No próximo sábado, dia 08 de junho, acontecem as eleições presidenciais no Fluminense. Na disputa, dois candidatos: Mário Bittencourt, da chapa “Tantas Vezes Campeão”, e Ricardo Tenório, da chapa “Libertadores”. Um dos dois será o mandatário tricolor no próximo triênio e assumirá o comando no dia 10 de junho. Ambos concederam uma entrevista ao portal Globoesporte abordando sobre diversos assuntos do clube. Confira a entrevista completa de Ricardo Tenório:

Uma das principais bandeiras de sua campanha é a união. Você sempre que se manifesta fala que está disposto a conversar com todos os tricolores, de diferentes grupos políticos e com posições diferentes. Com isso, conseguiu alguns apoios. Há os recentes de pessoas ligadas à antiga coalizão Fluminense Unido e Forte e de pessoas do grupo que estuda a reforma de Laranjeiras. Em 2016, Pedro Abad e Cacá Cardoso se uniram na véspera da eleição e o que se viu foi a junção de dois grupos antagônicos, o que refletiu em problemas internos logo no começo da gestão. Se aliar a diversas pessoas não cria compromissos a serem cumpridos ao assumir o clube? Como você vai fazer para que eventuais diferenças não paralisem a gestão?

 
 
 

Em primeiro lugar, eu prego uma união mais ampla. Eu não prego união de grupos políticos ou de facções políticas internas. Eu prego uma união de todos os tricolores. Eu entendo que sem ela a gente não conseguirá sair da situação que está. Quando se faz acordos que não se consegue cumprir as promessas, as rupturas acontecem. Eu tenho por norma não acordar aquilo que não vá conseguir cumprir. Então, eu acredito que montando a equipe como estou montando e dialogando com as várias lideranças do clube, a gente está entrando em uma coerência. A gente sabe que a dificuldade é grande e o objetivo é o mesmo. Sem essa união, a coisa fica realmente muito mais difícil. É uma união ampla. Não falo de grupos, mas de pessoas que querem ajudar o Fluminense. Não só de pessoas que lá estão como de pessoas que estão fora e querem vir ajudar. Existem muitos tricolores capacitados querendo ajudar o clube.

Não há promessa por cargos, então?

Não. Não há promessas nesse sentido. Muito pelo contrário. Eu não tenho essa obrigação com ninguém. Nem com os que estão lá. A nossa pauta é austeridade. E isso requer muita responsabilidade e eficiência. Então, por isso, eu mostrei com transparência a equipe. Já lancei os nomes de algumas vice-presidências. Nós já estamos trabalhando em conjunto e temos a expectativa de que outras pessoas possam agregar. E que a gente possa ter essa união bem ampla em prol do Fluminense.

Você sempre se intitula como oposição. Realmente, em 2016, ao concorrer como vice de Mário Bittencourt, foi uma chapa oposicionista. Mas também é um fato que foi vice de futebol de Peter Siemsen em 2014. O ex-presidente tinha como base política a Flusócio, grupo de Abad. Não há aí uma incoerência, uma posição que muda de acordo com estar dentro ou fora da gestão?

Não vejo nenhuma incoerência. Vejo que sempre que fui chamado para ajudar o Fluminense, assim o fiz. Na primeira passagem como vice de futebol, em 2009, o presidente era o Horcades. Eu não tinha nenhuma ambição política. Se tivesse, não entraria em uma situação de 98% de chances de não dar certo. Eu fui chamado a ajudar naquela época e fui vitorioso. Fomos todos vitoriosos. Em 2013, ao final daquela situação de a Portuguesa e o Flamengo entrarem naquele problema no Brasileiro, o Peter me chamou no sentido de ajudar a pacificar o clube em relação a ele e o patrocinador da época, que não se falavam. Era uma situação terrível. E eu fui ajudar o Fluminense. Infelizmente, em quatro meses eu não consegui esse diálogo. O presidente e o presidente da patrocinadora não se entendiam e eu tive de sair. Mesmo assim, saí com o time na zona da Libertadores.

Sempre que fui chamado, fui chamado para ajudar. Então, não vejo nenhuma incoerência na medida que todos já tiveram lá em algumas posições. Todos os grupos políticos já tiveram união em algum momento. Por isso, eu prego que as pessoas acordem: somos todos tricolores e queremos a união em torno do Fluminense. Não das pessoas.

O seu período à frente do futebol tinha a Unimed-Rio como patrocinadora do clube. Ou seja, havia dinheiro para contratar. Como será possível investir no futebol sem esse aporte?

É uma nova realidade para todos nós. O Fluminense não tem patrocínio na camisa há algum tempo, por exemplo. Eu venho dizendo: as pessoas têm de entender que não existe mágica. Só existe trabalho. Você não pode prometer o que não existe. Pode prometer que se trabalhe para que a coisa aconteça. Com a equipe que eu estou montando, eu venho tendo conversas. Não só para patrocínio como para fornecedor de material esportivo. Isso, de imediato, é o que vamos buscar. Talvez já neste ano ou no começo do ano que vem, no caso do fornecedor de material esportivo.

