, com isso, conseguiríamos fazer o que é mais importante, que é devolver o Maracanã ao povo. Falo em devolver o Maracanã ao povo e em devolver o Estado também. O Estado, atualmente, está sob mãos do poder econômico. Em termos concretos, devemos pensar o Maracanã não só como um estádio e complexo, em todo o sistema de esporte que transita ali, mas em algo que a população espera, como o ingresso barato. Eu não penso que deva ter de recriar a “Geral”. Se as pessoas quiserem muito uma “Geral”, damos um jeito, mas o Maracanã está todo confortável. Por que os ingressos não podem ser baratos, embora o Maracanã seja confortável e bonito? Não preferimos uma “Geral”, preferimos conforto e a preços acessíveis. Tratar o Maracanã como bem popular.

Marcelo Trindade (Novo):

O Maracanã é um símbolo para quem é da minha geração. Fui a vida inteira ao Maracanã de 464, 434. O melhor programa da minha semana era o jogo de domingo e, naquele tempo, os clássicos juntavam gente. Era, realmente, o programa da minha infância e adolescência. Íamos cedo ao estádio, víamos a preliminar, depois o jogo principal. E isso desapareceu. Precisa recuperar esse amor do Rio e essa convivência pacífica em torno do esporte. Quem torce para times rivais não são inimigos. Precisamos recuperar o Maracanã como símbolo maior disto. O Estado tem enormes dificuldades para administrar diretamente um estádio como o Maracanã, então, acho que precisa ser reprivatizado, mas, claramente, a situação atual é insustentável. Respondendo objetivamente, acho que precisa tomar o Maracanã, reprivatizá-lo com atenção a esta finalidade pública.

André Monteiro (PTRB):

O Maracanã é uma Caixa de Pandora, uma caixinha de surpresa. Veio o grupo do Eike Batista, que ganhou a licitação de uma forma meio nebulosa. Depois, viu o grande elefante branco que ficou nas mãos, com prejuízos e mais prejuízos, e deixou na conta do Estado. Gastamos milhões e milhões de reais. A cada época, havia um aditivo nos contratos. Sabemos que a reforma do Maracanã foi um grande desvio de verba pública. Tudo maquinado pelo então governador Sergio Cabral e ficou provado isso. Vimos os escândalos. Então, hoje eu digo claramente: não podemos dizer como será a administração do Maracanã antes de assumirmos e fazermos uma auditoria de todos os contratos que giram em torno do estádio. Só depois que fizermos um raio-x é que vamos poder decidir o que fazer. Todo mundo sabe que, neste momento, ele é um grande prejuízo para o Estado e não podemos deixar que isso continue acontecendo. O Rio de Janeiro não pode se dar ao luxo de ter prejuízo. Depois que fizermos toda essa análise e responsabilizarmos os culpados, vamos ver o que será feito.

Dayse Oliveira (PSTU):

Defendemos a reestatização. Isso tem a ver com a volta do povo pobre e negro para o Maracanã. Com a privatização do Maracanã, houve uma expulsão dos trabalhadores do estádio. É reestatizar, garantir o barateamento dos ingressos, a volta da “Geral”, que acabaram.