Jornal peruano do dia seguinte à tragédia relatou os fatos (Foto: Reprodução - El Peruano)

O Estádio Nacional de Lima, onde o Fluminense fará sua estreia na Libertadores, quarta-feira, às 21h30, contra o Sporting Cristal, tem um episódio para lá de triste em sua história. Lembra reportagem do site ge que o local foi palco da maior tragédia já registrada no futebol peruano.

Em 1964, mais de 300 pessoas morreram num confronto envolvendo torcedores e policiais. Isso aconteceu no dia 24 de maio daquele ano. Peru e Argentina se enfrentavam pelo Pré-Olímpico (visando vaga aos Jogos Olímpicos de Tóquio, no Japão). Líderes isolados, os argentinos tinham a classificação bem encaminhada, enquanto os peruanos precisavam pelo menos empatar para ultrapassar o Brasil.

 
 
 

Com mais de 47 mil pessoas no estádio, a Argentina abriu o placar no segundo tempo. O Peru empatou nos minutos finais, mas o gol foi anulado pelo árbitro uruguaio Ángel Eduardo Pazos, assinalando “jogada perigosa”. A torcida, com o sentimento de injustiça, revoltou-se.

Foi aí que dois torcedores invadiram o gramado e foram contidos de maneira truculenta por policiais, que acabaram virando alvos de pedras e garrafas da arquibancada. No intuito de evitar uma invasão em massa, a polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo na arquibancada Norte. Então foi iniciada uma verdadeira cena de guerra.

O setor estava com portões fechados e os torcedores não conseguiram sair. Muitos morreram asfixiados ou pisoteados. Já de outros setores, muitos torcedores que conseguiram sair do estádio iniciaram uma rebelião no intuito de mostrar a indignação com o ocorrido. Foram carros e ônibus incendiados, depredação de lojas, prédios e igrejas e novos conflitos com a polícia. Ao todo, foram dados como mortos 328 indivíduos, além de 500 pessoas feridas (acredita-se que os números superem tal contagem). O presidente peruano na época, Fernando Belaúnde Terry, decretou uma semana de luto no país.

Por conta da tragédia, o Pré-Olímpico foi cancelado com a Argentina classificada. A segunda e última vaga foi decidida num jogo em junho daquele ano entre Brasil e Peru no Maracanã. A seleção brasileira venceu por 4 a 0. O Estádio Nacional de Lima foi reaberto dois meses depois, já com reformas para evitar novas invasões em campo.

Criou-se localmente até a lenda que os fantasmas das vítimas daquela tragédia continuaram no Estádio Nacional e, por muito tempo, “assombravam” a seleção peruana, que obteve vários resultados negativos em jogos no estádio depois do ocorrido.