As dívidas em decorrência de ações judiciais cíveis e trabalhistas são uma grande dor de cabeça para o Fluminense há alguns anos. De acordo com o balanço financeiro de 2019, que foi divulgado há quase um mês, o valor estimado desse passivo é de mais de R$ 240 milhões. Segundo o especialista em marketing e gestão esportiva, Amir Somoggi, o Tricolor precisa estar atento para a “bola de neve” a fim de evitar problemas futuros.
– O Fluminense tem um passivo trabalhista gigantesco, assim como outros clubes como Vasco, Botafogo, Cruzeiro, Atlético-MG, Santos e Corinthians. Esses números assustam. Há um acordo para o Ato Trabalhista de R$39 milhões, outras dívidas trabalhistas na ordem de R$133 milhões e ainda dívidas cíveis de R$68 milhões. Quando você tem um clube nessa situação, o único caminho é reservar um valor para estar em dia com isso. É uma bola de neve, esses valores são atualizados monetariamente e o clube sempre “sangra” por conta disso. É uma situação bastante complexa. Os clubes brasileiros sempre foram muito mal administrados e o Fluminense é um dos que paga um preço elevado por isso – analisou Somoggi, complementando em seguida:
– Esse é um problema que muitos clubes já viveram no passado ou ainda vivem. Sofrem com a penhora de receitas importantes como o dinheiro do patrocinador ou direitos de transmissão da TV. Esses valores são imediatamente bloqueados. Às vezes, notificam diretamente o pagador e clube nem chega a receber. A dívida judicial muitas vezes é menor do que o clube tem a receber, mas o pagamento fica totalmente bloqueado. O clube precisa correr para resolver. Quando se regulariza a administração, você não só desenvolve seus investimentos como salva o esporte. O Flamengo, por exemplo, com as Certidões Negativas de Débitos conseguiu ter patrocínio estatal e investir no basquete e em outras modalidades olímpicas, não apenas no futebol – completou.
Ciente do problema, o presidente Mário Bittencourt tratou sobre o tema em uma coletiva realizada em agosto de 2019. O mandatário disse ter encontrado o Fluminense “dilacerado” quando assumiu o clube, em junho daquele mesmo ano. No entanto, segundo Mário, há um plano montado para sanar o problema.
– A gente já monitorou todos os processos com possibilidade de penhora. Alguns que já existiam e outros que podem virar execução. O que estamos fazendo agora é pegar processo a processo, credor a credor e apresentar um fluxo de pagamento com carência. Não tem outra situação. É uma escolha de Sofia: ou se paga quem está aqui ou se paga os processos. Montei um gabinete de crise que monitora isso como se fosse controlador de voo. Tem coisa que escapa. Tem gente que não aceita conversar, não consigo controlar todo mundo. Tento mostrar que a instituição mudou. E evitar ao máximo se construir novas dívidas – disse Bittencourt na época.