A gente precisa, na verdade, fortalecer a marca. Voltando à coisa da união: sem a força interna, você não comunica ao investidor que você está em momento propício para ele colocar a marca dele no clube. Eu acredito que a gente, ao ser eleito, vai demonstrar essa força de união, e o os patrocinadores retornarão.

Mas, candidato, isso demanda negociação. Por vezes, a pressa do Fluminense não é a mesma pressa da empresa. Pode demorar. Então, como vai ser essa ação para investir no futebol em uma realidade diferente?

Eu tenho de buscar um grande parceiro. Na realidade, tenho de ir atrás. Não só de patrocinador como de fornecedor de material esportivo. As pessoas precisam entender que quando você demonstra credibilidade e estabilidade, você consegue contratos longos e com empresas sólidas. E para de trocar de patrocinador ou de material, como tem acontecido nos últimos anos. Esse é o objetivo maior da candidatura.

O Fluminense atrasou parcelas do Ato Trabalhista, o que gerou risco de exclusão. No demonstrativo financeiro de 2018, há a confirmação da possibilidade de exclusão do Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (PROFUT) por atraso no pagamento de parcelas. Sem o pagamento de impostos, não há a emissão de Certidão Negativa de Débito (CND), fundamental para, por exemplo, patrocínio de empresas públicas e captação de recursos incentivados. O Fluminense virou réu, recentemente, em novas ações judiciais trabalhistas e cíveis que cobram pagamentos atrasados de jogadores, empresários e fornecedores. Isso gera as famosas penhoras. Tudo isso demonstra a grave situação financeira. Uma dívida enorme e o total comprometimento do fluxo de caixa, o dinheiro do dia a dia, o que resulta no atraso de salários. De onde vai sair o dinheiro para mudar a realidade? Qual o plano para reverter a situação?

Todo o investimento requer um prazo para ser feito. À medida que a gente assuma, vamos abrir conversas oficiais. O investidor vai querer saber onde colocará o dinheiro. E isso tentaremos ser rápidos e claros. Na renegociação do Ato Trabalhista, por exemplo, vamos tentar tirar as penhoras de curto prazo. Aí, você já alivia o fluxo de caixas e, com outras receitas, consegue pagar o corrente. Além disso, temos de conseguir um patrocinador para a camisa. Esse, sim, vem de maneira mais rápida do que um investidor internacional capaz de fazer um aporte maior, a partir de um fundo. Isso parece que a atual gestão tem alguma coisa engatilhada. Estamos abrindo diálogo com a atual gestão para saber que tipo de conversa e em que pé está. Esse gargalo do fluxo de caixa é importantíssimo em função dessas dívidas que estão vencendo. Se não me engano, algumas têm três meses, além dos salários. Ter esse pagamento liberado será a nossa primeira ação. Vai ser duro e difícil, não tenha dúvida. Será um trabalho diário. Com a gente entrando, vamos mostrar que tem uma nova administração. E, com certeza, a gente acredita que será possível. Com o Brasileiro andando e evitando movimentos bruscos e ações que possam prejudicam o futebol, a gente projeta 2020 e aí sim com o fluxo de caixa positivo. A gente sabe que o investidor se programa com antecedência, ainda mais com a economia brasileira como está. É difícil, não é uma coisa que vem da noite para o dia. Por isso, as conversas foram iniciadas e, com a legitimidade do cargo, vamos resolvê-las da maneira mais rápida possível.

Então, para resolver o fluxo de caixa, as medidas são renegociar o Ato e ter um novo patrocinador?

Sim, isso. E não perder o Profut.

As conversas em andamento são com patrocinador e fornecedor de material esportivo? No ano passado, o Fluminense arrecadou pouco com patrocínios no futebol, somente R$ 12 milhões. Em um clube com dificuldades, é uma fonte de receita que pode ser melhor explorada…

Sim, os dois. Eu já conversei, principalmente, com o fornecedor de material esportivo. Ele tem de se programar com antecedência. Existem algumas tratativas. Prefiro não comentar números. É uma empresa da Europa que deseja entrar no país.

O Fluminense tem média de público de 12.474 pagantes na atual temporada. Já chegou a jogar para 2 mil pessoas neste ano, e o melhor público do ano não chegou aos 30 mil. Esses números preocupam? Com quais ações diretas você pretende trazer o torcedor tricolor de volta ao estádio?

Os números preocupam. Mas a gente entende que eles existem em parte por o Fluminense não comunicar direito com o torcedor. Não adianta culpar o torcedor por ele não ir ao estádio. Você tem de promover ações para ele ir ao estádio. O programa do Sócio Futebol é mal comunicado. As pessoas nem sabem que existem níveis de pagamento, até para quem tem baixa renda ou renda maior. Se você comunica isso bem, traz o torcedor de volta. E outra coisa: tem de viabilizar. Quando o torcedor liga para o clube, quando tem um boleto que não foi pago… essa comunicação é terrível. Essa ouvidoria é péssima. A gente tem de fazer valer essa relação.

