Pedro Abad foi o último na série de entrevistas divulgadas pelo jornal O Globo. Nesta quinta-feira, o candidato da chapa “Somos Fluminense” comenta a relação com Peter, os áudios e e-mail vazados, a relação com a Receita Federal, que, supostamente, não o tornaria um presidente pleno do clube, e muito mais. Confira na íntegra:

Seu trabalho de auditor da Receita pode atrapalhar a negociação com o Maracanã?

 
 
 

A restrição é eu não poder representar o Fluminense perante o poder público. No entanto, temos o vice geral, o vice jurídico. Isso não traz prejuízo ao clube, só para mim, porque posso perder o emprego.

Este impedimento o obrigaria a ter um homem forte, um braço direito. Já há?

O vice geral está sendo escolhido. Uma possibilidade é ele sair de candidaturas concorrentes.

O presidente Peter Siemsen faria parte de possível gestão?

Ele vai descansar um pouco e depois voltaria para trabalhar em algum projeto específico, mas não em cargo executivo de futebol ou de gestão.

Você contestou o Peter em áudio, quando ele disse estar surpreso com o orçamento estourado, e também ressaltou que ele não quis vender o Gum, que aliviaria a folha…

O áudio saiu descontextualizado. Obviamente que ele sabe o que está acontecendo. A partir do momento que ele é responsabilizado pelo estouro, a gente tem que se manifestar no sentido negativo. A decisão de deixar ou não o jogador sair é dele.

Depois, teve o caso do e-mail, em que você também contestou o Peter. Como é a relação?

Como são pessoas diferentes, é normal uma pessoa discordar da outra. Mas a decisão é sempre do presidente, que enxergou em mim uma pessoa capaz de dar seguimento ao trabalho.

Sua presidência seria de continuidade?

Existem linhas mestras e eu continuo dentro desta linha. Naturalmente, algumas coisas não puderam avançar.

O que não avançou e precisaria ser feito de imediato?

Mudar a forma de fazer futebol, que precisa de mais profissionais. Eu pretendo criar um grupo para decidir a estratégia de montagem do elenco. O gerente da base fará parte, junto com o gerente executivo, treinador e o presidente e o vice.

No futebol, é difícil chegar ao consenso. Esta ideia não pode ser problema para o time?

Não. Na verdade estarão em sintonia. Naturalmente, há divergências, mas nós já temos até um documento, que se chamará Ata de Contratação, onde estará explicitada a opinião de cada um. Vai ficar claro quem tomou cada posição.

Como você pretende conduzir a comissão técnica? O time deve virar o ano com um treinador interino…

O técnico terá de adaptar-se ao modelo de fazer o futebol. Ele não virá com sua filosofia para ver se dá certo, terá que se encaixar. A minha intenção não é ter rotatividade.

O que os torcedores poderiam esperar? Títulos ou um maior esforço gestor para estruturar o clube?

As duas coisas não são excludentes. O Fluminense foi campeão brasileiro em 2012, não faz tanto tempo assim. Estruturar o corpo técnico de condução do futebol, equilíbrio na gestão e organização administrativa convergem para títulos.

Quatro anos sem um Brasileiro não é muita coisa?

Se a gente fizer uma média dos 12 grandes times, há muitos mais times que estão há mais de quatro anos sem ganhar. O Vasco não ganha, o Botafogo não ganha, o Flamengo

Qual seria o perfil do elenco?

Temos que reequilibrar economicamente e taticamente. Analisar as posições que têm jogador sobrando ou faltando. E, na janela, fazer esforços para equilibrar.

Mas seria elenco de estrelas ou de categoria de base?

Quando utiliza a base, sobra mais dinheiro, recursos para investir em jogador de nome, que vai segurar o tranco. Este é o balanceamento que te leva a gastar melhor o dinheiro.

Qual filosofia para Xerém? Retorno técnico ou vitrine?

O jogador tem um momento de maturação e, quanto mais maduro, mais valor tem. O natural é que se firme, dê retorno e, aí sim, dê seguimento.

A saída do Fred deixou vago o posto de ídolo. Como seria ocupado?

Tem que ocupar. O que chama torcedor são jogadores de nome. O Fred era, talvez, o maior ídolo da história recente do Fluminense e a saída dele deixa tristeza. Certamente, o Fluminense precisa de um ídolo e vamos buscar assim que assumir.

E as Laranjeiras?

Será a Academia Laranjeiras, para jogar partidas da base, que criam laços do jogador de Xerém com o clube.

E como seria o estádio na Barra da Tijuca?

Um estádio de menor porte, mas os jogos de apelo seriam no Maracanã. Isto vai demorar. É projeto para seis anos.

Em que pé está o Maracanã?

Indefinido. Existe chance de outra empresa assumir e seria interessante que o contrato do Fluminense fosse mantido.