(Foto: Divulgação/FFC)

No próximo dia 26 de janeiro, os sócios do Fluminense votarão a mudança no estatuto que visa a antecipação das eleições, em uma Assembleia Geral. Em entrevista ao NETFLU, Fernando César Leite, presidente do Conselho Deliberativo, abriu o jogo sobre a possível antecipação do pleito, defendeu a renúncia de Pedro Abad e descartou ser apoiado pelo grupo do ex-vice geral, Cacá Cardoso.

Confira a entrevista na íntegra: 

 
 
 

O que achou da convocação da Assembleia Geral por parte do presidente Pedro Abad?

– A convocação já era esperada e eu já discursei no Conselho Deliberativo que existe um caminho muito mais rápido e menos traumático para isso acontecer, que é a renúncia, já que ele mesmo reconhece não ter condições para conduzir o clube. Tendo em vista que o impeachment não passou, a renúncia é muito menos dispendiosa do que uma mudança estatutária, além de abrir um precedente perigoso.

Conversou com o Abad antes da convocação da Assembleia Geral?

– Não. Eu soube pela imprensa (risos). Na verdade, ele me avisou através da secretária que havia convocado e que o documento estava à disposição para eu olhar. Eu não estava no clube, por motivos de mudança, então só vi o texto quando o mesmo foi publicado na imprensa.

O registro do estatuto demoraria cerca de 30 a 40 dias para sair. Ou seja, o prazo final de uma nova eleição pode se estender ainda mais?

– Se você vai fazer uma mudança estatutária, você está mudando a legislação máxima do clube. Para fazer qualquer ato, tem que registrar no registro de pessoas jurídicas. Tem que ter o livro, a ata da Assembleia, a cópia do estatuto. Eu não me lembro quais são os documento exigidos para esse processo. Então, uma nova eleição só pode ser convocada depois da vigência e registro do estatuto e isso demora. Às vezes cai em exigência, não sei…

O Abad disse que um dos motivos de não renunciar seria o fato de você querer comandar o clube até o final do ano, alegando ligações suas com o Unido e Forte. Quando você entrou na presidência do Conselho Deliberativo, foi dito que sua indicação havia sido feita pelo Unido e Forte… como foi isso?

– Se você pegar a ata da minha eleição, eu só tive quatro votos contrários. Na verdade, eu sou o presidente eleito por todos os conselheiros, exceto quatro. A ampla maioria me apoiou, então não podem dizer que sou um candidato do Unido e Forte. Algumas decisões que eu tomo também não agradam as pessoas do Unido e Forte. Sou um cara totalmente independente, doa a quem doer.

Em algum momento você falou para o Abad ou para alguém que, em caso de renúncia, ficaria até o final da gestão?

– Em nenhum momento. Pelo contrário. Fiz uma declaração publica no Conselho Deliberativo falando sobre isso, mas os conselheiros que faltaram não devem ter visto.

Esse segundo pedido de impeachment do presidente Pedro Abad, baseado no argumento de que o Abad processou o clube, principalmente, vai ser tocado adiante?

– Sim. Está sendo. Foi pedido, vai andar. Ele me foi entregue no dia 21 de dezembro, eu acho. Vieram as festas de fim de ano e teve uma pausa, mas vou dar a mesma tramitação que dei no outro. Vou entregar para a Comissão Disciplinar, a comissão vai entregar para o presidente e o presidente vai responder.

Então o Abad pode passar por essa situação novamente, antes de uma possível antecipação das eleições?

– Já existe o pedido. Pode ser que sim. Nessa semana eu vou dar o andamento. Não estou fazendo nada demais contra ele, mas sim o que tenho de fazer. Se a comissão definir que não vale dar o andamento, ok. Fiz o meu papel.

Muita gente diz que corre o risco dessa tentativa de antecipação das eleições ser judicializada. Você, na condição de advogado, o que acha disto?

– Isso é de cada um. Se algum sócio que tiver entrado com possibilidade de voto no fim do ano e as eleições forem antecipadas, caso ele se sinta lesado, tem o direito de entrar. Não sei se alguém vai querer se aventurar judicialmente para embarreirar esse processo. Eu não posso responder. Cada um tem que fazer o que acha que deve.