Com o Maracanã, com essa relação compartilhada com o Flamengo, na minha gestão o Fluminense será protagonista. A gente tem como viabilizar algumas ações. Tem como envelopar o estádio, fazer ações nos dias dos jogos. Tudo isso pode comunicar e trazer o torcedor de volta. Evidentemente, com time se faz isso também. Tem de ser um time aguerrido e embalado. Assim, o torcedor nunca nos abandonou.

Mas, candidato, como serão os planos de sócios e os preços dos ingressos? Isso vai mudar?

Penso em aprimorar isso. Melhor do que mudar é comunicar. Se o torcedor não sabe o produto que está sendo ofertado, a tendência é ele não se empolgar e não entender as contrapartidas a ele. Se criou agora o DNA Tricolor, uma pesquisa importantíssima. Mas a tecnologia não foi implementada, ela não foi colocada lá dentro para comunicar. Parece que o projeto existe, o de CRM, mas isso não foi feito, infelizmente. Com isso, a gente com certeza vai chegar ao torcedor e o torcedor vai entender a contrapartida que o Fluminense está entregando. Não pode ser só ingressos, mas tem de ter outros benefícios.

O torcedor abandonou o clube?

A torcida não abandona o clube. Ela pode ficar ressabiada, desconfiada e desanimada. Abandonar, jamais. A torcida do Fluminense sempre deu demonstrações, quando o time precisou. Em 2009, foi o “lute até o fim”, o “Time de Guerreiros”. Tivemos a Libertadores em 2008 e o bicampeonato brasileiro. Então, se você consegue minimamente contribuir com uma gestão transparente, falando com o torcedor e com um time de qualidade, a torcida não abandona.

O Conselho Diretor muda agora, mas o Conselho Deliberativo continuará o mesmo até o fim do ano. Como fazer para governar nesse período com tantos conselheiros de oposição? Já iniciou esse diálogo? Qual é a resposta?

Não acredito que seja um Conselho de oposição. Será um Conselho de situação do Fluminense. A sua pergunta é “como fazer?”. Com diálogo. Sentar e conversar. Eu tenho ótimo diálogo com o presidente do Conselho Deliberativo, Fernando Leite, ele apoia a minha chapa. E também com todas as outras pessoas. Elas vão entender que não sou oposição a eles, e a gente vai criar uma pauta com uma agenda positiva. Juntos vamos tirar o Fluminense dessa situação, não vejo outro caminho. Conselho sempre é atuante e eu espero que cumpra esse papel. Como eu, como presidente do Conselho Diretor, vou cumprir o meu.

Esse diálogo já começou?

Sim, eu fiz uma comunicação da minha campanha e das minhas propostas a todos os conselheiros. A receptividade foi boa, todos me desejaram sucesso. O meu sucesso é o sucesso do Fluminense. Essa relação será boa.

Não haverá transição de um mês como costuma ter em eleições comuns. Assumirá dois dias depois… O que foi falado com o Abad e o que você conhece e desconhece da atual situação do clube?

É um momento atípico. Eu entendo que haverá de ter uma transição. Aqui há dois aspectos: o de direito e de fato. O de direito é que assume oficialmente no dia 10, dois dias após a eleição. O de fato, é que não tem condição se não registrar a ata da Assembleia, esperar que o cartório faça o registro, se mude as procurações nos bancos… Você não tem o poder de fato de fazer. Essa transição, eu espero que dure muito pouco, vai acontecer. Antecipadamente, estamos abrindo diálogo. Alguns diretores e vices estão abertos a falar comigo e com meu adversário. Isso é importante para que a gente possa entender a real situação. Nesse primeiro momento, precisamos de ações efetivas e combinadas. Não vejo de outra forma: a transição tem de existir. Pela falta de transparência, a gente desconhece muitas coisas, mas isso não assusta. A gente sabe que é difícil e terrível, mas estamos preparados. Com uma equipe pronta para fazer a transição e assumir o clube.

Pode haver uma inviabilização legal?

Não, tem mecanismos de procuração. Tenho certeza que isso não vai ser inviabilizado em momento nenhum. O Conselho Deliberativo se mantém. O presidente do Conselho tem o poder até que a transição seja efetiva. O diálogo com ele é muito bom, não tem problema. A gente poderia assumir sem problemas a partir de segunda-feira.

O último presidente do Fluminense foi eleito com 2.126 votos. Opositores da atual gestão criticam com frequência a concentração de poder nas mãos do presidente do clube. Isso é um problema? Acha que o Fluminense poderia ser mais aberto ou democrático?

Sim, é importante as pessoas saberem que o presidente do clube é o presidente do Conselho Diretor. As ações que ele toma são ações referendadas pelo Conselho Diretor. A minha intenção é que todo o Conselho Diretor, de forma coesa, tome as decisões. O presidente tem o poder de tomar as decisões, mas é a minha expectativa. Eu prego a união, e não é só na campanha. Quero união na gestão administrativa, financeira e na gestão política. A gente vai fazer essa união para tomar decisões. Para que se evite esse imperialismo do presidente. Isso não cabe mais.

Isso pode ser resolvido apenas pela postura do presidente? Ou o estatuto deve ser mudado?

Eu proponho no meu plano de gestão uma mudança estatutária. Para isso, vamos propor no Conselho Deliberativo. Faremos um estudo com uma comissão qualificada para que a gente possa fazer essa alteração. Cabe uma alteração política, para o conselho ser mais plural, mas também uma alteração de gestão, para que os poderes sejam mais divididos e todos tenham as suas funções claras e bem estabelecidas.

Quais são os principais pontos que vão definir essa mudança estatutária? O Fluminense vai continuar a ser um clube social?

O objetivo é que, no final, a gente consiga tornar-se um clube-empresa, separando o futebol das Laranjeiras. Essa é uma tendência do futebol brasileiro. Já há no Congresso essa discussão. Mas, algumas coisas já podem ser feitas desde já, e precisamos preparar o estatuto. Quando a lei chegar, estaremos preparados, de vanguarda. Também, temos outras opções para tornar o clube mais democrático, como o voto online, que outros clubes no Brasil já estão fazendo.

Então, a receita do futebol será toda aplicada no futebol? É isso que está dizendo?

Sim, será uma empresa separada do clube. Abriremos para investidores, terá fluxo de caixa exclusivo. Não vai se misturar com outras unidades, que também terão caixas separados. As receitas e despesas serão claras e transparentes. Hoje, o futebol representa 90% das receitas do clube. Não tem sentido em misturar essas questões. A separação é questão de tempo. Hoje, o caixa é único e não há transparência. Você não sabe onde está dando prejuízo. Ao que parece, o futebol está colocando dinheiro dentro do clube, o que não faz sentido. Assim como não faz sentido o clube colocar dinheiro no futebol. As coisas mudaram, a modernidade chegou. O futebol movimenta bilhões no mundo. Não podemos mais fazer a gestão dessa forma.

Quanto você gastou na campanha? Houve apresentação em hotel e no Salão Nobre do Fluminense. Há a contratação de pessoal, distribuição de camisetas e de panfletos. Quem está pagando isso? Qual o custo total da candidatura?

Quem está financiando sou eu mesmo. Eu e mais dois amigos. Não tenho motivo para esconder. Sou transparente porque prego isso. Não é uma campanha cara, porque não se quer retorno. Não é um investimento. É um gasto voluntário meu. Não quero receber nada em troca. Por isso, é uma campanha austera e séria. A atual situação do Fluminense não permite nenhuma euforia ou campanha que pareça pública, para buscar milhões de votos, fazendo milhões de promessas. Tenho ajuda de amigos, que também terão cargos voluntários: vice-presidência jurídica, financeira… Pessoas abnegadas que querem ajudar o Fluminense sem querer nada em troca. É nesse sentido que estamos fazendo a campanha. E, quando assumir, a campanha será a mesma. As únicas pessoas que terão retorno são as pessoas que lá trabalham.

O técnico Fernando Diniz continuaria no time? E qual é a avaliação sobre o diretor de futebol, Paulo Angioni, e todo o departamento?

Sim, continua. A gente vai entrar com o Campeonato Brasileiro correndo e teremos uma pré-temporada em função da Copa América. A comissão técnica terá a oportunidade de fazer um trabalho elaborado. Eles já vêm fazendo um bom trabalho. Vou conversar com eles para levar a filosofia da nova diretoria. E eles vão passar a filosofia e o projetos que eles têm. Essa troca é saudável. A minha obrigação é dar a eles condições de trabalho. A única condição em que eu tive que demitir técnico foi por perda do controle da situação. Não é o caso. Com o Cuca, por exemplo, em 2009, eu lutei para manter contra forças políticas que queriam tirá-lo. Mas não fazia sentido. Em 2014, houve o litígio entre a diretoria e o patrocinador e, infelizmente, culminou com a saída do Renato Gaúcho. E acabou na minha saída também. O Cristóvão Borges chegou e logo depois eu saí. Não tenho por filosofia ficar trocando de treinador em função do resultado pontual. Processo tem começo, meio e fim. Nesses seis meses, a ideia é manter o treinador e a comissão técnica e o diretor Paulo Angioni, para que esse trabalho se mantenha.

Qual é a avaliação do time? Gosta do modelo do Fluminense? E quais são as carências do time?

A gente tem que conversar com a comissão técnica para entender as carências do elenco. De fora, falamos apenas como torcedores. Nessa hora, temos que ser razão e sentar e conversar com a comissão técnica. Temos que ter capacidade de investimento para reforçar o time. Temos um orçamento a cumprir. Não posso alavancar de imediato essa folha de pagamento. Precisamos ter tranquilidade. O elenco mudou radicalmente do ano passado para cá, e foi uma surpresa boa. Algumas pessoas gostam do estilo do Diniz e outras não, mas é fato que ele tem um projeto e está cumprindo. E os jogadores estão abraçando, o que é o mais importante. Se você tem um técnico que sabe transmitir a filosofia e os jogadores entendem e aplicam, não podemos criticar problemas pontuais. Precisamos dar força para essa filosofia.

Muitos jogadores do elenco deste ano com empréstimos ou contratos que se encerram dezembro. Como vocês estão planejando lidar com o elenco?

Trabalho é uma coisa que a gente quer. Não vai fugir. Isso é uma coisa que já passei por lá algumas vezes. Todo ano tem renovação, discussão de contrato, ciclo que se inicia. Estamos preparados para isso, tenho bastante experiência nisso, tem uma diretoria lá que também tem, então vamos reavaliar tudo e dar continuidade a essa filosofia vencedora que essa comissão técnica está implementando.

Pedro é o jogador mais valorizado do elenco. Recentemente, o presidente Pedro Abad se comprometeu a não vendê-lo antes da eleição, apesar do interesse de clubes do futebol europeu. É possível mantê-lo até o final da temporada?

O Pedro já estava em negociação quase certa com a Europa. Perder um jogador para o futebol europeu é uma condição de todo clube brasileiro, não tem como competir. Contra outro brasileiro, podemos lutar. O mercado europeu que o Pedro é um jogador que tem preço e tem condição de estar lá. Vou entender como está a situação dele, quais são as propostas. Vou tentar valorizar o nosso atleta o máximo possível. Ele tem um valor de mercado muito bom. No mínimo, vou tentar colocá-lo em um clube de ponta. A negociação será nesse sentido. Vamos entender se é possível ele ficar (até o final do ano, pelo menos), acredito que sim. Temos outros garotos surgindo, mas quero contar com o Pedro. Antes, tenho que ver as propostas e, principalmente, o lado do jogador. Vou conversar com o empresário.

Então, a intenção é mantê-lo até o final do ano?

Sim, porque isso dá o retorno esportivo. Estamos disputando o Campeonato Brasileiro, a Copa Sul-Americana e a Copa do Brasil. E temos chances. E também dá o retorno econômico, porque valorizamos o atleta que vêm de lesão. Será bom para o Fluminense e para ele também.

Para o longo prazo, tem a reforma de Laranjeiras. Como isso vai funcionar? Está alinhado com o grupo Laranjeiras XXI?

Existe um estudo feito para que a gente revitalize a sede das Laranjeiras, o berço do futebol brasileiro. Esse estudo tem uma viabilidade econômica, o Fluminense não precisaria entrar com nenhum recurso. Isso é importantíssimo, porque não sai do meu caixa e me dá a oportunidade de recuperar um patrimônio histórico. Estou abraçando esse projeto e vou aprimorá-lo. O Gustavo Marins, que convoquei para ser o nosso vice de patrimônio, já está à frente desse projeto, que é apartidário. E não é só um projeto para o estádio, mas para toda a sede histórica. Temos condição de tocar isso. Podemos ter jogos de pequeno porte, além de futebol feminino e divisões de base.

Mas já dá para projetar prazo para quando isso comece a funcionar?

Eu vou entender. Como eu disse, isso ainda é um diagnóstico. Quando a gente dá prazo, a gente passar a ser cobrado imediatamente para cumpri-lo. Não é uma filosofia nossa, pretendemos trabalhar com pés no chão. Mas isso faz parte do projeto.

CT foi inaugurado sem estar concluído. E continua sem estar. Quais os planos para finalizá-lo?

O CT, com certeza, vai ser concluído. Eu pretendo. São 3 anos e meio de gestão. Pretendo concluir o CT, sem dar prazos, mas com a realidade que a gente tem, concluir na gestão. Concluir o CT compõe também um prédio onde você tem um projeto para fazer as acomodações, mas isso aí já é uma segunda etapa. Vamos fazer um planejamento para que consigamos levar 100% do futebol (profissional) para o centro de treinamento. Quando eu digo 100% não é só jogadores, comissão técnica e todo departamento de futebol. É também o marketing, o jurídico, o administrativo e o financeiro… É importante essas unidades trabalharem perto, em conjunto, para o futebol, que representa 90% do nosso faturamento, flua melhor.

E sobre Maracanã, quais os seus planos? Fluminense, recentemente, assumiu a concessão ao lado do Flamengo…

Há três vértices nessa história. Primeiro, Laranjeiras, como expliquei, a revitalização. Segundo, o Maracanã, que é a casa do torcedor do Fluminense, o Maracanã é nosso. E essa relação com o Flamengo é importante ressaltar que o Flamengo é nosso adversário dentro de campo. Fora de campo você ter uma relação comercial junto com o Flamengo onde você é protagonista com ele junto ao governo do Estado é importantíssimo. E na minha gestão o diálogo vai imperar. A conversa vai ser aberta com o presidente do Flamengo, a diretoria. Evidentemente temos um grupo lá. A relação hoje está programada para durar seis meses com provável renovação por mais seis até se fazer uma licitação, eu vou entender, participar diretamente e fazer com que o torcedor tenha ações dentro do estádio para que possamos desenvolver um projeto de sócio-torcedor bem melhor, para trazer o torcedor de volta para o Maracanã, porque hoje nossa realidade é o Maracanã. O Maracanã é o estádio do Fluminense.

Tentará renovar o contrato com o Maracanã por mais tempo?

Sim. Você tem um processo de seis meses de relação direta com o governo, de administração direta, mas pelo que vi e li vai ter uma licitação. Pode ser que renove por mais seis meses, que renove essa administração, e aí nessa licitação, o Fluminense como protagonista junto com o Flamengo vai montar uma gestão compartilhada, para que participemos da licitação para administrar efetivamente o Maracanã, aí sim, por um espaço de tempo longo e onde realmente possamos cuidar da programação e da casa do torcedor.

Isso significa que o projeto de estádio próprio não existe?

Quanto a um estádio próprio, é, realmente, um sonho. Não é uma realidade atual, não é uma coisa que possamos ainda falar sobre. Mas eu, como gestor, minha obrigação é dar condição ao torcedor decidir. Acho que tem até um estudo que está sendo feito, que a gestão atual está desenvolvendo. Evidentemente olharei isso com muito carinho. Mas para isso ser viável economicamente, é importante entender que eu vou dar ao torcedor a condição dele decidir local e tamanho. Porque o estádio próprio do Fluminense é a casa do torcedor do Fluminense. Isso ainda é uma coisa incipiente, que vamos tirar no momento certo, na hora certa, para fazer tornar realidade. Mas nossa realidade hoje é o Maracanã e tentar viabilizar um projeto para revitalizar as Laranjeiras.

Avaliação sobre Xerém: o que acha do trabalho? O que pretende fazer?

Conheci Xerém há muito tempo. Evoluiu muito. Digo de forma estrutural, não só de forma técnica, que vemos que é um celeiro de craques. Mas, de forma estrutural, Xerém hoje está bem desenvolvida. Antigamente era insalubre. Hoje em dia você tem orgulho de ver Xerém funcionando. Primeiro, também, promover o torcedor de visitar Xerém. É importantíssimo essa relação com o sócio-torcedor. As contrapartidas que podemos oferecer são imensas. Visitar Xerém é uma coisa importantíssima. Agora com relação de gestão, com relação aos profissionais que lá estão, evidentemente vou ter um profissional executivo que vai cuidar diretamente de Xerém, porque a parte técnica já é montada. Vamos, evidentemente, olhar com muito carinho, entender, mas existem profissionais capacitados em Xerém. Se não fosse assim, não teríamos tantos craques acontecendo, tantos jogadores subindo. Tem um centro de capacitação e um de captação onde vamos entender essas negociações e aí sim dar transparência. Costumo dizer que Xerém precisa de transparência. Porque é necessário parar com esse tipo de especulação de que existem empresários que entram e saem. A gente não sabe. E aí você começa a julgar, a não entender… Até as últimas ações que aconteceram… Você não entende como um jogador é vendido dessa forma ou porque é vendido.

A gente sabe que o sujeito está vendendo para enxugar gelo, para pagar despesas ordinárias. E esse não é o objetivo da nossa gestão, nem faz parte da nossa filosofia. Todo jogador que vem de Xerém, que o investimento é feito pelo clube, quando se vende esse jogador, um percentual dessa venda tem que retornar para Xerém para que eu tenha capacidade e investimento para eu gerar mais jogadores, que haja o ciclo seja virtuoso e não um ciclo dessa forma desgastante onde você acaba tendo prejuízos de deixar de vender um jogador de forma mais efetiva e melhor. Além disso, colocar Xerém na modernidade. Há investimentos em tecnologia que se pode fazer em Xerém. Você pode capacitar melhor os profissionais que estão lá dentro, são jogadores em formação. Achamos importante fazer. Por isso, esse investimento, esse dinheiro que se vende melhor cada vez mais você tem, para poder reinvestir em Xerém, ele tem que ser feito de forma ampla, não só na parte técnica, como também na parte de tecnologia também.

As pessoas que estão na parte técnica lá vão continuar, então? Mudaria uma nova pessoa para ocupar o cargo do Marcelo Teixeira, é isso?

Isso, o executivo atual saiu e vamos colocar uma outra pessoa.

Outra coisa que o guarda-chuva do Marcelo Teixeira englobava era Samorin. Concorda com o projeto? A direção já começou um processo de descontinuidade, mas ainda não efetivou – ficará para o próximo presidente. E o diretor da filial europeia disse que gostaria de conversar com o próximo presidente. Eles têm interesse em continuar com a parceria. Continua ou não continua?

O diálogo vai existir. Mas nossa equipe entende que não é um projeto prioritário. Então eu prefiro dar continuidade à descontinuidade (risos). Esse projeto pode ter tido ótimas intenções, mas não entregou os objetivos que queria. Se tivermos que ter parcerias internacionais, acho saudável, importante dizer que toda parceria internacional com grandes clubes é saudável. Mas o projeto Samorin, por si só, é um projeto que já se encerrou na nossa filosofia, na nossa cabeça.

Sobre sua relação com Mário Bittencourt. Vocês trabalharam juntos em 2009. Você como vice, ele como gestor de futebol. Ele te sucedeu como vice de futebol na gestão Peter em 2014. Você foi vice na chapa com ele na última eleição, e até pouco tempo concorriam juntos para esta eleição. O que aconteceu nesse meio tempo para vocês romperem e porque você que tomou essa iniciativa?

Na verdade, não me restou muita alternativa.

Um pouco da história: na verdade, quem trouxe o Mário para o Fluminense foi o Peter. Ele entrou para o departamento jurídico e se formou – era um estagiário. E teve toda a carreira profissional dele ligada ao Fluminense. Em 2009, quando ele já era o responsável pelo departamento jurídico na área trabalhista e direito esportivo, eu o chamei para rever alguns contratos que seriam descontinuados. Tínhamos uma situação grave, não só dentro do campo, mas de jogadores que não renovaríamos contrato, que não permaneceriam, e outros que queríamos que ficasse, alguns meninos da base que ajudaram a dar o recado com os mais experientes… E tínhamos que rever os contratos e o Mário tinha tudo isso no departamento direto dele. Era uma orientação. E eu trouxe ele. Pedi ao Horcades que cedesse ele por algum tempo. Ele colocou alguém da equipe dele para ajudar a rever os contratos. E ele entrou no departamento de futebol nessa condição. E ajudou na época a eu rever algumas coisas e conseguimos sair daquela situação.

Em 2010, depois que saí, já fui oposição à equipe que estava entrando, o Peter e outras coisas e não tive mais nenhum contato. No fim de 2013 o Peter me chamou para ajudar nessa situação como vice de futebol e me pediu que uma das condições fosse conversar com o Mário, para ter uma boa relação, já que não tínhamos muito contato. Conversei, não teve nenhum tipo de problema. Acertamos a situação, pelo bem do Fluminense, mas não durei muito tempo e ele veio a me suceder. Surpreendentemente, para mim, porque eu não imaginaria que ele fosse sair do departamento jurídico e ser um vice de futebol, que é um cargo não remunerado. Deu aquela polêmica toda na época, eu não me meti, porque já tinha saído, não cabia a mim, cabia ao presidente do clube, que era o Peter, e ao patrocinador, que tinha referendado essa situação. E aí ele teve esse problema, passou um ano e pouco lá, a passagem dele pelo futebol eu não preciso dizer, todo mundo sabe como é que foi, e ele teve que sair e me procurou…

Não precisa dizer, mas vamos te perguntar: como é que foi?

A gente julga muito as pessoas pelas contratações. Mas eu acho que, como gestor, ele foi de regular para ruim. Porque não é só o problema de você contratar um ou outro. É você planejar, é você gastar, é de que forma você gasta.

Por isso quero chegar na conclusão que quando ele me procurou em 2016 eu já tinha toda uma pré-candidatura incipiente começando. Eu já estava vendo aquela situação terrível que se avizinhava e que já estava latente, das finanças do clube, e me juntei ali. Entendi que ele já estava adiantado, que vinha em um processo de oposição daquilo tudo, que eu também era oposição. E eu, de forma fidalga, como todo tricolor tem que ser, para o bem do Fluminense, eu me juntei àquela situação de oposição e montamos a chapa para mostrarmos para as pessoas que éramos contra aquilo.

Mas sofremos, na verdade, um estelionato eleitoral. Porque se dizia que o Fluminense estava em uma situação resolvida e o Fluminense não estava com situação nem resolvida, nem equilibrada. E só piorou.

E como foi após a eleição de 2016?

E nesse processo de união… Logo que acabou a eleição eu disse “agora a situação é diferente, eu vou retomar a ideia de ajudar o Fluminense de uma forma mais efetiva, temos que unir o clube, temos que pacificar o clube, tentar fazer uma união dos tricolores para sair dessa situação desastrosa. Mas só que não imaginávamos que o presidente atual fosse antecipar as eleições por entender que não tinha mais condições de ficar. E aí, quando você antecipa um processo político-eleitoral, você mexe muito com a vaidade das pessoas. E a discussão passou de um projeto que era nosso para uma coisa personalista do meu adversário. Eu entendo que cada um tem seus objetivos, são legítimos, só que eles não podem ser uma obsessão pelo cargo. Quando a gente não consegue juntar forças, montar equipes, a gente acaba se tornando candidatos de si mesmo. E o Fluminense não permite isso hoje, nunca permitiu. A gente é candidato das pessoas que querem se unir para ajudar o Fluminense.

Foi quando vi que essa situação ficou insustentável, eu não tive outra alternativa. Não abandonei ninguém, nem fiz nada pelas costas. Muito pelo contrário. Eu insisti durante muito tempo para que eles entendessem que a filosofia era essa. Eles não entenderam. Esticaram a corda até onde queriam. E eu me senti naquela situação obrigado a sair. Porque eu sempre prestei serviços para o Fluminense. Nunca quis nada do Fluminense a não ser isso.

Logo que saí, muitas pessoas me procuraram. Eu senti esse vento da união, essa vontade das pessoas de pararem com essa condição dessa política autodestrutiva, essa política de destruição de biografias, essa política que você afasta o torcedor que quer ajudar, grandes pessoas, grandes empresas e que querem ajudar o Fluminense. Quando vi isso, me senti na obrigação de não me omitir. E por isso lancei minha candidatura. Não só por isso, mas por entender, este tempo todo que me sinto preparado para esse momento que o Fluminense atravessa.

Havia um acordo entre vocês sobre quem seria o cabeça da chapa desde a última eleição?

Eu prefiro deixar que a consciência de cada um diga a si mesmo o que foi realmente combinado. Porque não é só o combinado, é o idealizado. Quando você tem um projeto e quer comandar, quer ter uma equipe, tem coisas em comum, você abre mão de certas situações pessoais para o projeto. E isso sim, foi muito bem dito, esclarecido, colocado em todas as horas que tivemos juntos, tanto nós, quanto o grupo que apoia ele. Todos têm a noção exata do que aconteceu. Então eu deixo para que eles reflitam. Isso já passou, é passado. Eu hoje faço uma campanha para demonstrar exatamente o diferencial entre uma campanha e outra, o diferencial entre as propostas entre meu adversário e as minhas e, principalmente, o diferencial na capacidade de fazer essa gestão em equipe. Isso eu tenho colocado muito forte, isso tenho feito muita ênfase em cima disso e é disso que o Fluminense precisa. Se não forem pessoas unidas em torno do mesmo objetivo, a gente não consegue sair dessa situação.

Então não considera ter havido traição?

É uma palavra muito forte. Cada um sabe o que faz, sabe o que combina, o que cumpre e o que não cumpre. Então, eu não usaria essa palavra, porque não é uma palavra que faz parte da minha vida.

Vocês montaram um projeto em conjunto. Ao sair, você ficou sem esse projeto? Trouxe alguma coisa? Montou algo a mais desse curto prazo de tempo para cá?

O projeto é muito bonito na medida que ele é factível. O projeto que a gente tinha – que eu ajudei a montar – é factível em algumas coisas, mas depende da gestão, da união das pessoas, da equipe que você monta, da forma que você vai fazer e da capacidade de credibilidade que você vai botar para fora. Se você tem um projeto muito bacana, mas não tem capacidade de atrair um investidor, não tem capacidade de conversa, de diálogo em um momento tão difícil, nenhum projeto para em pé. A pessoa chega na lanchonete e pergunta se tem misto quente. O atendente diz: “Tem, mas tem que fazer”. Projeto tem, existe. O objetivo é o mesmo: levar o Fluminense às vitórias e as glórias, ter uma gestão transparente, com governança, capacidade de investimento, finanças equilibradas, um time de ponta no futebol brasileiro. Ponto. Como fazer? Essa é a diferença entre a nossa campanha e a campanha do adversário.

E qual é a principal qualidade do seu adversário?

É um sujeito obstinado. Que torna, às vezes, essa obstinação uma coisa excessiva. Mas que trabalha… Um advogado que, na área dele, teve sucesso. Tem meu respeito.

Como avalia a gestão de Pedro Abad?

A gestão é desastrosa. Na verdade é a continuidade de uma gestão que teve no princípio uma intenção de organizar o Fluminense, de dar um paradigma diferente… Não crucifico que as pessoas que quiseram ajudar. Só digo que de boas intenções o mundo está cheio. Às vezes as pessoas não tiveram capacidade de fazer acontecer. E não é só uma capacidade pessoal. Às vezes é uma capacidade por não entender que a política do Fluminense é deletéria. E se você não consegue organizar as pessoas, se você não tem a capacidade de liderar – não só fazer gestão de negócios, mas também gestão de pessoas – você não pode ser presidente do Fluminense. A verdade é que isso aconteceu nas duas gestões anteriores e agora nessa terceira e última gestão das pessoas que lá estiveram e não podia dar diferente. Não estou julgando, nem denegrindo a imagem de ninguém. Acho que todo mundo ali tem que ter o respeito. O presidente do Fluminense é uma pessoa que merece meu respeito. Mas, infelizmente, não conseguiu entregar absolutamente nada daquilo que ele queria.

O Fluminense não disputa uma Libertadores desde 2013. Nos últimos anos, perdeu protagonismo no cenário brasileiro. Pelo que o Fluminense brigará nos próximos três anos e meio de uma eventual gestão sua?

Primeiro, para se tornar um clube com capacidade de investimento. Para que aí sim eu possa disputar as grandes competições em que o Fluminense sempre esteve envolvido como protagonista. Prometer títulos… É o que todo mundo quer. E é o objetivo final. Não só Brasileiro, Copa do Brasil, Carioca, como as competições internacionais que a gente disputa, como Sul-Americana, Libertadores e, eventualmente ganhando a Libertadores, o Mundial. Então a gente vai buscar isso. Evidentemente sem promessas vãs, sem utopia, sem mágica, mas com muito trabalho, desenvolvendo uma capacidade de investir. Se você reparar nos últimos cinco ou dez anos, os times que são os maiores vencedores são os times com capacidade maior de investimento. Mas também não é só a capacidade de investimento. É a filosofia que você implementa dentro do futebol. Você vê o Grêmio, o Corinthians, o Cruzeiro mantendo técnico… Essa filosofia onde você mantém uma condição de dar tranquilidade à comissão técnica para trabalhar, para desenvolver a filosofia que eles implementaram, e os jogadores que lá estão entenderem que essa filosofia é a melhor, com certeza a médio longo prazo você vai buscar, junto, evidentemente, com a capacidade de investimento, os títulos que a gente está querendo.